Denúncias de maus-tratos em asilo continuaram mesmo com dirigente afastada
Segundo Conselho Municipal do Idoso, abuso psicológico também ocorre em outra entidade interditada
As denúncias de abuso psicológico contra idosos na Casa do Aconchego, no Bairro Taveirópolis, continuaram mesmo depois do afastamento da ex-dirigente da entidade, Suely Gomes dos Santos. A informação é do CMI (Conselho Municipal do Idoso), que em deliberação, interditou o local e mais um asilo hoje, conforme publicado em Diário Oficial.
A presidente, Maria Aparecida Nogueira Abdalla Barbosa, contou que situação semelhante é enfrentada por idosos abrigados na Casa de Repouso Recanto Feliz, no Bairro Amambaí. “No Recanto Feliz, é um caso bem parecido com a Casa do Aconchego, mas antes de medidas mais duras, vamos esperar os 30 dias para adequação”, explicou.
Maria Abdalla disse que as interdições aplicadas pelo conselho decorrem de fiscalizações e vistorias nas duas entidades, mas também de denúncias de familiares. “Mesmo após afastamento, ainda tivemos denúncias da Casa do Aconchego, como idosos que não receberam atendimento psicológico ou que ficaram de castigo, fatos que não corroboram com uma casa de convivência”.
Na Recanto Feliz, o caso foi praticamente o mesmo e além disso – assim como mostrou o Campo Grande News anteriormente sobre a Casa do Aconchego –, a comida também era limitada aos idosos na Recanto Feliz. “Identificamos atendimento precário. Também há denúncias recorrentes”, informou a presidente.
Abdalla reforçou que a atuação do conselho independe das decisões judiciais e que pelas normas, foi dado 30 dias para que as duas instituições se defendam e se adequem às exigências do CMI, sejam elas sanitárias ou legais. “Vamos dar o tempo das instituições se adequarem”, afirmou.
No entanto, caso isso não aconteça, Maria Abdalla sustentou que o conselho pode intervir, indicando interventor para as entidades e ainda acionar o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
Conforme a presidente, as inscrições estaduais das entidades não são canceladas e nem fechadas, porque “não podemos fazer isso por se tratar de pessoas idosas. As entidades são a casa delas e elas precisam ser atendidas”, reiterou.
A Casa do Aconchego é uma instituição filantrópica que é co-financiada pelo município de Campo Grande (prefeitura) e segundo Maria, ainda precisa de ajuda de doações para manter os idosos lá.
Para fazer doações ao Fundo Municipal do Idoso, mantido pela Prefeitura de Campo Grande, acesse aqui.
Já a Recanto Feliz é privada e sustentada pelo pagamento mensal dos familiares dos assistidos.
Na cara – Nas duas entidades, o Campo Grande News não foi atendido e teve os portões fechados “na cara”. Na Casa do Aconchego, com rispidez, a nova dirigente disse que estava em reunião e que não atenderia a reportagem, saindo rápido e batendo o portão na cara da repórter.
Insistiu-se e funcionárias chegaram a afirmar que a reportagem seria atendida depois que a reunião acabasse, mas seria necessário esperar do lado de fora. Mais um tempo se passou, e ao tocar novamente o interfone, ninguém atendeu.
O Campo Grande News também foi até o Recanto do Aconchego, onde a responsável também bateu o portão “na cara” da reportagem. Lá, ela havia acabado de chegar da Vigilância Sanitária municipal e apenas disse que se a reportagem quisesse saber de algo, deveria procurar o Ministério Público.
Por telefone, nenhuma das duas entidades atendeu a reportagem.
A instituição, conforme consulta no site do Tribunal de Justiça, responde a ação desde 2018 por falta de pagamento do aluguel do espaço ocupado para atender os idosos. A entidade, conforme despacho judicial, deve ser incluída no rol de inadimplentes e os responsáveis devem ser alvos de penhora de bens.
