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Capital

“Meu filho não falou nada. Só caiu”, diz pai que viu garoto morrer

Nadyenka Castro e Paula Maciulevicius | 17/10/2011 20:17

José Carlos Ferreira da Silva, 37 anos, e o filho, Jéferson Dutra Ferreira, 17 anos, estavam no Monza que foi alvejado por tiros de calibre de uso exclusivo da Polícia

Jéferson morreu com um tiro. Ele morava há cinco meses com o pai em Campo Grande. (Foto: Reprodução/ Pedro Peralta)
Jéferson morreu com um tiro. Ele morava há cinco meses com o pai em Campo Grande. (Foto: Reprodução/ Pedro Peralta)

Ele viu o filho morrer em seus braços na madrugada do último sábado (17). Agora, o pedreiro José Carlos Ferreira da Silva, 37 anos, quer saber quem atirou no carro ocupado por ele, o filho e também por Darlan Moraes Santos, 32 anos, e Janaina Arguilhe Gomes, 28 anos.

José Carlos foi o único a sair ileso e conta que todos estavam na casa de Darlan onde era realizada uma festa. De lá foram para o bar na rua Brilhante e seguiam para comer lanche quando, aproximadamente um quilômetro depois, um Fiat Uno de cor azul emparelhou com o Monza onde estavam e um ocupante atirou.

“Esse carro apareceu e veio atirando para tudo quanto é lado. Por que e quem foi. para nós, é o que interessa saber. Eu não vi mais nada além do meu filho caindo morto do meu lado. Até agora ninguém entendeu o que aconteceu”, diz José sobre a cena em que foi um dos personagens.

O Monza era dirigido por Darlan e tinha Janaina como passageira. Foi ela quem ‘avisou’ sobre o tiros. Jéferson estava atrás dela, e conforme o pai dele, nada falou. José sentava atrás de Darlan e não foi atingido.

”A Janaina gritou é tiro, é tiro. Depois, o Darlan falou eu fui baleado. A Janaina falou eu também. Nisso, meu filho, do meu lado, não falou nada e só caiu. Deu os últimos dois suspiros e morreu”, lembra José.

Ao falar do que sente, o pedreiro resume. “Dor é quando a gente se machuca. O que estou sentindo é muito pior que dor”.

Após os tiros, seis, segundo testemunhas, o grupo no Fiat Uno azul fugiu. As vítimas foram socorridas e o corpo de Jéferson levado para necropsia. Segundo José, médicos legistas falaram para ele que o adolescente viveu por um segundo após o tiro ter atingido a axila direita e saído no ombro,

José e outras testemunhas afirmaram à Polícia Civil que o grupo não se envolveu em nenhuma confusão. “Foi um carro que passou, atirou e foi embora

Não teve briga. Nada que motivasse a situação”, fala o pedreiro.

Após o atentado, José e os irmãos foram para a delegacia de Polícia Civil registrar a ocorrência. Lá, segundo eles, ficaram sabendo que as munições são de uso exclusivo da Polícia.

De acordo com Adevanildo José Ferreira da Silva, construtor, 38 anos, policiais informaram para ele que a munição era da Polícia.

O funcionário público Aldomiro Ferreira da Silva, 31 anos, também tio do adolescente diz que agora, o que interessa é saber quem atirou. “Nós vamos atrás. Temos que saber o que aconteceu. Entender de onde veio o tiro. Se é a bala é da Polícia, alguma coisa a Polícia tem que ter. Se foi roubada, perdida, a gente quer saber”.

Segundo José, Jefferson estava em Campo Grande havia cinco meses e as diversões eram jogar vídeo-game e futebol.Antes de vir para a Capital, o adolescente morava em Água Clara com a mãe.

Pai e filho trabalhavam em uma obra em uma fazenda, de acordo com José, e iriam para o local no dia seguinte ao do crime. Ele diz que tem intenção de processar o Estado pelo fato do filho ter morrido com tiro de munição de uso da Polícia.

José mora há 30 anos na mesma residência, na Vila Santa Branca. Ele não tem passagens pela Polícia, assim como o filho.

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