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Capital

Manicure acusada de mandar "pai para inferninho" expõe anos de agressões

Mulher pretende solicitar medida protetiva contra pai, bem como solicitar a internação compulsória dele

Por Clara Farias | 30/05/2025 15:26
Manicure acusada de mandar "pai para inferninho" expõe anos de agressões
Manicure, de 36 anos, abrigou o pai agressivo por três anos na Capital (Foto: Osmar Veiga)

Abandonada pelo pai agressivo aos três anos de idade, no município de Antônio João, cerca de 280 quilômetros de Campo Grande, hoje, aos 36 anos, uma manicure se vê acusada de "abandono de incapaz". O relato foi compartilhado nesta sexta-feira (30) com o Campo Grande News, após ela se recusar a receber em casa o idoso de 70 anos.

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Manicure de 36 anos, em Campo Grande, recusa-se a abrigar o pai de 70 anos, a quem acusa de abandono e agressões. Ela relata histórico de violência doméstica contra a mãe e o próprio abandono na infância. Apesar de tê-lo acolhido por anos, após ele ser internado em clínica de reabilitação, a situação se tornou insustentável devido a agressões físicas e fugas recorrentes. O idoso, com histórico de alcoolismo e comportamento agressivo, foi encontrado desorientado em Campo Grande. A polícia localizou a filha, que se recusou a recebê-lo, temendo por sua segurança e de suas três filhas. O caso foi registrado na Depac/Cepol. A manicure afirma possuir documentos que comprovam os problemas de saúde e o comportamento agressivo do pai.

"Todo mundo está colocando a culpa em mim, dizendo que sou ruim, que sou egoísta, mas tem muita história por trás disso", desabafa a filha, que não será identificada nesta reportagem para preservar sua segurança.

Com uma pasta cheia de documentos que comprovam atendimentos médicos pelos quais o aposentado passou nos últimos anos, a manicure diz estar cansada de tentar. Segundo ela, antes mesmo de nascer, o pai já tinha má fama na família. Morador de uma fazenda, o homem casou com sua mãe quando tinha 26 anos, e ela apenas 15.

"A minha mãe aguentou ele por 12 anos. Eles viviam na fazenda e, a cada três meses, vinham para a cidade. Ele ia direto para a zona e ficava lá três, quatro dias. Quando acabava o dinheiro, vinha com faca ou revólver para matar a minha mãe, bravo porque o dinheiro tinha acabado", relembra.

Ainda conforme a manicure, o pai nunca quis saber dos dois filhos. "Ele só queria saber de farra e mulherada. Aprontou a vida toda dele em Antônio João", afirma.

Após anos sem contato, ela recebeu um telefonema de uma clínica de reabilitação. Disseram que, se não buscasse o pai, à época com 67 anos, seria denunciada por abandono de incapaz e poderia ser presa.

Ela conta que "engoliu" tudo o que a mãe passou com o genitor, além do próprio abandono que sofreu na infância, para cuidar do homem que um dia chamou de pai. "Conversei com meu marido e trouxe ele para dentro de casa. Nos primeiros anos, ele ficou tranquilo comigo, fazia o acompanhamento certinho, tomava os remédios no horário", lembra.

Manicure acusada de mandar "pai para inferninho" expõe anos de agressões
Um dos remédios controlados que o idoso precisa tomar (Foto: Osmar Veiga)

A situação, porém, mudou dois dias antes do Dia das Mães deste ano, quando o idoso fugiu pela primeira vez e passou noites desaparecido no Portal Caiobá. Apesar de a polícia tê-lo encontrado e levado de volta, no domingo da celebração ele fugiu novamente. "Sabe o que ele me deu de presente quando eu o encontrei? Um soco na cara. E ainda agrediu a vizinha que tentou me ajudar", contou.

Em um dos retornos à casa da filha, o idoso passou a andar de cueca pela residência e urinou em todo o quarto dela. Mãe de três meninas, de 15, 13 e 2 anos, a manicure teme pela segurança das filhas e pela própria vida.

"Quando passa o efeito dos remédios, ele se torna agressivo. Dessa última vez, fugiu de casa, foi parar na UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Eu levava comida e roupa pra ele, mas, quando o efeito dos remédios passava, ele ameaçava agredir os funcionários da UPA e fugia", relatou.

Em um dos papeis de internação, o diagnóstico do idoso é "transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool". No registro da evolução hospitalar, a equipe médica descreve que aquela era a quinta internação dele devido ao abuso de álcool. "A equipe refere que o mesmo costuma ficar agressivo e ameaçando os funcionários do hospital", detalhou.

A mulher pretende solicitar medida protetiva contra o genitor, bem como solicitar a internação do idoso para o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social).

Manicure acusada de mandar "pai para inferninho" expõe anos de agressões
Manicure abraçada com filhas menores de idade (Foto: Osmar Veiga)
Manicure acusada de mandar "pai para inferninho" expõe anos de agressões
Posto de saúde para onde o idoso foi levado (Foto: arquivo / Campo Grande News)

Último caso - Na noite de ontem (29), o idoso foi encontrado desorientado e com discurso confuso na Capital. A PM (Polícia Militar) foi acionada pelo plantão do Hospital Regional pois ele estava sem documentos. A equipe encaminhou o homem ao CRS (Centro Regional de Saúde) Aero Rancho, onde um assistente social localizou a filha por meio dos dados do SUS (Sistema Único de Saúde).

Ao telefonar para a mulher, de 36 anos, para questionar sobre o idoso, a PM recebeu como retorno: “Vocês têm tempo para achar meu celular, então se virem para achar minha casa. Eu não vou falar onde moro. Não quero ele aqui. Podem até jogar lá no inferninho ou enfiar em algum buraco”.

A equipe foi até o endereço dela, mas não foram recebidos. Com isso, resolveram levar o idoso até a Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) para registro da ocorrência.

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