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Capital

Em residencial, crianças viram "visita" em casa para fugir da chuva

Imóveis aguardam contrapiso, telhas e tijolos

Kleber Clajus | 08/11/2017 18:32
A dona de casa Daiane Campos contou que seu barraco acaba sempre inundado quando chove (Foto: Kleber Clajus)
A dona de casa Daiane Campos contou que seu barraco acaba sempre inundado quando chove (Foto: Kleber Clajus)

Erica Aparecida Quevedes, 30 anos, lamenta receber os filhos somente quando não chove no barraco em que vive em loteamento inacabado, no Dom Antônio Barbosa, em Campo Grande. Seu terreno foi conquistado, em março do ano passado, pelo reassentamento de famílias da Favela Cidade de Deus.

O percurso da casa do ex-marido, no Aero Rancho, tem por base o comportamento das nuvens para evitar alagamentos e as temidas goteiras. “Se vai chover eles não vem porque não tem condições de ficar dentro de casa”, descreveu Erica, ao lado de uma das 96 casas com tijolo aparente e pela metade.

Histórias similares percorrem quase todos os imóveis sem acabamento, contrapiso e até pela metade na Rua Cenira Soares Magalhães. No caso da dona de casa Daiane Campos, 27 anos, a água vem de todos os lados. O marido, nesta semana, conseguiu chegar a tempo para ajudar com baldes retirar a água que invadia seu barraco.

“Vai enchendo de água pela varanda e pelos fundos. Na última chuva forte, na segunda-feira [6], estragou toda a roupa. [Tratores] vem abrir valetas na rua, mas parece que não resolve. Dizem que terminam as casas no ano que vem, acho que perto da eleição”, avaliou Daiane.

Para o pedreiro João Leão, 48 anos, cada centavo conta para terminar por conta própria o imóvel que pretende compartilhar com a esposa e os quatro filhos de 16, 12, 11 e 4 anos. “Quatro anos de barraco chega”, resumiu ao contabilizar que faltam sete telhas, reboco e montar o banheiro.

Alfonso Dias, por sua vez, sai de casa rezando quando chove. O pedreiro de 43 anos ergueu junto com a esposa estrutura de alvernaria na frente do terreno. A ideia era abrigar os filhos de 9, 12 e 15 anos. “Barraquinho não é seguro. Se mandassem material e mestre de obras poderíamos terminar a construção”, disse.

Histórico - A desocupação da favela Cidade de Deus teve início no dia 7 de março de 2016, ainda na gestão do ex-prefeito Alcides Bernal (PP). Os moradores seguiram para quatro terrenos, além do Jardim Canguru, nos bairros Vespasiano Martins, loteamento Bom Retiro, na região da Vila Nasser, e no Dom Antônio Barbosa (ao lado da Cidade de Deus).

Em outubro, a empresa Etelo Engenharia de Estruturas foi contratada pela prefeitura de Campo Grande por R$ 32 mil para avaliar a estrutura das 327 casas que atualmente abrigam os ex-moradores da favela. As edificações foram total ou parcialmente construídas em regime de mutirão assistido.

 

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