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Capital

Envolvido em atentado que matou adolescentes quis terminar "serviço" em hospital

Nicollas Inácio Souza da Silva pilotou motocicleta e disse que planejou execução na manhã da sexta-feira

Por Ana Paula Chuva | 14/05/2024 15:29
Nicollas durante depoimento na Garras após ser preso (Foto: Reprodução)
Nicollas durante depoimento na Garras após ser preso (Foto: Reprodução)

Em depoimento ao delegado Guilherme Scucuglia, titular da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), Nicollas Inácio Souza da Silva, 18 anos, confessou que após descobrir que os tiros que eram para o rapaz identificado como Pedro, mataram dois adolescentes ele quis ir até o hospital onde o rival estava e terminar o serviço. O crime aconteceu na noite do dia 3 de maio na Rua Flor de Maio, Jardim das Hortênsias, em Campo Grande.

Conforme a versão do rapaz, ele já tinha rixa com o alvo do atentado que, inclusive, em data anterior tentou matá-lo a tiros. Com isso, na manhã do dia do crime, ele conversava com João Vitor de Souza Mendes, 19 anos, através de aplicativo de mensagem e o chamou para matar Pedro.

“Ele foi no bairro onde eu moro e me deu tiro, mas não me acertou. Eu esperei a melhor oportunidade para pegar ele e ai aconteceu isso. Eu tava na minha casa sexta de manhã e o João me mandou mensagem, trocamos ideia e ai eu falei pra gente pegar o Pedro. Ele falou vamos e a gente combinou de ir na casa do Jacaré”, disse Nicollas.

Os dois rapazes se encontraram na casa dele na Vila Nhanha e de lá foram até o local do crime. “Eu sai da minha casa e nos encontramos na casa do Jacaré. A gente trocou de roupa e foi com uma motocicleta que o Jacaré tava guardando lá. Depois de cinco minutos voltamos e deixamos a moto lá. O João chamou o motorista de aplicativo e a gente trocou de roupa e foi embora”, detalhou o rapaz.

Jacaré foi identificado como sendo Rafael Mendes de Souza, 18 anos.

Marcas de sangue na rua onde adolescentes foram mortos por engano (Foto: Marcos Maluf)
Marcas de sangue na rua onde adolescentes foram mortos por engano (Foto: Marcos Maluf)

Ainda conforme o depoimento de Nicollas, ele estava com uma pistola calibre 357, no entanto, por estar pilotando a motocicleta quem efetuou os disparos foi e João que estava com uma pistola 9 milímetros. Os adolescentes de 13 anos, foram atingidos e morreram por conta dos disparos. Já Pedro sofreu ferimentos na perna e foi socorrido para atendimento médico.

“A gente achou que tivesse acertado o Pedro. Quando abri a minha rede social eu vi que tinha acertado as crianças, ai eu fiquei chapado. Queria ir no hospital pegar o Pedro e terminar o serviço, mas como já tinha muita polícia atrás, a gente desistiu. Não era para ter acontecido isso com as crianças”, afirmou o preso.

Ainda em depoimento, ele relatou que se tivesse acertado seu alvo estaria comemorando, mas se arrependeu do crime por conta dos dois adolescentes que foram mortos e faria tudo diferente.

“Estou agindo na transparência. Se eu tivesse atingido o Pedro, eu vou ser sincero, eu estaria rindo essas horas, estaria bebendo, mas como foi as crianças eu estou daquele jeito e o mínimo que posso fazer é colaborar. Estou arrependido pela morte das crianças, se desse para voltar atrás eu voltaria atrás e faria diferente”, alegou o rapaz.

Sobre a participação do motorista de aplicativo, Nicollas afirma que George Edilton Dantas Fomes, 40 anos, era conhecido de João e sabia do crime. Ao delegado, o rapaz contou que ao entrar no carro ouviu ele dizendo “Mas já aconteceu? Eu estava aqui perto e não escutei nada”, se referindo aos tiros.

“Ele era motorista de confiança do João. Ele falou que era particular dele que fazia corrida sempre que ele precisava. Não tem como eu falar se era só para corre ou para coisa normal. Mas eu acredito que ele sabia sim porque a gente ficou conversando por telefone enquanto ele levada o João para a casa do Jacaré”, finalizou Nicollas.

Da esquerda para a direita: Nicollas, George, João Vitor e Kleverton (Foto: Divulgação)
Da esquerda para a direita: Nicollas, George, João Vitor e Kleverton (Foto: Divulgação)

O caso - De acordo com o boletim de ocorrência, a perícia encontrou 14 capsulas de munição 9 milímetros onde os adolescentes foram assassinados. A Polícia Militar foi acionada por volta das 22h30, para atender a ocorrência de homicídio por disparo de arma de fogo.

Testemunhas disseram para os policiais que os jovens haviam sido alvejados por engano, após dois homens em uma moto preta passarem atirando contra um rapaz que estava vendendo droga na esquina da casa onde as vítimas estavam sentadas. Ainda conforme testemunhas disseram para os policiais, o alvo dos bandidos correu em direção aos adolescentes para tentar fugir.

Os disparos foram efetuados pelo garupa da moto. A menina foi atingida no rosto, pescoço e braço. Já o garoto foi morto com tiro no tórax. Um dos tiros acertou o portão de uma casa que está desocupada. As vítimas foram socorridas por equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Corpo de Bombeiros, mas não resistiram aos ferimentos.

Também foi identificado e responde pelo crime o presidiário Kleverton Bibiano Apolinário da Silva, 22 anos, o “Pato Donald". Ele cumpre pena por roubo na Penitenciária Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima, e foi apontado como o "mandante" do crime. Em depoimento ele se manteve em silêncio.

Armas e celulares apreendidos com os suspeitos (Foto: Paulo Francis)
Armas e celulares apreendidos com os suspeitos (Foto: Paulo Francis)

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