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Capital

No grupo de risco, necessidade tira idosos de casa em busca de sustento

Liniker Ribeiro | 27/05/2020 08:00
Armando Ibrahim, de 75 anos, sai de casa para trabalhar pelas ruas da Capital com objetivo de ampliar a renda (Foto: Kísie Ainoã)
Armando Ibrahim, de 75 anos, sai de casa para trabalhar pelas ruas da Capital com objetivo de ampliar a renda (Foto: Kísie Ainoã)

Alexandre Brites, 90 anos. Armando Ibrahim, 75 anos. Juracy Sobrinho, 64 anos. Três idosos, pertencentes ao grupo de risco e que deveriam estar em casa, protegidos do novo coronavírus. Mas, a necessidade de conquistar ou aumentar a renda não permite que o trio desfrute do “luxo” de ficar em isolamento. É na rua e no comércio de Campo Grande que ambos dedicam longas horas do dia ao trabalho.

“Tenho que aproveitar enquanto tenho saúde”, orgulha-se o experiente Alexandre, de 90 anos, que apesar de aposentado precisa se arriscar para faturar dinheiro extra.

“Só de aluguel são R$ 400 em uma peça para dormir, fora a comida”, comenta ao citar parte de seus gastos mensais.

Aos 90, Alexandre também precisa deixar o lugar onde mora para complementar o salário (Foto: Kísie Ainoã)
Aos 90, Alexandre também precisa deixar o lugar onde mora para complementar o salário (Foto: Kísie Ainoã)

Sem familiares na Capital, as pessoas mais próximas ao idoso estão a cerca de 900 quilômetros daqui, em São Paulo (SP). Atualmente, o idoso trabalha em ruas do Centro, como cuidador de veículos.

Quando questionado se existe o medo da contaminação pelo coronavírus, que já infectou mais de mil pessoas, em Mato Grosso do Sul (1.100 para ser mais exato - conforme último balanço divulgado pela SES, Secretaria de Estado de Saúde), o “não” tímido, logo se torna dúvida. “Mas minha máscara está sempre aqui”, garante.

Juracy é comerciante, no Centro, e apesar da necessidade de continuar trabalhador, se protege como pode (Foto: Kísie Ainoã)
Juracy é comerciante, no Centro, e apesar da necessidade de continuar trabalhador, se protege como pode (Foto: Kísie Ainoã)

Outro que precisa enfrentar a multidão que circula diariamente pelo comércio central é ‘seo’ Armando. No auge dos seus 75 anos, o vendedor ambulante até ficou um bom tempo em casa, ou melhor, na casa do sogro de seu filho, onde vive atualmente, mas a necessidade também fez o idoso voltar para as ruas.

“Eu não tenho mais dinheiro, então não tenho o que fazer. Fiquei dois meses parado, mas agora preciso”, explica Armando, que há 8 anos mora em Campo Grande. A reportagem, o idoso afirmou ainda, receber benefício do Governo, mas deixou claro que o valor não é suficiente.

“Tem aluguel, médico, comida”, justifica. “Quando eu vendo, ajudo eles”, diz referindo-se ao casal, também de idosos, com quem mora atualmente.

Ganha pão – Entre as pessoas do grupo de risco que precisam deixar a segurança do lar para trabalhar está o comerciante Juracy, de 64 anos. É da loja de linhas, na Avenida Calógeras, que o trabalhador tira o sustento do mês. Ao lado da esposa, também com mais de 60 anos, ele afirma não ter alternativa.

“Temos contas para pagar, então não tem como parar”, garante. Apesar disso, o trabalhador não deixa os cuidados com a saúde de lado. “Procuramos se precaver e vamos tocando o barco. Fazemos a higienização das mãos, uso de máscaras e também álcool em gel”, justifica.

Idoso entrevistado pelo Campo Grande News trabalhando como vendedor em rua do Centro, enquanto outros idosos caminham próximos a ele (Foto: Kísie Ainoã)
Idoso entrevistado pelo Campo Grande News trabalhando como vendedor em rua do Centro, enquanto outros idosos caminham próximos a ele (Foto: Kísie Ainoã)


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