Expectativa de professores de rede estadual é por vacina e retorno presencial

Os portões da escola estadual Joaquim Murtinho estão abertos, mas não para os alunos. Nesta quinta-feira (4) acontece a primeira de cinco reuniões da jornada pedagógica da rede estadual de ensino com a Secretaria Estadual de Educação. Em pauta, todo o planejamento para o ano de 2021 e a principal dúvida: o retorno será presencial?

Estruturada em tópicos: socioemocional, biossegurança, cognitivo e normativo, são 120 professores participando da jornada para a volta às aulas no dia 1º de março.

"Existe a possibilidade de ensino híbrido, mas ainda não é uma certeza", fala o diretor do Joaquim Murtinho, Cláudio Morinigo. O sistema híbrido seria aula presencial e também on-line num rodízio. Só na escola são 1,5 mil alunos matriculados para 2021, 300 a menos do que no ano passado.

Professor de geografia há 15 anos, Wennsllen Rodrigues Alencar, de 36 anos, afirma que o maior desafio foram as aulas virtuais até para quem tem conhecimento do método. "Nada substitui o contato humano, mesmo que a gente possa se adaptar", comenta.

Wennsllen espera um retorno seguro que só seria garantido com a vacinação. Os professores entraram na última etapa do plano de imunização municipal de Campo Grande, ou seja, não há ainda uma previsão de quando serão vacinados.

Professora de química, Rozana Valdez, de 36 anos, resume como incerta a volta presencial até que todas as orientações sejam passadas. As aulas online não renderam tanto quanto ela gostaria e Rozana diz que foi por despreparo mesmo. "Não tive formação para dar aula à distância, foi um desafio ensinar para os alunos, mas a expectativa este ano é boa. Estou com saudade deles, o contato pessoal no ensino é insubstituível".

César Floriano é professor de uma disciplina chamada "Projeto de vida", voltada a trabalhar o desenvolvimento pessoal e emocional dos alunos fora dos muros da escola. De tudo o que o professor planejava de atividades lúdicas para 2020, boa parte ficou na gaveta. "Antes a gente fazia tudo, roda na sala de aula, atividades lúdicas e dinâmicas. Estou ansioso por este retorno das aulas presenciais,a  gente sente falta deste contato", comenta.

Muito além do contato, o professor de uma disciplina tão importante como ensinar a lidar com sentimentos, César Floriano descreve o que viu nos alunos desde o início da pandemia. "A pandemia ocasionou medo, que despertou outros sentimentos negativos como ansiedade, estresse, depressão e, foi um desafio ter que trabalhar online com os alunos essa questão. A gente tinha que fazer a escola chegar na casa dessas pessoas, para que elas se sentissem acolhidas da mesma forma que acontece quando estão na sala de aula".

As aulas presenciais nas escolas estaduais estão suspensas desde o dia 18 de março de 2020, quando foram registrados os primeiros casos de coronavírus em Mato Grosso do Sul.