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Capital

Empresas reservam vagas e agravam falta de estacionamento na Capital

Alan Diógenes | 18/04/2015 10:05
Cones são colocados para reservar vagas de clientes e incomoda motoristas que querem estacionar. (Foto: Fernando Antunes)
Cones são colocados para reservar vagas de clientes e incomoda motoristas que querem estacionar. (Foto: Fernando Antunes)
Bancário acredita que serviço fere direito da população. (Foto: Fernando Antunes)
Bancário acredita que serviço fere direito da população. (Foto: Fernando Antunes)

O serviço de valet em Campo Grande, onde proprietários de restaurantes, lojas, bares e restaurantes reservam vagas através de cones para clientes estacionarem em frente aos estabelecimentos, tem incomodado alguns motoristas. O problema é que algumas pessoas acreditam que o fato fere o direito da população de estacionar na faixa do estacionamento público nas vias da Capital.

A atividade tomou formato diferente nos últimos anos. Antigamente os clientes paravam na frente do estabelecimento, deixavam o veículo sob a responsabilidade de manobristas contratados pelas empresas, e os mesmos procuravam uma vaga próxima para estacionar.

Esta forma ainda é adotada por alguns lugares da Capital. Mas, o mais comum é o cliente estacionar na área indicada pelos cones com o auxílio dos funcionários dos estabelecimentos.

O bancário Alexandre Dias, 32 anos, acredita que a atitude atende apenas aos benefícios dos proprietários dos lugares. Ele argumenta contando uma situação que passou em certa ocasião. “Uma vez tirei o cone para estacionar e o funcionário veio me avisar que aquela vaga estava reservada. Questionei o porquê e logo descobri que a vaga era para o dono do bar estacionar. Para evitar confusão eu acabei retirando o veículo”, comentou.

Alexandre disse que o serviço contribui para um problema comum em Campo Grande: a falta de vagas de estacionamento. “Já é difícil encontrar lugar para estacionar e o pessoal ainda fica reservando vaga. Acho que não é só eu que me sinto lesado quando vejo esta situação”, mencionou.

O motorista Rogério Ribeiro, 35, falou que o serviço de valet não fica restrito somente no período noturno, quando os estabelecimentos abrem. Ele afirmou que por conta da falta de vagas na cidade, a atividade se estendeu até mesmo no horário comercial. “Se você andar por esses bairros próximos ao Centro, onde existem lojas, vai ver que os cones estão ali reservando vagas para clientes”, destacou.

Rogério falou que serviço se estendeu até mesmo em horário comercial. (Foto: Fernando Antunes)
Rogério falou que serviço se estendeu até mesmo em horário comercial. (Foto: Fernando Antunes)
Analu disse que alguns clientes preferem utilizar o serviço para não ter que estacionar longe. (Foto: Fernando Antunes)
Analu disse que alguns clientes preferem utilizar o serviço para não ter que estacionar longe. (Foto: Fernando Antunes)

Na opinião da bancária Analu Nogueira, 30, é a própria cultura do campo-grandense que fez com que a atividade se tornasse cada vez mais comum na cidade. “Percebo que as pessoas não gostam de estacionar longe do destino desejado. Tem gente que não quer andar duas ou três quadras para chegar à bares ou casas noturnas, eles querem é estacionar em frente ao local. Acho que falta bom senso”, apontou.

Ela também não concorda com este tipo de atividade. “Não é certo reservar vagas porque a área é pública. Não é de propriedade dos donos dos estabelecimentos. Isso tem que mudar por que fere o direito do cidadão”, justificou.

Na Avenida Afonso Pena, por exemplo, o restaurante Cantina Masseria, a Villa da Pizza e o Bar da Bud colocam cones para reservar vagas. Na Rua Bom Pastor, considerada corredor gastronômico de Campo Grande, alguns restaurantes também adotam essa prática. Na Rua Antônio Maria Coelho, alguns bares, por exemplo, o Retirinho, também colocam os cones.

O proprietário do Bar da Bud, Cassius Corrêa, 27, disse que coloca os cones para dar mais visibilidade ao bar e também por questão de comodidade. “Tem cliente meu que é cadeirante e precisa estacionar na frente do bar, tem gente que vem de táxi e desce nas vagas reservadas. Mas se alguém chega e pede para estacionar nas vagas, a gente retira para a pessoa estacionar. Mas para mim o que fazemos é uma prática mais benéfica do que prejudicial”, finalizou.

A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) informou que a interdição, bem como a reserva de vaga, ou serviço de valet em estabelecimentos de Capital devem ser autorizadas, conforme o artigo 95 do Código de Trânsito Brasileiro. O pedido deve ser feito com antecedência, no mínimo uma semana, para a agência fazer análise e confeccionar a autorização.

A agência afirmou ainda que para ser possível autorizar o pedido, o estabelecimento deve estar regulamentado, com todos os documentos de funcionamento regularizados e autorizados pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Bombeiros e demais órgãos competentes. Caso o estabelecimento não seja regulamentado para tal procedimento, a Agetran pode atuar para restabelecer o fluxo da via e a Semadur poderá notificar o responsável.

Cones também são colocados por proprietários de estabelecimentos para indicar entrada de garagens. (Foto: Fernando Antunes)
Cones também são colocados por proprietários de estabelecimentos para indicar entrada de garagens. (Foto: Fernando Antunes)
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