Escassa, vaga de estacionamento custa até R$ 66 mil para nem existir
Ela tem 2,5 por 4,80 m² (metros quadrados) e pode custar de muita dor de cabeça a astronômicos R$ 66 mil. Os atributos são de uma vaga de estacionamento, que de tão escassa no Centro de Campo Grande, custa caro até para nem existir.
A versão virtual é uma flexibilização da exigência de uma vaga para cada 60 m² de salão comercial. Segundo o diretor-presidente do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano), Marcos Cristaldo, essa modalidade de anistia é exclusiva para a região central, pois a maioria da área já é edificada.
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“Vai fazer uma reforma, vamos supor que vai ampliar 60 metros quadrados. Ele precisaria de uma vaga, só que ele não tem onde pôr a vaga. Então, para essa Zeic [Zona Especial de Interesse Cultural], autoriza ele comprar essa vaga , compra a vaga pelo valor do metro quadrado. Via de regra, a maioria dos estabelecimentos prefere fazer a vaga do que comprar ”, explica.
Na segunda opção, são utilizados o susbsolo ou na parte superior do imóvel. Em caso da venda da vaga virtual, o valor deve ir para o Fundo de Fomento à Revitalização do Centro. Mas, na prática, o caminho do dinheiro é diferente.
Conforme o presidente do Conselho do Comércio Central, André Eduardo Moretto, o fundo faz parte de uma lei criada em 2009, mas só foi instituído no ano passado e prossegue sem regulamentação.
“Os empresários que pagaram de 2009 para cá, foi para o caixa comum da prefeitura”,diz. A legislação que rege o Reviva Centro, projeto de revitalização que obrigou a mudança nas fachadas das lojas, prevê que todas contrapartidas financeiras pagas no Centro deveriam abastecer o fundo.
Segundo ele, uma vaga pode custar até R$ 66 mil conforme o valor de mercado. Ou seja, seis vagas elevam o custo a quase R$ 400 mil. “É uma concessão que a prefeitura dá ao Centro. [O comerciante] não vê com mal olhos, mas reclama do valor da concessão, muito questionável”, salienta.
Ainda conforme André Moretto, o empresário também pode oferecer contrato com estacionamento vertical a menos de 200 metros e é liberado de pagar a contrapartida.
Pequena notável – O déficit de vagas na área central da cidade chega a 3 mil e leva cada espaço a ser defendido a qualquer preço: com uso de cone a cadeiras. Atualmente, são 2.458 vagas com parquímetro e 2,8 mil em estacionamentos particulares. A busca por um espaço onde deixar o carro no Centro aponta para o uso do subsolo de áreas públicas, mas tudo depende da viabilidade econômica.
“Estamos em fase de estudo. O estacionamento subterrâneo é uma opção interessante, até mesmo porque o município dispõe de muitas áreas públicas na área central. Como, por exemplo, a praça do Rádio, o Horto, que está bem próximo da 26 de Agosto, a área do Mercadão, da praça Aquidauana, No entanto, depende muito da viabilidade econômica, do custo”, afirma o diretor do Planurb, Marcos Cristado.
No campo das possibilidades, também estão o subsolo da praça a Ary Coelho, Paço Municipal, Central do Cidadão e estação ferroviária.
A ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) propôs utilizar o estacionamento da Feira Central e abrir uma linha de transporte coletivo na avenida Calógeras e rua 14 de Julho para levar funcionários das lojas e clientes ao Centro.
Entretanto, a sugestão não vingou. Conforme André Moretto, na primeira reunião, a prefeitura informou que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) tem interesse na área para projeto de revitalização. “Colocou água no plano, mas nem disse quando começa essa obra”, diz.
O empresário reclama do descompasso entre as necessidade atuais e os planos futuros para a cidade.
“A prefeitura alega que o empresário que reclama da falta de vaga é antiquado. O moderno é usar bicicleta, andar a pé. Mas, então, dê transporte público decente”, afirma.