Corregedoria não vai ampliar investigação de policiais da Garras sobre muamba
Órgão afirma que concentrará esforços em investigação contra o policial Augusto Florindo, preso pela PF

A Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul concentrará esforços em investigação contra o policial Augusto Torres Galvão Florindo, preso em flagrante pela Polícia Federal na sexta-feira (28) no momento em que havia acabado de receber R$ 130 mil das mãos de ex-guarda municipal contrabandista. Não vai ampliar a apuração sobre outros servidores.
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A Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul focará apenas na investigação do policial Augusto Torres Galvão Florindo, preso pela Polícia Federal ao receber R$ 130 mil de um ex-guarda municipal contrabandista. O caso envolve desvio de mercadorias apreendidas pela Delegacia Especializada na Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros. Apesar de indícios de participação de outros policiais no esquema, conforme sugerido em depoimento à PF, a Corregedoria informou que o procedimento administrativo disciplinar tratará exclusivamente do caso de Augusto. O policial, lotado no Garras desde 2023, teve prisão preventiva decretada e foi oficialmente afastado de suas funções.
Embora o investigador tenha deixado subentendido durante depoimento à PF (Polícia Federal) que não está “sozinho” em esquema de desvios de mercadorias apreendidas pela Garras (Delegacia Especializada na Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) e o próprio secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, tenha dito que ele não é o primeiro nem o único policial a ser pego praticando contrabando ou descaminho, o órgão de investigação interna da conduta dos integrantes da Polícia Civil informou que o procedimento administrativo disciplinar aberto trata “exclusivamente” do caso de Augusto.
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Em nota, a Corregedoria afirma que “acompanha os desdobramentos da prisão do policial civil” e que “assim que tomou conhecimento do fato, a instituição solicitou formalmente o procedimento investigatório à autoridade responsável e determinou a imediata abertura de procedimento administrativo disciplinar para a adoção de todas as providências devidas no âmbito da Polícia Civil”.
O texto completa que “a apuração administrativa será conduzida pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil, com independência, isenção e prioridade”.
Na manhã desta segunda-feira (1°), o secretário de segurança destacou que tanto a Polícia Civil quanto a Militar, através das Corregedorias, já investigam a conduta de vários servidores acusados de crimes. “Principalmente os transfronteiriços envolvendo descaminho e contrabando. Então nós já temos procedimentos instaurados há algum tempo, inclusive, alguns policiais já foram exonerados por conta desses crimes e estamos atuando para coibir essa prática”, afirmou Videira.
Questionada, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil não informou quantos outros procedimentos tramitam por lá para investigar policiais envolvidos na criminalidade ou contravenções penais ou quantos servidores da corporação já foram punidos por conduta do tipo.

O caso – Lotado no Garras desde 2023 e integrante da Polícia Civil desde 2014, Augusto foi preso no estacionamento de um atacadista, na Avenida dos Cafezais, enquanto recebia parte de um pagamento ilícito. Junto com ele, também foi detido o ex-guarda civil metropolitano Marcelo Raimundo da Silva, apontado como comprador das mercadorias contrabandeadas.
Durante o depoimento à PF (Polícia Federal), Augusto afirmou que havia ido ao local apenas para receber o dinheiro referente à venda de aparelhos eletrônicos e cigarros eletrônicos contrabandeados, negociados com Marcelo Raimundo da Silva, ex-guarda civil metropolitano e contrabandista “contumaz”, como descreveu o delegado Marcelo Alexandre de Oliveira.
O investigador do Garras afirmou ainda que não foi ele o responsável pela negociação com Marcelo. “Não fui eu que vendi. Eu era o responsável por pegar a venda”.
Mas, ao ser questionado sobre o envolvimento de outros policiais, ele se esquiva. “Quer contar quem vendeu?”, questiona o delegado, que recebe resposta negativa. “Não, senhor.”
Logo depois, ele explica como integrantes do esquema “trabalham”. “Com as informações de pessoas que estavam trazendo [produtos irregulares], a gente fez a abordagem e acabou apreendendo”.
Marcelo Oliveira afirma que, neste caso, ficou claro que há outros envolvidos e, mais uma vez, Augusto despista. “Não disse isso, Dr.”, afirma rindo e completa que prefere não comentar o assunto, conforme gravação do depoimento à qual o Campo Grande News teve acesso.
O policial civil declarou ainda que receberia R$ 130 mil, dos quais lucraria cerca de R$ 7 mil, porque “não é ganancioso”. Informou também que era a primeira vez que conversava com Marcelo. “A gente sabe que é errado... estava fácil”, disse, alegando arrependimento. Além dos R$ 130 mil, policiais federais encontraram outros R$ 20 mil no console do carro de Augusto.
Augusto e Marcelo tiveram a prisão preventiva decretada ainda no sábado (29) pela juíza federal Janete Lima Miguel. Ambos permanecem à disposição da Justiça enquanto a Polícia Federal apura a atuação de outros envolvidos no esquema de desvio e comercialização de contrabando.
A ação da PF ocorreu após denúncia anônima informando que uma mulher realizaria o saque de uma grande quantia em dinheiro para pagar propina a um servidor público. Os agentes iniciaram acompanhamento e confirmaram o esquema, interceptando os suspeitos no momento da entrega dos valores.
Afastado – Nesta terça-feira (2), a Polícia Civil tirou oficialmente o policial “de cena”. De acordo com a portaria, assinada pelo corregedor-geral da Polícia Civil, delegado Clever José Fante Esteves, o afastamento compulsório do servidor lotado na Garras será pelo tempo em que durar a prisão.
Outro policial foi removido no Garras hoje. Marcelo Antonio Miranda passará a fazer parte da equipe da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). A reportagem apurou que Marcelo trabalhava ao lado de Augusto, mas não há confirmação de que a remoção tenha qualquer relação com o ocorrido no fim de semana.
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