“Mãe, tô vivo”, foi final feliz após assalto, sequestro e carro pegando fogo
Após aceitar corrida, motorista foi rendido por ladrões e preso em porta-malas de carro que bateu e pegou fogo
“Entrei no porta-malas pensando que não podia me desesperar, precisava ficar calmo”. A explicação vem um dia após ser agredido e ficar preso dentro de carro em chamas, durante sequestro relâmpago na madrugada desta quinta-feira (5). O motorista de aplicativo, de 46 anos, não terá o nome divulgado como forma de preservar a vítima, mas destaca que treinamento em lugares fechados foi o que salvou sua vida.
Antes do serviço atual, o técnico agrícola e motorista conta que trabalhou em silos destinados ao armazenamento de produtos agrícolas. “Sei que isso me ajudou. Estava acostumado a ficar em ambiente fechado, se não fosse isso, ia entrar em desespero, com certeza, dentro do porta-malas”, conta.
Sobre os ladrões, Petterson dos Santos Cruz, de 20 anos, e Paulo Henrique Varandas Cardoso, de 18 anos, o motorista explica que todos estavam muito agitados. “Anunciaram o assalto no Tiradentes e me colocaram no banco do passageiro. Antes de ir para o porta-malas, apanhei na cabeça. Um que estava atrás de mim, ficou me batendo com alguma coisa que parecia ferro, mas não sei o que era. Não vi arma”.
Desde fevereiro trabalhando como motorista nas horas vagas, ele conta que vê tudo o que aconteceu, em partes, como um erro seu. “Eu não gosto de pegar corridas de noite, mas acabei aceitando, porque ia encontrar minha mãe. Os destinos foram se distanciando e acabou nisso, mas agora estou tranquilo. Consegui dormir bem ontem”.
Relembrando os detalhes, o técnico agrícola conta que depois de ser colocado no porta-malas conseguiu continuar ouvindo o que os criminosos falavam. “Eles pararam em uma casa para pegar uma corda. Me ajeitei e fiquei em silêncio, se eu tivesse me desesperado, iam ter me amarrado e me batido mais”, explica.
Horas depois, o veículo foi perseguido por policiais, o motorista perdeu o controle da direção, bateu e pegou fogo na BR-262. “Eu não vi que estava pegando fogo, só ouvi os policiais. Quando percebi que tinha acabado, coloquei as mãos no vidro e fui socorrido. Se tivesse visto o fogo, teria tentado sair antes”.
Ansiosa desde a última quarta-feira, a mãe do motorista, de 64 anos, relata que segue preocupada. “Ainda não vi ele porque não deu tempo, mas vou ficar na casa dele até conseguir ver de novo. Ele tinha marcado de me ver na quarta-feira, mas como estava ocupado, eu disse que não precisava. Ele não recebeu mensagem, já tava na mão do bandido”.

Tentando se acalmar, ela explica que quando ficou sabendo sobre o sequestro, não sabia o que fazer. “Ele me ligou ontem de manhã e disse “mãe, tô vivo”. Ele sabia que eu estava ligando, aí me avisou e disse que precisava dormir. Fiquei doida lá em casa, mas agora está ficando tudo certo”.
Dinâmica - Conforme boletim de ocorrência, o motorista aceitou uma corrida na região do Nova Lima, com três homens e uma mulher durante a noite de quarta-feira (4). Depois de anunciarem o assalto, levaram o motorista até um local escuro e colocaram o técnico agrícola no porta-malas.
Já por volta de 00h30, a Polícia Militar resolveu realizar abordagem do veículo por suspeitarem e, neste momento, os envolvidos tentaram fugir em alta velocidade pela Avenida Ministro João Arinos.
Com outras viaturas envolvidas, o motorista perdeu o controle e invadiu o canteiro da rodovia, passando a pegar fogo. Antes das chamas se espalharem pelo restante do carro, os policiais ouviram o motorista e conseguiram socorrer a vítima. Dos quatro envolvidos, Petterson dos Santos Cruz e Paulo Henrique Varandas Cardoso foram presos.