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Capital

IMOL demora 84 horas, libera corpo errado e família vela e enterra outro

Renan Nucci | 27/11/2014 09:29
Funileiro foi encontrado morto aos fundos de oficina no Rita Vieira. (Foto: Marcelo Calazans)
Funileiro foi encontrado morto aos fundos de oficina no Rita Vieira. (Foto: Marcelo Calazans)

Os familiares do funileiro José Aparecido dos Santos, 49 anos, encontrado morto na tarde da última sexta-feira (21), passaram um transtorno que jamais imaginaram. Não bastasse o fato de terem perdido o ente querido, eles sepultaram um estranho induzidos por erro cometido pelo IMOL (Instituo de Medicina e Odontologia Legal), que liberou o corpo de outra pessoa e somente 84 horas (mais de três dias) depois da localização do cadáver.

Segundo o micro-empresário e acadêmico André Luiz Brauna, 31 anos, irmão da vítima, a família está revoltada com o descaso. “Enterramos outra pessoa. Tem um estranho sepultado junto com o corpo de nossa mãe”, disse André lembrando que o desejo do irmão era "repousar" ao lado da mãe. Ele relata que o IMOL levou quase quatro dias para efetuar a liberação, sendo que o enterro já estava agendado.

“A morte foi na sexta-feira, mas só liberaram na noite de segunda-feira (24). Eles iriam autorizar apenas na quarta-feira (26), pois ainda aguardavam um exame de raio-x, mas fizemos o que foi possível para antecipar tudo”. Na manhã de terça-feira (25) houve o enterro, sem velório, apenas com homenagens no cemitério Santo Amaro. “Foi tudo rápido, avisamos os demais familiares e prestamos as últimas orações, acreditando que fosse meu irmão. O caixão estava fechado por causa do avançado estado do corpo”, relata.

Na quarta-feira, André e os outros irmãos foram informados pelo Instituto Médico Legal de que haviam enterrado a pessoa errada. “Não deram grandes detalhes, apenas pediram para que o caso fosse abafado. Disseram que foi um erro cometido por um estagiário, o que acho pouco provável, pois todo estágio deve ser supervisionado. É uma situação frustrante e bizarra. Jamais imaginávamos que algo assim pudesse acontecer”.

Inconformada com a situação, a família promete acionar a justiça por danos materiais e morais, levando em conta os prejuízos com o funeral e os demais transtornos causados.

O Campo Grande News entrou em contato com a Coordenadoria-Geral de Perícias, mas até o fechamento desta edição não havia um posicionamento oficial.

Caso – O funileiro foi encontrado morto pela irmã na tarde de sexta-feira. Ele estava seminu, deitado em uma cama na casa que fica aos fundos da oficina que ele mantinha no Rita Vieira. A vítima era epilética e relutava em se medicar, tanto que os irmãos sempre o vigiavam, para que ele fizesse o uso correto dos remédios. Ele era casado, pai de três filhos, mas optou por morar sozinho, pois se sentia melhor assim.

“Ele tinha as crises (epiléticas) dele, mas sempre o monitorávamos. Na terça-feira, uma irmã o encontrou. Na quarta, ela ligou pra saber se ele estava bem e se tinha se medicado. Depois ninguém da família o viu. Na quinta-feira ele teria sido visto, bem, em uma padaria. Na sexta-feira, um cliente chegou à oficina e chamou por diversas vezes, mas José não saiu. Ai um vizinho falou para chamarem minha irmã. Ela foi ao local o encontrou morto”, relatou.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e confirmou o óbito. Equipes da Polícia Civil e perito estiveram no local para fazer os levantamentos de praxe e recolher o corpo.

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