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Capital

Escorpião assusta moradora do terceiro andar em condomínio de luxo, na Afonso Pena

Paula Maciulevicius | 26/01/2012 11:15

Só ano passado 251 casos de picadas de escorpião foram registrados pelo Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica)

"Depois da menininha, eu fiquei apavorada. Não adianta tomar providência depois". (Foto: João Garrigó)
"Depois da menininha, eu fiquei apavorada. Não adianta tomar providência depois". (Foto: João Garrigó)

A região é central e o condomínio é considerado de luxo. Mesmo assim o pânico de ter em casa um aracnídeo que pode matar tem tirado o sono da empresária Simone Flores Bonatto, 40 anos.

No apartamento que fica no terceiro andar, em plena avenida Afonso Pena, em menos de dois meses dois escorpiões deram as caras ressaltando que o problema não se restringe aos bairros.

"Você nunca vai imaginar que vai ter aqui. É terceiro andar. As autoridades precisam dar um geral em todo lugar, tem que alertar a cidade inteira", comenta.

Preocupada com os filhos, duas crianças de 3 e 5 anos, Simone pede que os pequenos calcem chinelo. "Nem deixo eles andarem descalços e já aviso que se ver não é para chegar perto. Não pisa, não coloca a mão e chamem um adulto", ensina.

A preocupação começou há quatro anos, quando surgiu o primeiro escorpião em casa. "Era bem grande, eu fiquei apavorada, pesquisei a espécie e era o amarelo. Liguei no CCZ e disseram que era um fato isolado".

De imediato, a mãe substituiu o carpete de casa por madeira clara, até para facilitar a visualização caso a visita indesejável se repetisse.

O cenário mudou de quatro anos para cá e Simone tem consciência disso. O desespero bateu após a notícia da morte de uma criança de 3 anos, picada por um escorpião, em outubro do ano passado.

"Na primeira vez eu fiquei assustada, liguei para o prédio inteiro, mas não tinha aparecido tantos casos, agora depois da menininha, eu fiquei apavorada. Não adianta tomar providência depois", diz.

Ainda pequeno, moradora se preocupa se o "filhote" não tem mãe andando pela casa. (Foto: João Garrigó)
Ainda pequeno, moradora se preocupa se o "filhote" não tem mãe andando pela casa. (Foto: João Garrigó)

Em quatro anos, cinco escorpiões apareceram na casa da família de Simone. Os dois últimos foram os mais preocupantes, segundo ela, devido ao curto intervalo de tempo.

O último foi encontrado nesta terça-feira pela manhã, andando pelo corredor que liga os quartos. "São do amarelo. Esses foram pequenos, mas se tem filhote deve ter mãe por aí e a preocupação é essa", observa.

Depois do incidente da manhã de ontem, a empresária ligou para o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) questionando como o escorpião por mais ágil que seja consegue entrar no terceiro andar do apartamento de um prédio organizado e que não possui imóveis fechados.

"Eles me falaram de duas hipóteses. Se eu tenho jardim e eu disse que não e se estou reformando o apartamento. Minha última reforma tem mais de quatro anos", conta descartando o que lhe foi apresentado.

Seguindo as orientações dadas pelo centro desde a primeira "aparecida" de um escorpião, Simone tem usado redinhas nos ralos de banheiros e pias e passado muita água sanitária.

"Isso principalmente a noite, que é a hora que eles mais saem", explica.

Conforme o Centro de Controle de Zoonoses, é possível que um escorpião atinja até andares mais altos que o terceiro, onde Simone mora. A possibilidade explicada pela diretora do CCZ, Júlia Maksoud, é que ele vir por meio de mudas de plantas ou reformas. "Elas podem, não é que toda planta leva, mas elas podem ser abrigo para o escorpião, outro meio comum também são materiais de construção", diz.

A diretora do CCZ afirma que o procedimento deve ser acionar o Centro e solicitar que uma bióloga vá fazer uma visita no local. "Às vezes pode ser entulho na garagem, coisas que as pessoas levam para casa. Não dá para dizer que este seja o caso, sem antes uma vistoria do CCZ", completa.

O costume da filha é de brincar sentada ao chão. Mas mãe avisa "se ver não é para chegar perto, chama um adulto". (Foto: João Garrigó)
O costume da filha é de brincar sentada ao chão. Mas mãe avisa "se ver não é para chegar perto, chama um adulto". (Foto: João Garrigó)

A orientação é privilegiar a segurança. "Nunca pegar com a mão, dar uma chinelada primeiro, guardar num pote, de preferência com álcool e higienizar a casa", explica Júlia Maksoud.

O escorpião deve ser entregue ao Centro de Controle de Zoonoses para que a espécie seja estudada e um mapeamento de onde ela apareceu possa ser feito, até mesmo para um controle. O telefone do CCZ é o 3313-5001.

Casos - Só o ano de 2011 fechou com 251 vítimas de picadas de escorpião, segundo dados do Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica). Desde que a menina Maria Eduarda Rissi, de 3 anos, morreu depois de ser picada por um escorpião escondido dentro do sapato da criança, as autoridades voltadas à saúde entraram em alerta. O caso ocorreu no bairro São Francisco, em Campo Grande.

A criança deu entrada na UPA do Coronel Antonino, com dores e vômito. O quadro se agravou e quase três horas depois foi transferida para o Hospital Regional. A menina morreu 18 horas após, em decorrência de um edema pulmonar, hemorragia pulmonar e parada cardíaca respiratória.

Em novembro, profissionais que atendem vítimas de acidentes começaram a receber qualificação para o atendimento de pessoas picadas por animais peçonhentos.

Eles aprenderam não apenas o que fazer, mas também o que não fazer. Participaram do treinamentos cerca de 500 médicos, bombeiros e técnicos em enfermagem, entre outros profissionais. O curso foi oferecido pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Universitário.

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