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Capital

Escolha de cão para viver com criança vai além da raça, ensina especialista

Genética e até mesmo o modo como os pais do cão foram criados, deve ser levado em consideração

Liniker Ribeiro | 08/02/2019 17:08
Cão da raça Pit Bull (Foto: Direto das Ruas)
Cão da raça Pit Bull (Foto: Direto das Ruas)

A morte de uma bebê de 8 meses após ataque de um cachorro da raça Pit Bull trouxe à tona mais uma vez a polêmica sobre o convívio de crianças e recém-nascidos com cães de grande porte. Ao contrário do que muitos acreditam, especialistas ressaltam não existir uma raça indicada para o convívio, mas alertam para a necessidade da preocupação começar antes mesmo de adotar o animal. A escolha deve ser feita levando em conta mais do que a raça. Genética e até mesmo o modo como os pais do cão foram criados são elementos que devem ser levados em consideração.

“Sobre o acidente, não devemos condenar a raça e sim avaliar o que aconteceu. Até porque temos uma série de trabalhos que investigam a relação homem/cachorro, que constatam que a presença dos cães é até importante para o desenvolvimento físico e psicológico da criança. Então não se fala mais em uma raça indicada para conviver com elas”, afirma o mestre em bem-estar e comportamento animal, Diogo Cesar Gomes da Silva, professor do curso de veterinária da Uniderp.

Apesar disso, é evidente que algumas raças apresentam características que as destacam mais, por isso é importante “adotar o animal de um lugar confiável, dar as necessidades que ele precisa e desenvolver o comportamento dele, principalmente o lado afetivo”, revela o especialista.

Diogo Cesar Gomes da Silva, especialista em bem-estar e comportamento animal
Diogo Cesar Gomes da Silva, especialista em bem-estar e comportamento animal

Conhecer os pais do cão, entendendo assim a procedência do animal, como eles foram criados e o tipo de qualidade de vida que tinham, são alguns dos cuidados que vão ajudar na hora de escolher quem adotar. Diogo alerta ainda que mesmo quando o animal não apresenta comportamentos agressivos, o contato com um recém-nascido deve acontecer de forma moderada.

“O adulto precisa observar o comportamento do animal, se ele está tranquilo com a aproximação com a criança, se demonstra aberturas para brincar, fazer carinho, sempre lentamente. E ir brincando com o cão ao mesmo tempo, proporcionando um ambiente alegre e tranquilo”, ressalta.

Essa prática deve acontecer até que os pais sintam confiança de deixar os dois próximos, no mesmo ambiente. E todos os cuidados são necessários. “O ideal é não deixar os dois juntos o tempo todo, quando é recém-nascido, porque o animal pode pisar ou acontecer algum acidente sem querer. Não é pensar que ele vá atacar, mas a gente sabe que o bebê é frágil e, mesmo sem querer, pode acontecer alguma coisa”, afirma Diogo.

Para evitar acidentes e garantir que o convívio seja sempre saudável, o professor alerta ainda para a necessidade dos donos investirem na educação dos cães.

A atividade, que proporcionará mais qualidade de vida aos animais, é importante principalmente para um cão de porte maior. “Os animais têm necessidades físicas e fisiológicas e muitas famílias pecam no entendimento disso, acabam adotando e cuidando do cão de qualquer forma”, aponta.

Segundo ele, o processo educacional envolve garantir que as necessidades dos animais sejam supridas e ir além da troca de carinho. É preciso ter um ambiente amplo e confortável e estar atento aos sinais que podem indicar alterações no cachorro, como por exemplo, agressividade. Isso é ainda mais importante quando na mesma residência convivem cães e crianças, ou então quando a família se prepara para a chegada de um bebê.

“Algumas características tornam possível prever essas atitudes, seja na hora de passear, se alimentar ou quando o dono pede para que ele saia de um cômodo”, afirma Diogo. “O modo como ele se relaciona muda, ele começa a se afastar das pessoas, fica mais agressivo em situações simples”, observa.

Uma prática comum entre os donos também deve ser evitada, a de estimular brincadeiras que remetem a agressões, como mordidas, ataques ou algo similar. Isso vale principalmente para cães de grande porte, como da raça Pit Bull, animais que normalmente as pessoas adotam pensando em ter um cuidador da casa.

“Porque se a opção da família for um cão de guarda, a sugestão é para que ela busque um profissional capacitado porque são preparos diferentes. Nesses casos, o animal precisa entender que não é um cão de socialização”, explica Diogo, destacando que a forma como ele será tratado pelos donos também será diferente.

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