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Capital

Decisão de decolar com mau tempo foi erro, afirmam especialistas

Queda de avião matou casal que viajaria para fazenda na região do Pantanal; equipe do Cenipa investiga causas do acidente

Liniker Ribeiro e Mirian Machado | 16/05/2019 06:30
Parte da aeronave que caiu próximo ao aeroporto Santa Maria, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Parte da aeronave que caiu próximo ao aeroporto Santa Maria, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

Profissionais da aviação de Mato Grosso do Sul avaliaram como equivocada a decisão do piloto e médico ginecologista, Pedro Arnaldo Crem Montemor dos Santos, em levantar voo na manhã desta quarta-feira (15) do Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande. Neblinava muito no início da manhã e a visibilidade em solo já era quase zero.

Na opinião de pilotos ouvidos pelo Campo Grande News, as condições climáticas na região impossibilitariam decolagens, uma vez que a estrutura do aeroporto não seria compatível com voos da categoria IFR –que são operados por instrumentos.

Pedro e a esposa, Silvana, morreram após a aeronave que estavam cair logo depois de levantar voo. O avião percorreu cerca de 100 metros, realizado manobras na tentativa de pousar e, em seguida, caiu.

A reportagem ouviu especialistas sobre o assunto, alguns que preferiram não se identificar, uma vez que o caso ainda está sob investigação. De acordo com um deles, apesar das condições do aeroporto não serem voltadas para voos operados por instrumentos, se o piloto for habilitado para este tipo de voo, cabe a ele a decisão de decolar ou não. “O clima só permitia esse tipo de voo. Naquele momento, o teto, ou a base da camada de nuvens, estava abaixo de 1.500 pés, e de menos de 5km de visibilidade horizontal”, aponta.

“No caso de um retorno em dias de condições climáticas ruins, o pouso só poderia ser feito no Aeroporto Internacional, e este também tem seus limites operacionais”, complementa o profissional.

Bombeiros entrando em mata com desencarcerador para tirar os corpos (Foto: Henrique Kawaminami)
Bombeiros entrando em mata com desencarcerador para tirar os corpos (Foto: Henrique Kawaminami)

Ainda conforme o piloto, caso não tenham ocorrido falhas mecânicas e o tempo tenha sido determinante para o acidente, “a única coisa que poderia fazer, era tentar voltar ao voo visual ‘furando’ a camada de nuvens para cima e, então, tentar seguir para alguma alternativa, sempre com voo visual”. 

Piloto há 50 anos, Antônio Barbosa Nogueira, de 70 anos, também aguardava para decolar no início da manhã desta quarta-feira (15), mas desistiu devido ao mau tempo. “Não pode sair com esse tempo. Em hipótese alguma o avião deveria ter decolado. Estava com visibilidade zero”, explicou ao Campo Grande News no local do acidente. 

Um dos corpos sendo colocados em carro de funerária (Foto: Henrique Kawaminami)
Um dos corpos sendo colocados em carro de funerária (Foto: Henrique Kawaminami)

Quem libera - Já sobre a autorização para voo, segundo o piloto que pediu para ter o nome preservado, as decolagens de um aeródromo sem controle, mas com comunicação disponível, deve ser feita por telefone pelo Aeroporto Internacional de Campo Grande. Nessa situação, o piloto consulta o tempo local através de publicações destinadas aos aeronavegantes, divulgadas pelo órgão oficial de tráfego aéreo.

O plano de voo deve conter o código e nome do piloto, tipo e prefixo da aeronave, quantidade de pessoas a bordo, quantidade de combustível, origem, destino e que rota seguirá, além de uma alternativa caso o destino esteja inacessível.

Com essas informações, o órgão expedidor da autorização saberá se piloto e aeronave estarão dentro do padrão normal de segurança para operação.

Saindo de um aeródromo sem controle e sem acesso à comunicação por telefone, a responsabilidade é total do piloto, sendo que, logo que possível, ele deve entrar em contato por rádio com o centro operacional de tráfego aéreo daquela área.

A reportagem entrou em contato com o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) para obter informações sobre o tipo de registro do médico Pedro Arnaldo, porém não obteve resposta até a publicação da matéria. O órgão investiga o caso.

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