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Capital

Jamilzinho revisita briga em boate em audiência sobre morte de Playboy da Mansão

O réu negou ser o mandante da execução de Marcel Colombo, morto em outubro de 2018

Aline dos Santos | 31/08/2021 12:55
Jamil Name Filho foi interrogado hoje em processo por morte do "Playboy da Mansão". (Foto: Reprodução)
Jamil Name Filho foi interrogado hoje em processo por morte do "Playboy da Mansão". (Foto: Reprodução)

Preso há quase dois anos na operação Omertà, Jamil Name Filho revisitou nesta terça-feira (dia 31), a briga em boate com Marcel Costa Hernandes Colombo, conhecido como "Playboy da Mansão" e que foi morto a tiros, em 18 de outubro de 2018.

 A acusação é de que a vítima teria sido morta após confusão por causa de motivo prosaico: um balde de gelo. O réu relata o desentendimento na boate e que encontrou Marcel 60 dias depois num bar, quando o Playboy pediu desculpas, “não com muita humildade”. Name Filho, que está na Penitenciária Federal de Mossoró (Rio Grande do Norte), negou ser o mandante do crime.

Diante do juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Aluízio Pereira dos Santos, Jamilzinho pediu para contar toda história de forma bem detalhada. Os pormenores incluíram a roupa que usava naquela data - tênis branco, calça jeans e camiseta branca; os quarenta minutos de espera para entra na badalada boate, na Avenida Afonso Pena; além da companhia de dois amigos e de seis a sete meninas.

“Vou explicar essa história bem detalhadamente para o senhor. Sei que o senhor gosta das coisas bem objetivas. Mas eu preciso explicar bem correto e didaticamente. Explicar para que não reste dúvida”, disse Name Filho.

O réu contou que ele e grupo de amigos ocuparam duas mesas na pista, próximas do camarote. Por volta das 2h30, a casa começou a esvaziar. Inclusive, o camarote, onde restaram dois baldes, um com energético e o outro com cerveja e uísque.

Então, Marcel, que na definição de Jamilzinho “estava muito louco”, entrou no camarote e começou a jogar água nas mulheres. Na sequência, também molhou a camiseta de Name Filho. Ele conta que reagiu com uma frase contendo um encadeamento de três xingamentos. Depois, com a mão aberta, Marcel o empurrou, atingindo o nariz, que logo começou a sangrar.

Jamilzinho foi ouvido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos nesta terça-feira. (Foto: Reprodução)
Jamilzinho foi ouvido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos nesta terça-feira. (Foto: Reprodução)

Na sequência, seguranças retiraram Marcel do local. “Os seguranças vieram falar comigo, disse que estava tranquilo. Mas na raiva, naquela ânsia, você não está raciocinando direito, fui querer sair atrás do indivíduo. Um segurança me enforcou com um mata leão e quase desmaiei. O Xavier foi em cima dele, disse para parar que o rapaz era empresário e o cara me soltou”, relatou. Xavier é Paulo Roberto Teixeira Xavier, policial militar que teve o filho executado na porta de casa e relatou à operação Omertà, que a briga na boate foi a sentença de morte de Marcel.

De acordo com Jamil Name Filho, ele não sabia quem era o rapaz do camarote, mas, por curiosidade natural, se informou sobre a identidade do agressor. Passados 60 dias, ambos se reencontraram num bar, localizado na Avenida Afonso Pena.

Marcel pediu para um amigo de Jamilzinho fazer uma ponte para que ele pudesse se aproximar. “Ele veio pedir desculpa naquele dia, não também com muita humildade. Disse Marcel, tudo bem, mas é o seguinte, nossos mundos são diferentes. Você fica no seu mundo. Mas esse assunto se encerra aqui, está bom? Se fosse esse bandido frio, calculista e sanguinário, me levantava, abraça ele e falava somos amigos”.

Depois, eles se avistavam por bares e restaurantes, mas sem novos diálogos. Name Filho ainda relata que na data do crime, estava internado no Proncor. “Não tenho absolutamente nada a ver com isso”.

Policiais  – O juiz também quis saber se o réu conhecia os demais denunciados pelo homicídio. Jamilzinho contou que teve primeiro contato com o policial federal afastado Everaldo Monteiro de Assis por intermédio de um primo lotado na PRF (Polícia Rodoviária Federal).

“Meu primo, o Waldir Brasil do Nascimento, é da PRF há 20 anos. Ele trabalha na região de Rio Brilhante até Ponta Porã. Ele me ligou dizendo que queria passa lá em casa, queria deixar alguns documentos para eu entregar para o senador Delcídio, que é vizinho nosso de condomínio”, disse. O primo estava em companhia de Everaldo e ambos almoçaram na casa de Name.

Anos depois, na campanha do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira ao governo do Estado, o PF passou a visitar a casa por lá ser um ponto de apoio durante a campanha eleitoral. “Ele [Everaldo] gosta muito do doutor Odilon e estava muito preocupado com essa mudança de juiz para candidato. Ficou meio perdido, preocupado”.

Ao Campo Grande News, Waldir Brasil disse que o período em que levou os documentos, era de troca da superintendência da PRF no Estado e que buscava apoio para o cargo.

“Fui ouvido no processo como testemunha do Everaldo, mencionei que tinha grau de parentesco e não tenho nada para esconder. Só deixar bem claro que grau de parentesco é por causa do professor Pedro Chaves, que é irmão da minha mãe. Ele é casado com a professora Reni, irmã da Tereza Name”, diz. Tereza é mãe de Jamil Name Filho.

Paiol – Jamilzinho negou ser dono do arsenal apreendido em maio de 2019, num imóvel de sua propriedade. De acordo com ele, o então guarda municipal Marcelo Rios abrigou armas lá para revender, mas sem seu conhecimento.

“Não tem nada, absolutamente nada que me ligue a essas armas. A não ser que elas, no caso, foram encontradas nessa casa pertencente a mim”. Sobre as declarações da esposa de Marcelo Rios, que denunciou que ele prestava serviços para os Names, Jamilzinho argumenta que ela foi influenciada pelo delegado Fábio Peró, titular do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro).

“O delegado Peró fala para ela que o velho vai morrer, ele se referia ao meu pai como velho doente. Eu sou o próximo a morrer”, comentou.

Ao término no interrogatório, Jamilzinho agradeceu ao juiz pela gentileza com a qual conduziu a sessão. “Nos dá leveza, segurança para que a gente tenha desenvoltura para responder com tranquilidade às perguntas. É um juiz muito justo, legalista, humano e altruísta”. O delegado disse que o réu está no "direito de espernear, porque não tem o que argumentar" e que a investigação traz provas técnicas.

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