Moradores de favela liberam rodovia após 13h, mas continuam no escuro
Depois de mais de 13 horas de protesto, moradores da favela Cidade de Deus liberaram, por volta de meio-dia, a passagem de veículos na BR- 262, em frente ao lixão de Campo Grande. Desde ontem (24) à noite, o trânsito estava impedido no trecho. Hoje pela manhã, a prefeitura enviou representantes do Executivo para negociar com os manifestantes.
Houve confusão e bate boca na chegada do secretário de governo, Rodrigo Pimentel e de um dos seguranças da prefeitura, Maurício Sacff. O gerador de energia, retirado da favela na noite desta segunda-feira, não será recolocado, já que a responsabilidade pelo fornecimento de luz é da Energisa e não da prefeitura, conforme Pimentel.
Uma mulher de 53 anos, identificada como Madalena, passou mal durante o protesto e a suspeita é que ela tenha sofrido um infarto, segundo testemunhas. Ainda não há informações sobre seu estado de saúde. Ela foi socorrida na carroceria de um veículo Pampa e levada para o posto de saúde do bairro Coophavila.
“Se a Madalena morrer por causa da confusão, nós vamos acampar na Afonso Pena. É uma indignidade o que estão fazendo”, disse Sônia Virginia, 52 anos, que mora na Cidade de Deus com filhos, genros e netos.
Os moradores protestam contra a retirada dos geradores, que garantia energia às famílias, e contra a transferência do grupo para o Jardim Noroeste, na saída para Três Lagoas. No entanto, este terreno cedido pela prefeitura, com capacidade para 150 famílias, com ligações de água e luz, não é unanimidade entre os moradores. Muitos discordam da transferência para essa área.
Os manifestantes falam que o espaço foi improvisado por parte do Executivo.
Além do transtorno no trânsito, o bloqueio da rodovia, na entrada do lixão, prejudicou a coleta de lixo em vários bairros. Cerca de 800 toneladas de lixo deixaram de ser descarregadas pelos caminhões e também de serem recolhidas na manhã de hoje. O serviço chegou a ficar suspenso.
De acordo com Scaff, até quarta-feira que vem a população começa a ser retirada da favela. Outro problema é o número de famílias beneficiadas que não chega a ser nem metade das mais de 400 que vivem no local, segundo moradores.
No entanto, o secretário de Governo afirmou que, de acordo com um levantamento feito pela prefeitura, apenas 150 famílias precisam ser removidas. Sobre o restante, ele garante que já existe uma estratégia para isso.
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) controlou o trânsito, mas antes mesmo da liberação da rodovia, apenas uma viatura da PM (Polícia Militar) estava na rodovia.
Terreno - Scaff garantiu que os moradores poderão construir ou montar barracas no terreno. Sobre a quantidade de crianças da favela que estão na escola, a prefeitura informou que haverá estrutura para atender a todas.
Um dos líderes da favela entrou na justiça pedindo o restabelecimento da luz, como explicou Sacff. A Justiça concedeu a liminar, mas é preciso que o mesmo líder peça que a liminar seja cumprida.
“Casa vocês sabem que não tem, o terreno está pronto lá para vocês. A prefeitura precisa retirar os moradores da favela por determinação da Justiça", disse Rodrigo.
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