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Capital

Defesa Civil falhou na 1ª chuva do ano e deixou população "a deriva"

Zana Zaidan | 14/01/2014 08:23
Jockey Clube ficou tomado pela lama após estragos e alagamentos no dia 4 de janeiro (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)
Jockey Clube ficou tomado pela lama após estragos e alagamentos no dia 4 de janeiro (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)

Uma “falha de comunicação” impediu voluntários da Defesa Civil de Campo Grande saírem às ruas para prestar auxílio à população durante o temporal no dia 4 de janeiro deste ano. A falha, no dia em que a cidade teve alagamentos em 11 bairros, deixou a população da Capital sem qualquer auxílio, orientação ou apoio para enfrentar os 63,5 milímetros de chuva.

Enquanto casas e ruas alagavam, carros eram arrastados e árvores desabavam, o agente que operava o telefone de plantão da Defesa naquele dia recebeu “inúmeras ligações” de voluntários que questionavam a necessidade de colocar as ações de emergência em prática, e o operador teria respondido “está tudo normal”, relata o chefe do órgão na Capital, major Luidson Noleto. As equipes voluntárias só podem atuar nas áreas afetadas com o aval da coordenadoria, mediante telefonema, rádio amador (autorizado pela Anatel) ou SMS.

“Naquele dia houve uma falha de comunicação do operador, que não cumpriu o previsto no plano de contingência”, afirma o major. O encarregado do 199, Hélio Queiroz Dahgr, estava de férias e fora da cidade, por isso, a função de direcionar voluntários para os locais de risco estava a cargo de um substituto.

O erro veio à tona após reportagem do Campo Grande News, em que Noleto disse que voluntários não estavam disponíveis na hora da chuva por causa de viagens devido ao recesso de fim de ano. No entanto, vários membros entraram em contato com a reportagem afirmando que estavam na cidade e não foram chamados.

O despachante Fabrício Gomes dos Santos, 29 anos, que atua como socorrista da Defesa Civil, foi um dos que procurou o 199 buscando o aval para ir para a rua. “Estava com tudo pronto, minha roupa especial, carro, giroflex, equipamentos. Vi na imprensa que a chuva já causava estragos, então liguei e o rapaz que estava de plantão disse que estava tudo normal e que não precisariam de nós”, conta o voluntário, que estava na Cohab e, por isso, não tinha as verdadeiras dimensões do temporal.

“Ninguém foi acionado. Quando a chuva caiu começamos a ligar uns para os outros, como sempre fazemos, para descobrir qual seria o ponto de encontro onde definimos o local que cada equipe deve ir, e todos dizendo que não tinham sido acionados”, acrescenta o empresário Otávio Mello, 50 anos.

“Estava de prontidão, porque todo mundo viu o alerta de tempestade, saiu em toda imprensa, inclusive”, comenta o funcionário público Luciano Pereira, 39 anos, outro voluntário. “É realmente complicado porque ficamos sem entender porque não fomos chamados, enquanto chovia forte daquele jeito. Mas ficamos de mãos atadas, não podemos chegar e isolar áreas, começar limpeza, cortar árvores, porque se algo der errado, respondo como civil”, acrescenta o auxiliar administrativo Douglas Almeida, 28 anos.

Voluntários – Hoje, 33 voluntários estão devidamente cadastrados para desenvolver ações de prevenção e preparação para emergências e desastres, além dos nove efetivos da Defesa Civil da Capital.

“Precisaríamos de mais quando temos eventos atípicos, como aconteceu no sábado. Situações como essa, fogem, de fato, da capacidade da Defesa Civil. Mas, na maior parte do ano, as áreas de risco estão protegidas, na medida do possível, e nossos voluntários prontos para atendê-las, o que mostra a importância do mapeamento elaborado pela nossa equipe”, enfatiza Noleto.

Por causa da falha durante o temporal, o major afirma que vai “melhorar os processos de acionamento interno”, e elenca a compra de capas de chuva, além da outros ganhos estruturais, como medidas adotadas para otimizar as ações da Defesa Civil.

“O trabalho dos voluntários é de suma importância para nossa cidade, e procuramos sempre torná-lo melhor, porque é uma responsabilidade muito grande colocar um pai de família, que se prontifica a ir para as ruas, em áreas de risco, e salvar vidas”, finaliza o major.

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