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Capital

Experiência do Sírio-Libanês é aposta para “resgatar” Hospital Regional

Projeto financiado pelo SUS e aplicado por equipe do hospital paulista tem intenção de reduzir superlotação na urgência e emergência do HR

Izabela Sanchez | 13/03/2019 11:18
Geraldo Rezende, secretário de saúde, ao lado da gerente do projeto do Sírio-Libanês, que será aplicado no Hospital Regional (Foto: Marina Pacheco)
Geraldo Rezende, secretário de saúde, ao lado da gerente do projeto do Sírio-Libanês, que será aplicado no Hospital Regional (Foto: Marina Pacheco)

“Estamos recendo os três técnicos do hospital Sírio-Libanês, um dos hospitais de maior credibilidade hoje no país, que tem expertise no sentido de poder nos auxiliar no processo de resgate do Hospital Regional”, assim declarou o secretário estadual de saúde, Geraldo Rezende ao anunciar a parceria entre o Hospital Regional Rosa Pedrossian e o hospital paulista, um dos mais antigos do Brasil.

O secretário participou de reunião, na manhã desta quarta-feira (13) no HR, junto com três técnicos do Sírio-Libanês, equipe administrativa do regional e equipe médica. O objetivo do encontro é anunciar a implementação de um dos projetos do Proadi-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS), o “Lean nas emergências”.

O Proadi conta com a parceria de hospitais referência no Brasil – a exemplo do Sírio-Libanês – para aplicar diretrizes e modernizar o atendimento nos hospitais públicos. É financiado com recursos de isenção fiscal (COFINS e cota patronal do INSS), concedidos aos hospitais filantrópicos de excelência reconhecidos pelo Ministério da Saúde.

Um dos projetos do Proadi, executado pelo hospital Sírio-Libanês, é o Lean nas emergências. Presente em 17 estados e 36 hospitais públicos em todo Brasil, esse projeto é aplicado pelo hospital paulista para otimizar o atendimento de urgência e emergência nos hospitais.

Secretário de Saúde, Geraldo Rezende, Ana Carolina Brasil, gerente do Lean nas emergências e o presidente do HR, Márcio Eduardo de Souza (Foto: Marina Pacheco)
Secretário de Saúde, Geraldo Rezende, Ana Carolina Brasil, gerente do Lean nas emergências e o presidente do HR, Márcio Eduardo de Souza (Foto: Marina Pacheco)

Modernizar para “resgatar” - “HR não é Albert Einstein, é hospital público”, já havia declarado o diretor administrativo do HR, Edson da Mata Torres Filho. Agora no entanto, o plano é tentar seguir os passo do Sírio-Libanês. Envolvido em escândalos de corrupção, denúncias de falta de insumos e cirurgias paralisadas, o HR “tenta ajustar o relógio”, saindo de uma gestão que o diretor administrativo afirmou estar, ainda, em 2012. O cenário motivou um plano de emergência para o HR que prevê até dispensa de licitações para a compra dos insumos em falta no hospital.

“Todo o Mato Grosso do Sul sabe, o governo reconheceu que o hospital enfrenta diversos problemas e que é um desafio do governo de resgatar não só estruturalmente, mas resgatar a função, a missão desse hospital dentro do SUS, para tanto estamos recorrendo a entidades que tem expertise nacional, como Sírio-Libanês, na discussão de um método que eles aplicam em urgência e emergência, mas que nós queremos que seja expandido para todo o complexo hospitalar”, comentou o secretário de saúde.

Lean nas emergências – O projeto leva o nome em inglês que em tradução literal significa “magra”, e é assim que se define: um “enxugamento” da máquina hospitalar na urgência e emergência. A metodologia busca racionalizar recursos, reduzir desperdícios e otimizar espaços e insumos para diminuir a superlotações. Além de modernizar e mudar práticas de servidores, implementa novas tecnologias.

Os hospitais que recebem o projeto precisam atender uma série de critérios, como ter mais de 150 leitos e ser referência regional. O modelo de trabalho “Lean” foi criado na indústria automobilística japonesa para aumentar a produtividade e a eficiência no cenário pós 2ª Guerra Mundial.

Márcio Eduardo de Souza, diretor presidente do HR (foto: Marina Pacheco)
Márcio Eduardo de Souza, diretor presidente do HR (foto: Marina Pacheco)

Gerente do projeto, Ana Carolina Brasil afirma que a aplicação reduziu em 37% o tempo de espera para atendimento médicos, em 59% o tempo de passagem do paciente pelo hospital e em 1,9% o tempo de internação.

“O Sírio-Libanês executa essas ações dentro do hospital para realmente trabalhar nesse foco da redução da superlotação e pra entender como funciona o fluxo desse hospital garantindo que a entrada e a permanência, a passagem e a saída do paciente aconteçam dentro do tempo certo e da forma correta”, disse.

Nessa primeira reunião, a equipe do Sírio-Libanês vai apresentar um cronograma de execução. O projeto, segundo Ana Carolina, tem duração de 6 meses, onde ocorre uma intervenção física no hospital. Médicos e especialistas devem visitar o HR, dentro desses 6 meses, a cada 15 dias. Finalizado esse período, o HR ainda será monitorado. Dessa forma, o Lean será aplicado no regional por cerca de 18 meses.

Um novo HR? – Geraldo Rezende também anunciou, nesta quarta, estar em busca de recursos, junto ao Ministério da Saúde, para uma reforma completa do HR, “um novo HR”. “Em paralelo a isso estamos discutindo com o Ministro Luiz Henrique Mandetta o processo do resgate estrutural do hospital, nós já estamos fazendo um esforço que tem que ser bastante célere no sentido da gente ter um projeto para recuperar desde o solo do hospital até o teto, onde vai passar por uma reforma física, hidráulica, elétrica, informatizar, para criar um novo hospital regional. Esse é novo objetivo hoje aqui”.

Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande (Foto: Marina Pacheco)
Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande (Foto: Marina Pacheco)

O secretário atribuiu o caos do HR ao passado. “Houve o descuido, no passado, daqueles que por aqui passaram e do próprio governo, no sentido de não ter feito um planejamento adequado para que esse hospital cumprisse seu papel. Lógico que o governo tem sinalizado e tem apontado, agora, para num curto espaço de tempo nós darmos soluções efetivas ao hospital regional”, declarou.

Diretor-presidente do HR, Márcio Eduardo de Souza espera que “em curto espaço de tempo” o HR volte a ser referência, ao menos, regional. “A dificuldade é a dificuldade de todo país, o número de pacientes inadequado com a estrutura física e com a quantidade de atendimentos e hoje nós temos uma superlotação, como todo hospital público, infelizmente”, disse.

“Tem o que é o real e o que é o meu sonho. Meu sonho é transformar no hospital Sírio-Libanês, mas isso não vai acontecer tão cedo. A semente do hospital Sírio-Libanês é de 1921, a semente do hospital regional é de 1997, nós temos um período muito distante, nós temos que aprender, não vamos pular etapas, vamos aprender com o hospital Sírio-Libanês como chegar a um nível que eles chegaram num curto espaço de tempo. Quanto? Não sabemos, mas estamos aqui pra aprender. Esse é o nosso sonho, transformar o hospital em uma referência pelo menos do estado”, comentou.

O projeto deve ser aplicado, inicialmente, apenas no pronto-socorro. Segundo o secretário de saúde, além do projeto Lean, a parceria vai auxiliar o hospital a elaborar um novo plano de gestão hospitalar.

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