Matagal e falta de calçada viram desafio para quem depende de transporte público
Em alguns casos trabalhadores preferem caminhar para pontos mais movimentados devido à sensação de insegurança
“De 2003 pra cá muita coisa mudou, mas eu continuo a ser quem eu sou”. A frase expressa no muro, há uma década, na Rua Ambrosina, entre a Avenida Ricardo Brandão e Rua 15 de Novembro, no centro de Campo Grande, talvez quisesse transmitir uma mensagem positiva de resiliência. Porém para quem passa pelo local é inevitável não associar o escrito ao estado crítico, na qual o mato domina toda a calçada. Isso quando tem.
Com a calmaria de final de ano, na qual a ruas ficam praticamente vazias, por si só já seria um risco para quem precisa trabalhar e depende se deslocar a pé até chegar ao local de embarque do transporte público.
Como se isso já não bastasse, o ponto de ônibus nº360, tornou-se um desafio perigosos aos trabalhadores que transitam pela região, principalmente as mulheres que mais visadas como alvos de furtos em decorrência de portarem bolsas. É o caso de Cida Neves, 48 anos, que para evitar sozinha em local ermo, prefere subir ‘ladeira’ até a Avenida Afonso Pena, onde se mais segura para tomar a condução de volta para casa, no Bairro Ganandi 2.
“Não fico ali sozinha não, nem de dia e muito menos à noite. Já fui assaltada duas vezes ao chegar em casa e sei bem como é. Em uma delas me levaram tudo, inclusive a bolsa, por isso ando olhando as sombras”, relata a babá que diz ter receio da região onde trabalha.
Conforme Cida, seria muito cômodo embarcar no ponto em questão, pois o trajeto que faz quando sai do trabalho, por volta das 17h, seria facilitado. Mas com a atual situação de abandono do local, gera insegurança e tentar encarar a condução tornou-se um desafio e é preciso traçar estratégias.
“Quando há trabalhadores das obras no entrono eu pego o 51 ali mesmo porque me sinto mais segura por causa da movimentação de pessoas. É muito melhor porque esse carro vai direto para o terminal próximo da minha casa, mas com a paralisação nas obras por conta do fim do ano prefiro pegar em um local mais movimentado”, salienta.
Quem também já sentiu a sensação de estar sendo observada por alguém embrenhado no mato é a doméstica Gisleine Ramos da Silva, 47 anos, que mora no Jardim Talismã. Há dois meses, o percurso que ela faz pela Rua Ambrosina, para chegar até a casa que cuida é tortuoso. Além da insegurança, é preciso estar atenta, tanto com o matagal, quanto com os osbstáculos como o lixo espalhado pelo caminho. “Acho que deveria [Prefeitura] fazer alguma coisa para melhor esse terreno porque é muito perigoso. Com certeza a gente fica com medo de passar aqui sozinha”.
O Ponto – Identificado com a placa 360, o ponto de ônibus tem cobertura e banco para sentar, porém o calçamento abrange somente alguns metros do se entorno. Caso o usuário que desce ou sobe do transporte queira se dirigir caminhando no sentido da Rua Levinda Ferreira, terá que encarar barro e mato ou se arriscar pelo meio da via, pois não existe calçada.