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Capital

Moradores apontam 13 justificativas para cortar figueira da Rua Brilhante

Jorge Almoas | 04/02/2011 20:47

Lixo, insegurança e até macumba são motivos que vizinhança utiliza para poda definitiva de árvore centenária

Lindoarte diz que preservação deve ser feita na Amazônia e Pantanal (Foto: Simão Nogueira)
Lindoarte diz que preservação deve ser feita na Amazônia e Pantanal (Foto: Simão Nogueira)

A polêmica envolvendo a poda definitiva de uma figueira centenária localizada na Rua Brilhante ganhou 13 justificativas levantadas pela vizinhança, que respaldam o pedido de mais de dois anos que uma moradora fez à Justiça solicitando autorização para cortar a árvore.

Os moradores e comerciantes que estão localizados no entorno da figueira são unânimes em seu desejo: querem que a árvore venha abaixo.

Alexandra Andrade, 30 anos, que possui comércio na frente da árvore cita alguns dos 13 motivos.

“Essa árvore impede que o pedestre utilize a calcada, forçando-o a transitar pela rua, correndo risco de ser atropelado. As raízes da figueira avançaram e tomaram a faixa da direita. Eu medi, as raízes obstruem cerca de um metro na rua”, disse Alexandra.

Valdely aponta onde raízes da figueira destruíram sua casa (Foto: Simão Nogueira)
Valdely aponta onde raízes da figueira destruíram sua casa (Foto: Simão Nogueira)

Os outros 11 motivos são prejuízo na rede de esgoto – que está tomada pelas raízes da árvore centenária – resultando em bueiros entupidos e alagamento quando chove; os galhos caem e causam prejuízos e acidentes; as folha e galhos são recolhidos pelos moradores, mas a coleta de lixo não leva o material; a árvore está próximo a casas noturnas e bares, o que torna o local ponto escolhido para ocorrência de crimes e consumo de drogas.

“Encontrar lixo jogado aqui é comum. Mas teve vezes que achamos animais mortos e até macumba. Além disso, as raízes acumulam agia e se tornam criadouros do mosquito da dengue”, complementa a comerciante.

A altura da árvore prejudica a rede elétrica, cria um ambiente escuro e perigoso. “Não queremos que a poda da figueira seja prejudicial ao meio ambiente. Mas ela já está atrapalhando”, cita João Cândido Barbosa Xavier, 46 anos, proprietário de uma loja de material de construção.

João Cândido guarda fotos de todo o problema que a árvore vem causando. “Eu usava a figueira como referência, para dizer que minha loja era ao lado. Mas agora, acumula lixo, água parada, é escuro, perigoso e não se pode nem construir uma calçada. Como é que um cadeirante passa por aqui? Ele acaba se arriscando na rua”, justifica o comerciante.

Ele relata que quando funcionava uma lanchonete do lado oposto à figueira, o local servia de banheiro e até motel em local público. “Enquanto a Justiça não emitir notificação barrando a ação, o corte está mantido”, afirmou João.

João Cândido guarda fotos que registram problema causado pela figueira
João Cândido guarda fotos que registram problema causado pela figueira

A aposentada Idelcy Silva, de 76 anos, mora a uma quadra da “árvore do problema”. Ela conta que costuma fazer caminhadas pelo bairro, mas quem quando chega ao trecho da figueira, acaba passando pela rua. “Quase fui atropelada hoje. É um perigo isso aqui. Se fizerem abaixo-assinado para cortar, eu participo”, disse.

Para o dona de uma loja de móveis para escritório, Lindoarte Tavares da Silva Neto, a preocupação com o meio ambiente pode ser feita em outro local. "Essa árvore impede a passagem, acumula água pro mosquito da dengue. É um problema", arremata.

Ele diz que instalou piso tátil em frente à sua loja, para deficientes visuais, mas que, ao chegar próximo à árvore, a pessoa cega precisa desviar. "Foi um investimento sem uso", disse Lindoarte.

Raízes e galhos tomam faixa da direita, atrapalhando tráfego em linha de transporte coletivo
Raízes e galhos tomam faixa da direita, atrapalhando tráfego em linha de transporte coletivo

“A raiz da árvore entra por debaixo da terra e abre buracos dentro da minha casa. É uma árvore bonita, mas está causando muita destruição”, reclama o marceneiro Valdely Braga dos Santos, 38 anos, que mora em uma meia-água ao lado da loja de material de construção de João Cândido.

O marceneiro tenta defender o meio ambiente, mas seu problema acaba falando mais alto. “Sou contra o corte da árvore. Mas por conta desse transtorno, quero que arranque até a raiz”, enfatiza Valdely.

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