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Capital

Família quer que agressão de rapaz sirva de exemplo contra violência

Jorge Almoas e Paula Maciulevicius | 16/04/2011 22:01

No entanto, com muito medo, amigos e familiares temem impunidade dos agressores

A família do jovem de 21 anos, espancado por um grupo de rapazes na madrugada da última sexta-feira, por suposta motivação homofóbica, espera que o caso sirva como exemplo para evitar novos episódios de violência gratuita, motivadas ou não por questões de gênero.

O estudante de Artes Visuais estava com um amigo na esquina das ruas Bahia e Boa Vista quando foram xingados de “veados” por rapazes em um Corsa preto. Dois deles desceram do carro e espancaram o jovem, que correu, mas foi alcançado na Avenida Fernando Corrêa da Costa.

A irmã do jovem espancado, uma secretária de 28 anos, ficou sabendo do fato ocorrido com o irmão, mas ainda não tinha visto as marcas da agressão. “Quando cheguei em casa, ele estava deitado de costas, sem nenhuma marca. Mas ao ver o rosto dele, fiquei assustada, o rosto está muito inchado, roxo, com hematomas”, descreve, assustada, a secretária

Ela conta que o irmão não queria apresentar denúncia contra os agressores, por acreditar em possível retaliação e por acreditar que os jovens que o machucaram saiam impunes. “Ele relatou que os meninos eram bem vestidos, de boa aparência, e achou que não vai dar em nada. Mas isso não pode continuar. Essa violência foi gratuita, algo precisa ser feito”, diz a jovem.

Muito assustada, ela afirma que tinha medo de sair nas ruas por conta de possíveis assaltos. “Bater em alguém sem motivo é coisa que eu via na televisão, que acontece fora de Campo Grande. Agora, quando acontece dentro de casa, com alguém próximo, é diferente. Agora, fico com medo de sair de casa, sem saber se vou voltar”, revela.

Segundo a irmã do agredido, ele contou que um dos rapazes é branco, forte, tem o cabelo preto cortado curto e estava sem camisa. Ao que parece, ele incitava os demais a continuar a agressão.

“É muito massa fazer isso”, disse um dos agressores, enquanto chutava e socava o estudante de Artes Visuais. Ele esteve na Santa Casa, onde fez radiografias, para saber se não havia fraturado algo, e foi ao IML (Instituto Médico Legal) fazer exame de corpo de delito.

Um amigo do jovem, um arquiteto de 24 anos, comenta que os agressores não tinham motivo para bater no rapaz. “Eles fizeram por diversão, coisa de quem não tinha nada pra fazer”.

Ciente de que os jovens pertencem a uma classe social elevada – os amigos anotaram a placa do carro e descobriram o endereço do carro, em um bairro nobre de Campo Grande – o arquiteto teme que a polícia não queira se envolver no caso.

Os dois amigos do jovem, ao tentarem pedir ajuda a uma viatura da PM que passava no local, não receberam atenção. “Esse caso precisa ser mostrado, discutido, para que as pessoas tomem consciência. Como a vida do meu amigo vai ficar depois disso? Ele vai conseguir voltar à rotina, sair na rua, fazer tudo o que fazia antes?”, questiona o arquiteto.

A pedido dos entrevistados, os nomes foram preservados.

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