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Capital

Dono de mercado se apresenta e diz que não viu catador atropelado e morto

Antenor Maurício Jacob Rodrigues, dono de mercado no Monte Castelo, se apresentou à Polícia Civil nesta segunda-feira

Marta Ferreira | 02/09/2019 19:18
Imagem de câmera de segurança mostra a caminhonete deixando o local, deixando o corpo da vítima para trás. (Foto: Reprodução vídeo)
Imagem de câmera de segurança mostra a caminhonete deixando o local, deixando o corpo da vítima para trás. (Foto: Reprodução vídeo)

Condutor da caminhonete Hilux branca que atropelou e matou catador de material reciclável na madrugada de sábado, em Campo Grande, o comerciante Antenor Maurício Jacob Rodrigues, 50 anos, apresentou-se nesta segunda-feira (2) à Polícia Civil, prestou depoimento e foi liberado. Ao Campo Grande News, disse estar bastante abalado, classificou a situação como “fatalidade” e afirmou não ter parado depois do atropelamento porque viu apenas “um objeto” e só descobriu a existência de vítima no dia seguinte, quando leu as notícias a respeito.

“O mundo caiu pra mim. A gente fica só pensando”, disse o comerciante na conversa. Ele afirma que voltava da casa da irmã, onde foi buscar medicamento, e estava a caminho de casa, na Rua Amazonas, a mesma onde é dono de um mercado. “Então, eu tava subindo a Bahia e me deparei com um objeto no meio da rua. Eu bati no objeto, e eu peguei fui embora para casa, e depois domingo fiquei sabendo das notícias”, relatou.

Conhecido como Maurício Goiaba, o comerciante alega ter tido medo de que fosse “armação” de criminosos, em mais uma explicação sobre porque não parou depois do atropelamento. “Ali é meio escuro”, acrescentou.

Comerciante citou escuridão do trecho para justificar que não viu vítima na pista. (Foto: Paulo Francis)
Comerciante citou escuridão do trecho para justificar que não viu vítima na pista. (Foto: Paulo Francis)

“Limpinho” - “Eu tava degavar. É meu costume pela experiência de vida, eu ando devagar”, afirmou. “Eu não corro, minha vida é limpinha”, declarou, diante das indagações da reportagem.

Segundo o registro policial, um motorista de aplicativo que trafegava atrás da caminhonete no momento do acidente tentou seguir o veículo. O motorista diz que a velocidade era alta e que viu quando a Hilux parou na frente do mercado na Rua Amazonas. Quando a testemunha fez a volta na quadra para voltar e tentar identificar o motorista, Antenor Maurício não estava mais lá.

Perguntado sobre isso, o comerciante afirmou que parou no local para ver como estava o utilitário. Ele disse que não havia sinais de sangue da vítima. 

Para ele, o que aconteceu foi uma fatalidade a que “todo mundo está sujeito”. Disse mais de uma vez na entrevista por telefone que ele e a família estão abalados. “É horrível, é a pior coisa do mundo.”

O comerciante definiu-se com alguém regilioso, que procura ajudar as pessoas, contribuindo com iniciativas de caridade. Indagado se preten de alguma forma ajudar a família do catador morto, ainda sem identificação, disse que vai conversar com o defensor, mas que tem essa intenção.

Antenor Maurício foi sozinho à Primeira Delegacia de Polícia Civil, no Centro. Antes, porém diz ter ligado para um amigo advogado, que o orientou a ir à polícia e “contar sua história”. O depoimento durou, segundo ele, cerca de duas horas. A caminhonete foi periciada e ele indiciado. O delegado responsável pelo caso, Cláudio Zotto, confirmou a apresentação ao Campo Grande News.

No registro da ocorrência, feito inicialmente como lesão corporal, pois a vítima foi para o hospital com vida, foi acrescentado o crime de homicídio qualificado por omissão de socorro. O corpo do catador de material reciclável ainda está no Imol (Instituto de Medicina Legal e Odontologia).

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