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Em tempos de coronavírus, Páscoa terá tecnologia para abrandar a saudade

“Vai ser uma Páscoa diferente, não tem o que fazer”, afirma Luiz, que não pode mais sair com o pai idoso

Aline dos Santos e Maressa Mendonça | 11/04/2020 10:08
“A Páscoa sempre foi data de família reunida. Todo ano, reuníamos 15, 20 pessoas”, afirma Luiz, recostado no carrinho do mercado. (Foto: Henrique Kawaminami)
“A Páscoa sempre foi data de família reunida. Todo ano, reuníamos 15, 20 pessoas”, afirma Luiz, recostado no carrinho do mercado. (Foto: Henrique Kawaminami)

Nos preparativos para o Domingo de Páscoa, que traz a forte simbologia do Jesus Cristo que vence a morte, tem muita gente se sentindo pela metade, diante da impossibilidade dos tradicionais reencontros familiares. Vivemos tempos do novo coronavírus, a pandemia que limita o contato físico e exige isolamento social.

“A Páscoa sempre foi data de família reunida. Todo ano, reuníamos 15, 20 pessoas”, afirma o contador Luiz Peres, 53 anos. Usando máscara, ele foi às compras na manhã deste sábado (dia 11). Só de ir ao supermercado, já sente saudade do pai idoso, que está ao mesmo tempo tão perto, por ser vizinho do filho, e tão longe, pois está sem sair de casa por ser do grupo de risco para a covid-19.

“Ele sempre me acompanhava ao supermercado, mas está aceitando a orientação de isolamento domiciliar e nem pede para vir mais. A saudade é tanta que para ver os netos ele vai ao muro. Vai ser uma Páscoa diferente, não tem o que fazer”, afirma Luiz.

Fiscal da Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana), Tereza Lima, 51 anos, conta que em todas as Páscoas participava da reunião familiar em Ponta Porã. Era o momento da matriarca, mãe de Tereza e mais 11 filhos, reencontrar a família.

 Somados todos os participantes do almoço de domingo, o reencontro reunia mais de 30 pessoas. “Minha mãe fica chorosa, triste de ficar sozinha. Mas é melhor assim do que passar alguma coisa para ela, que é do grupo de risco”, diz Tereza. Amanhã,  ela e os irmãos combinaram de telefonar para a mãe para matar a saudade.

Neste ano, Tereza não vai poder viajar para Ponta Porã e abraçar a mãe. (Foto: Henrique Kawaminami)
Neste ano, Tereza não vai poder viajar para Ponta Porã e abraçar a mãe. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Esse ano está tudo pela metade. Eu sempre viajava nesse período. Ainda bem que tem o celular para falar com os filhos, netos, irmãos”, afirma o aposentado Edmundo Moraes, 71 anos. Ele conta que sai às ruas, mas toma medidas de prevenção como lavar bem as mãos. “Mas acho que já está um pouco de loucura”, diz.

Campo Grande confirmou os dois primeiros casos de coronavírus em 14 de março. Quase um mês depois, a cidade tem 49 casos da doença. Logo no começo, a Capital lançou mão de medidas para restringir a circulação de pessoas, um recurso para tentar frear a curva de casos. Nos últimos dias, houve flexibilização das medidas, com retorno gradual de atividades econômicas.

Sem vacina para o vírus, a prefeitura tenta evitar o pico de casos, quando o total de pacientes não será suportado pela rede de Saúde.

"Ainda bem que tem o celular para falar com os filhos, netos, irmãos", diz Edmundo. (Foto: Henrique Kawaminami)
"Ainda bem que tem o celular para falar com os filhos, netos, irmãos", diz Edmundo. (Foto: Henrique Kawaminami)


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