O Deus incompreendido. O desafio do clima na história do Pantanal
“Inclinação”, esse era o significado original da palavra “clima” para os antigos romanos. Com essa denominação se referiam à inclinação do eixo da Terra em relação ao Sol que afetava a vida em função de onde viviam. E acertaram na mosca. Ao escolher essa palavra, que designava a velocidade e o angulo com que a Terra gira, é precisamente o que dá origem aos dias, noites e estações. É o “clima” entendido pelos romanos que determina como a energia solar que recebemos é repartida pelas várias regiões terrestres.
Prosperidade ou colapso?
É ingovernável, como se fora um deus. Às vezes terrível, e em outras, bem propicio. Esse é o clima. Desde a pré-história até nossos dias, compreender e, sobretudo, adaptar-se ao desafio das mudanças climáticas vem determinando a delgada linha vermelha que separam a prosperidade do colapso. Da mera sobrevivência à morte e desaparecimento.
Respeitar o deus climático ou sumir.
O clima foi um dos mais importantes desafios que os neandertais não souberam enfrentar. Sumiram. O Saara um dia foi verde. Por lá, viviam pastores nômades. Com as mudanças climáticas que não entenderam: sumiram. Existiram povos na Península Ibérica, época denominada “calcolitica”, que também seguiram o mesmo destino dos pastores saarianos: sumiram. Hoje, a ciência explica como os egípcios construtores de pirâmides e guerreiros muito superiores aos famosos espartanos, sucumbiram à uma longa seca do rio Nilo. Os visigodos e bizantinos da Idade Média também sumiram quando os vulcões tamparam o céu. O mesmo destino tiveram os comanches caçadores de bisontes durante a denominada “pequena idade de gelo”. Ao longo das épocas e dos continentes, sociedades muito diversas tiveram de enfrentar o deus incompreendido que com suas continuas, e às vezes catastróficas mudanças, punha à prova a capacidade de povos e impérios.
O Homem do Pantanal.
As pinturas rupestres e outros marcos arqueológicos não deixam dúvida: existiram proto-índios, povos anteriores ao indígenas, no Pantanal. Não sabemos explicar como desapareceram. Mas também não estudaram a historia do clima pantaneiro. Uma possível tese desse sumiço pode ser esboçada. Não resta muita duvida de que esse imenso território foi um braço de mar, um gigantesco “Mar Cáspio", o maior lago do mundo, que tem 370 mil quilômetros quadrados. Não é uma ideia tresloucada. Hoje, a explicação do desaparecimento dos povos Maias da América Central, também construtores de pirâmides e ótimos guerreiros, é dada por uma longa seca de seus rios.
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