Mulher diz que é perseguida e hackeada por ex-marido policial militar
Ela relata ter vivido anos de agressões e controle psicológico; o caso mais recente envolve roubo de notebook
Após quase uma década de relacionamento com um subtenente da Polícia Militar, uma comerciante de Campo Grande afirma viver sob medo constante. Ela diz que sofre perseguições, ameaças e episódios que considera tentativas de intimidar; o mais recente ocorreu na semana passada, quando teve o notebook furtado durante uma viagem de trabalho a Ponta Porã.
RESUMO
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Uma empresária de Campo Grande vive sob constante ameaça após denunciar seu ex-marido, um subtenente da Polícia Militar, por violência doméstica. O relacionamento, iniciado em 2015, foi marcado por abusos psicológicos, físicos e financeiros, incluindo controle excessivo e tentativas de intimidação. A vítima relata diversos episódios de violência, incluindo agressões físicas, manipulação psicológica e possível envenenamento. O caso mais recente ocorreu em outubro, quando teve seu notebook furtado durante uma viagem a Ponta Porã, em circunstâncias que sugerem um roubo encomendado. Apesar das múltiplas denúncias registradas desde 2023, a empresária afirma que nenhuma medida efetiva foi tomada contra o agressor.
“Roubaram meu notebook, mas devolveram a mochila e o dinheiro. Levaram apenas o que interessava para ele: minhas senhas e informações pessoais,” relata. Segundo a comerciante, policiais da Delegacia da Mulher de Ponta Porã disseram que o crime não parecia um roubo comum.
A vítima, que é empresária, conta que vive uma sequência de abusos desde o início do casamento, em 2015. “Nós nos conhecemos 14 anos antes, nos reencontramos e, em três meses, estávamos casados. No começo, parecia tudo certo, mas logo ele começou a mudar”, relata.
A comerciante afirma que o ex-marido passou a demonstrar ciúmes e controle excessivo logo nos primeiros meses de convivência. “Ele dizia que as pessoas queriam me fazer mal, que eu devia ter cuidado com todo mundo. Começou a me colocar medo”, relembrou ao falar sobre o início do ciclo de violência. Segundo ela, na época, já tinha uma vida financeira consolidada, visto que possuía três casas e três carros.
Os primeiros sinais de adoecimento, segundo a comerciante, apareceram em 2016. “Tive problemas de saúde; depois, precisei de uma cirurgia de emergência. Era o resultado da violência psicológica que eu vivia”, afirmou a vítima.
Ela conta que o marido a humilhava diariamente: sentava-se em frente ao notebook e a ofendia. O subtenente afirmava que a vítima era ‘burra’ e que deveria se ajoelhar diante dele. Todo o sustento da casa, segundo ela, era bancado por sua renda. “Ele só pagava luz, água e condomínio; todo o resto ficava comigo”, disse.
A comerciante afirma que o primeiro episódio de agressão física ocorreu em 2016. “Foi durante uma relação sexual. Ele me bateu e disse que, se eu não deixasse, teria que bater nele. Era sempre do jeito dele”, relembrou. Com o tempo, ela disse que passou a viver sob medo constante, visto que ele controlava tudo e, segundo ela, mostrava cenas de pessoas mortas na televisão, a fim de amedrontá-la.

Em 2019, o controle se tornou ainda mais intenso. “Ele me levou a um psiquiatra e eu fiquei dopada por um ano. Ele mesmo me dava a medicação. Eu percebi que fazia isso de propósito", disse. Nesse período, ela perdeu parte do controle da própria empresa. Segundo ela, o subtenente saqueou a loja, deixando dívidas.
Três anos depois, a comerciante iniciou terapia e começou a desconfiar de envenenamento. “Eu estava muito fraca, com diarreia constante. A psicóloga me alertou para parar de comer em casa. Quando falei que colocaria câmeras, ele disse que quebraria tudo. Mesmo assim, instalei, e ele saiu de casa no mesmo dia", afirmou. Mesmo afastado, o policial continuava por perto.
Ela relata que ele alugou uma kitnet no bairro próximo a sua casa, e continuava monitorando a vítima. "Ele é hacker, invadia os celulares, sabia todas as minhas senhas", disse a comerciante. O ex teria dito a vítima que pesquisava a vida dela há 23 anos, e que se ela não aceitasse vender os próprios bens, ela pagaria com a própria vida.
O episódio mais recente ocorreu no dia 21 de outubro, quando ela viajava a trabalho para Ponta Porã. “Fui seguida por um carro com três homens. Um deles pegou minha mochila, levou o notebook e as senhas e, depois, devolveu a bolsa ao meu carro. Não levaram o dinheiro. Disseram na delegacia que parecia um roubo encomendado. Eu tive que pagar para chegar viva até Campo Grande”, relata.
Segundo ela, o notebook continha informações sigilosas que o ex-marido teria interesse em obter. A comerciante afirma ter registrado diversos boletins de ocorrência desde 2023, todos relatando perseguição e ameaças. “Nada aconteceu. Ele continua na ativa, armado, trabalhando normalmente”, diz.
Segundo ela, até uma ex-mulher do subtenente, também policial militar, teria pedido medida protetiva contra ele. A comerciante relata viver trancada em casa, temendo sair às ruas. “Minha mãe, meus irmãos e meus netos estão com medo. Não tenho redes sociais, não tenho vida. Estou sendo forçada a contar tudo porque temo morrer nas mãos de um policial", detalhou.
Ela diz ainda que tenta seguir as orientações de segurança, como trocar senhas e e-mails. “Mas, no fundo, sei que ele consegue entrar em qualquer lugar. Ele não tem nada a perder [...] Não estou pedindo bens nem dinheiro. Só quero continuar viva. Quero ver meus netos crescerem, trabalhar e viver em paz", finalizou.
O Campo Grande News tentou contato com a Polícia Militar e ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações futuras.
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