Grupo entra com ação coletiva para nova correção de redações da UFMS
Estudantes reclamam de incoerências na correção e falta de clareza nos critérios adotados para atribuição da pontuação dos alunos
Ao menos 20 candidatos do Vestibular 2020 e da 3ª etapa do Passe (Programa de Avaliação Seriada Seletiva) UFMS foram até a Defensoria Pública da União em Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira (23) e ingressaram com uma ação coletiva solicitando nova correção das redações dos dois processos seletivos. Eles reclamam de falta de critérios e discrepância nas notas.
Os candidatos conversaram com a reportagem do Campo Grande News, mas não quiseram divulgar os nomes. Conforme os relatos, há discrepância entre os critérios adotados pela Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura) em relação a outras bancas. Prova disso, segundo eles, é que diversos alunos com nota superior a 900 no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), por exemplo, foram avaliados com pontuação inferior a 600 pontos na prova da Fapec.
Em outro caso, a candidata entrou com recurso após ter “zerado” na prova de redação. A nova pontuação passou para 600 pontos. “Como alguém vai de zero para 600?”, questionam. Outra estudante recebeu pontuação 250 pelo texto.
A suspeita de falhas nos critérios usados para a pontuação dos textos foi acentuada após a correção das provas por outros professores. Um deles é o Sérgio Campos que leciona Redação e está entre os profissionais que ofereceram denúncia sobre o caso também ao Ministério Público Federal.
Campos explica ter auxiliado ao menos 50 candidatos a entrar com recurso junto à Fapec. Segundo ele, só tiveram as notas revisadas os alunos com pontuação inferior a 500 pontos e todos receberam nota 600.
“Quem tirou zero, 250, ou 350 todos tiveram notas 600, mas isso não altera a lista de classificação”, diz. Os outros com notas superiores tiveram o pedido de recurso negado.
A sugestão do professor é que a banca corrija novamente as provas dos alunos ou incorpore as notas das redações no Enem, como fazia em anos anteriores. "Tentaram fazer pela primeira vez e se mostraram incapazes", lamenta o professor sobre a banca criada pela Fundação para correção das dissertações.
“Eles erraram. É uma falta de justiça, de humanidade com os que passaram e com os que não passaram. Imagina quem viu o resultado aprovado e está comemorando e depois receber a resposta que não passou”, declara uma das candidatas. Além da ação civil na Defensoria há uma denúncia sobre as irregularidades no MPF.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Fapec. Em nota, eles responderam que “as provas de redação foram produzidas e corrigidas conforme as regras e critérios adotados pela nossa instituição e disponibilizados no edital de abertura do PASSE 3a ETAPA (anexo III) e do VESTIBULAR UFMS (anexo V), podendo divergir dos critérios adotados para a correção do Enem”.
Ainda segundo eles, “os candidatos que optaram por recorrer às notas publicadas no edital de Resultado Preliminar estavam sujeitos a acréscimo ou decréscimo da nota o que resultou em uma modificação da nota final dos candidatos divulgadas no edital de Resultado Final influenciando na classificação”
Atendimento - Os candidatos também fizeram queixas sobre a forma de atendimento da Fapec. Segundo os relatos, alguns alunos foram recebidos apenas na recepção e informados sobre a qualificação da banca examinadora. Outros não teriam recebido respostas aos e-mails. Sobre isto, a assessoria da Fapec respondeu ter recebido durante essa última semana “muitas solicitações de candidatos via e-mail solicitando o espelho da redação, estes foram respondidos conforme a ordem de entrada em nossa caixa, os que entraram em contato de maneira presencial ou por telefone foram respondidos imediatamente e tiveram suas dúvidas sanadas”.
A Fapec afirmou ainda “que os nossos canais de comunicação continuam disponíveis para informações e dúvidas para os candidatos que busquem esclarecimento”.
