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Capital

Juíza acata denúncia e Name vira réu pela 2ª vez na Omertà

Defesa tem prazo de 10 dias, a partir da notificação, para apresentar defesa por apreensão de munição e armas

Marta Ferreira | 18/10/2019 14:40
Munição apreendida com o ex-guarda civil Marcelo Rios, no dia 19 de maio, em imóvel pertencente a Jamil Name, segundo as investigações. (Foto: Arquivo)
Munição apreendida com o ex-guarda civil Marcelo Rios, no dia 19 de maio, em imóvel pertencente a Jamil Name, segundo as investigações. (Foto: Arquivo)

A juíza em substituição na 1ª Vara Criminal de Campo Grande, Eucélia Cassal acatou, nesta quinta-feira (17), denúncia do Gaeco contra os empresários Jamil Name, 80 anos, Jamil Name Filho, 42 anos, o policial civil Márcio Cavalcanti da Silva, 63 anos, o policial civil Vladenilson Daniel Olmedo, 60 anos, e o guarda civil municipal Rafael Antunes Vieira, 29 anos. Eles foram transformados em réus por crimes contra o sistema nacional de armas, em razão do arsenal apreendido no dia 19 de maio com o ex-guarda civil municipal Marcelo Rios, episódio considerado o estopim da descoberta de organização criminosa dedicada a cometer execuções em Campo Grande.

Marcelo Rios já era réu, inclusive com depoimento marcado para 16 de dezembro deste ano. Esta é a segunda ação relativa ao grupo de extermínio em que Jamil Name vira réu. A anterior é pela prisão em flagrante com armas irregulares, junto com dois funcionários.

Depois de afirmar que há elementos para transformar os denunciados em acusados formalmente, a magistrada deu 10 dias para as defesas se manifestarem por escrito, inclusive a de Marcelo Rios, que já havia se manifestado.

O ex-guarda civil está no presídio federal de Campo Grande, para onde foi transferido em junho. Tem previsão de ser levado para a unidade penal de Mossoró (RN), mas o juiz titular da 1ª Vara, Roberto Ferreira Filho, solicitou que ele fique no Estado até ser ouvido.

Jamil Name, Jamilzinho e os dois policiais também estão no presídio federal, igualmente com transferência prevista para a cidade do Nordeste. No caso deles, a ida para outro estado foi solicitada em razão da descoberta de plano para executar o delegado de Polícia Civil Fábio Peró. Em todas as manifestações sobre as acusações, o advogado de Name, Renê Siufi, afirma que elas são infudadas e que as pessoas apontadas como envolvidas na organização criminosa apenas trabalhavam para a família.

O caso - Conforme a denúncia assinada pelos quatro promotores Tiago Di Giulio Freire, Gerson Eduardo de Araujo, Marcos Roberto Dietz e Thalys Franklyn de Souza, na condição de líderes desse grupo de extermínio, Jamil Name Jamil Name Filho, Jamilzinho, “custeavam todas as atividades do grupo, fornecendo o material necessário às execuções, a exemplo de armas, munições, veículos, imóveis, dinheiro e até mesmo proteção”.

O texto diz que “ao seu turno, o acusado Marcelo Rios, assim como os ora denunciados Rafael Antunes Vieira, Vladenilson Daniel Olmedo, e Márcio Cavalcante da Silva, atendiam as ordens de seus patrões Jamil Name e Jamil Name Filho, “dentre as quais a de transportar e manter a custódia do armamento de guerra destinado ao cometimento de crimes, em especial de homicídios”.

O Gaeco afirma que os crimes estão comprovados não só pela apreensão do arsenal mas também por todo o material colhido, entre eles mais de 800 escutas, além de acompanhamento da movimentação dos investigados.

Há, ainda, o depoimento-chave da mulher de Marcelo Rios, hoje sobre proteção policial, em que ela confirma ter visto as armas dentro de um veículo Uno usado pelo ex-servidor público, que era produto de roubo em Varzea Grande (MT) e teve os dados adulterados, inclusive a placa, por Marcelo Rios.

Por causa desse veículo, que os investigadores suspeitam ter sido usado também para execuções atribuída, Marcelo Rios e Jamil Name Filho são incluídos em mais crimes do que os outros alvos dessa acusação, adulteração de chassi e receptação.

Para os guardas e policiais envolvidos, todos já afastados de seus cargos, o Gaeco também solicita a perda da função pública. Dos 23 envolvidos na Omertà, 21 já estão denunciados, por crimes que vão desde organização criminosa até extorsão e corrupção ativa de servidores públicos. São quatro denúncias ao todo. Falta, apenas, pelo que já foi apurado, a responsabilização pelos assassinados atribuídos ao grupo.

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