Médica diz que reação de Stephanie foi "atípica" ao saber sobre morte da filha
Tayse Capel estava de plantão na unidade de saúde quando a menina chegou e descreveu cena como "muito forte"
“Foi uma reação atípica. Ela não tirava os olhos do celular”, descreveu a médica pediatra neonatal Tayse Capel sobre a reação de Stephanie de Jesus da Silva, 26 anos, ao receber a notícia da morte de Sophia de Jesus Ocampo, em 26 de janeiro de 2023. Hoje a mulher passa por julgamento ao lado do padrasto da menina, Christian Campoçano Leitheim, 27 anos, com quem mantinha um relacionamento na época do crime.
RESUMO
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Uma médica pediatra neonatal testemunhou em julgamento sobre a morte de uma menina de 2 anos e 7 meses, relatando a reação incomum da mãe, que permaneceu no celular mesmo após ser informada do óbito da filha. A médica descreveu a criança como já estando morta ao chegar, com sinais de maus-tratos como hematomas na coluna e nas regiões anal e vaginal. A mãe, segundo a médica, demonstrou ansiedade e desespero apenas após a menção à chegada da polícia, sem chorar ao receber a notícia da morte. O depoimento gerou questionamentos da defesa sobre a capacidade da médica em atestar o óbito e o comportamento da mãe.
Durante o depoimento na frente dos jurados, a médica relatou que naquele dia estava de plantão na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino, quando foi chamada porque havia dado entrada uma criança com uma possível parada cardiorrespiratória.
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“Quando eu cheguei, a equipe já estava a postos. Me aproximei da maca e já notei que o corpo estava rígido, indicando que ela já estava morta. Fizemos os exames e eu fui imediatamente, como pediatra não é muito comum falar para uma mãe que seu filho está morto, mas fui até a mãe da Sophia e falei que ela estava morta”, disse Tayse com a voz embargada.
Segundo a profissional que atendeu a menina, a reação de Stephanie foi “atípica” já que, ao receber a notícia da morte da menina, ela sequer tirou os olhos do celular. “Ela continuou digitando, parecia estar ansiosa e nós da equipe verificamos que poderia ser um caso de maus-tratos, então acionamos a polícia”, pontuou a médica.
Os advogados de Stephanie questionaram sobre como a médica atestou o óbito da menina por diversas vezes e Tayse repetiu que ela já estava rígida e não tinha batimentos cardíacos. O juiz Aluízio então interrompeu e disse que a mulher não precisava mais responder.
“Era visível que ela estava morta. Realizamos todo o exame físico e a escuta cardíaca, ela não tinha batimentos. Estava toda rígida. Como suspeitamos de maus-tratos, tivemos que trabalhar todo o corpo dela”, descreveu Tayse.
Ainda no relato da médica, a coluna da menina estava com vários hematomas, assim como a região anal e da vagina não estavam condizentes com a de uma criança de apenas 2 anos e 7 meses. “Era uma cena bastante forte”, afirma. A defesa novamente pergunta se a profissional identificou outros sinais que pudessem atestar a morte e a médica diz “ela não tinha nenhum sinal de vida”.
Em seguida, a defesa de Stephanie questiona a médica sobre a hora da morte. E os advogados afirmam que ela não tinha capacidade técnica para atestar o óbito. “A gente está trabalhando sério, a senhora está na qualidade de testemunha e a senhora é uma médica. Por que não foi colocada a temperatura no prontuário médico?”, questiona o advogado Alex Viana de Melo.
A médica afirma não saber o motivo. Em seguida, Tayse relata que ela, Stephanie, não tirou os olhos do celular enquanto recebia a notícia da morte da filha e novamente é questionada por Alex. “A senhora é médica, como a senhora me fala que o comportamento individual de uma pessoa seria atípico ou não. Todos nós somos seres individuais”.
O juiz Aluízio interrompe e diz que foi a visão da médica naquele momento e diz que ela não precisa responder. Em seguida, o advogado questiona sobre a sedação de Stephanie e a liberação das fotos feitas pelos policiais civis e por que só aconteceu por volta das 21h40. Tayse responde que não sabe informar e que não era responsável por liberar o acesso aos servidores públicos.
Na sequência, o promotor de Justiça José Arturo Iunes Bobadilha Garcia pergunta quem estava perto da criança quando a médica chegou para atendê-la. E qual era o estado de ânimo da Stephanie. Novamente, Tayse diz que a mulher mexia no celular e parecia muito ansiosa e não mudou quando recebeu a notícia da morte.
"Quando falamos que a polícia ia ser chamada, ela ficou desesperada. Ela não chorou", finalizou a médica. O depoimento durou pouco mais de 30 minutos.
O júri – O julgamento do Caso Sophia pela 2ª Vara do Tribunal do Juri será realizado em dois dias, para que as 12 testemunhas arroladas por acusação e defesas sejam ouvidas, além dos réus e a argumentação dos advogados e da promotoria.
Christian é julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos. Ele é acusado de espancar a enteada até a morte e também responde por estupro de vulnerável. Já a mãe é julgada por homicídio doloso por omissão, já que não impediu o resultado trágico da violência praticada pelo companheiro contra a filha.
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