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Capital

Na escola, máscara fashion e pulseira que esguicha álcool não substituem abraço

Dificuldade para respirar com acessório no rosto “dói menos” que não poder encostar nos amiguinhos

Anahi Zurutuza, Paula Maciulevicius e Bruna Marques | 23/09/2020 12:29
"De abraçar", é o que responde a maioria dos alunos sobre o que ainda sentem falta, após a volta às aulas (Foto: Henrique Kawaminami)
"De abraçar", é o que responde a maioria dos alunos sobre o que ainda sentem falta, após a volta às aulas (Foto: Henrique Kawaminami)

Quem achou que manter as crianças de máscaras seria o problema se enganou. O acessório é um dos itens fashion do “novo normal” nas escolas privadas de Campo Grande depois da volta às aulas presenciais. Para os pequenos alunos, a dificuldade para respirar “dói menos” que a proibição de abraçar os coleguinhas.

Betina Maluf, de 5 anos, e Amanda Pegolo, de 6 anos, são melhores amigas e admitem a frustração de não poderem se abraçar depois de meses no isolamento.

Betina tem até pulseira que esguicha álcool em gel no "kit segurança" (Foto: Henrique Kawaminami)
Betina tem até pulseira que esguicha álcool em gel no "kit segurança" (Foto: Henrique Kawaminami)

Superequipada, Betina usa até uma pulseira que esguicha álcool em gel para ir às aulas e sabe bem como se cuidar. “Usar máscara e lavar a mão”. Para ela, o chato mesmo é que “não pode abraçar, não pode sentar perto”, repete, insatisfeita por não poder fica colada na amiguinha.

Da turma matutina do Jardim 3 do Colégio General Osório, Amanda é a única que não se adaptou à máscara. “Não me deixa respirar”. Mas, a solução também foi “na moda”, uma faceshield (aquela proteção de plástico) de unicórnio.

O contato físico é o que falta para a aluninha. “Eu sentava junto com ela (Betina). Quero que acabe logo o coronavírus, porque ele maltrata as pessoas”. Amanda lembra ainda que a brincadeira preferida, pega-pega, está proibida por enquanto.

Ana Sofia, de 6 anos, se adaptou bem e apesar da saudade do contato "de verdade" com os amiguinhos, questionada sobre o que mais sentiu falta durante o afastamento, foi bem sincera: “do lanche”.

Amanda não gostou de ter de usar máscara, mas faceshield de unicórnio foi a solução (Foto: Henrique Kawaminami)
Amanda não gostou de ter de usar máscara, mas faceshield de unicórnio foi a solução (Foto: Henrique Kawaminami)

Dia do Abraço - A professora da turma Luana da Silva Ribeiro Oliveira, de 35 anos, diz ter se surpreendido com grau de entendimento dos alunos sobre a necessidade do distanciamento e cuidados. “O novo assusta, mas foi melhor do que esperávamos. A escola está muito organizada e pais conscientes. A volta está sendo muito tranquila”.

A solução para a maior queixa das crianças já existe, de acordo com a pedagoga. Cada aluninho ganhou uma capa plástica para o Dia do Abraço, implantado às segundas-feiras.

Mais novos - Ontem e hoje, o Campo Grande News visitou escolas para saber como está a adaptação da criançada. Além da volta sem grandes dificuldades, o que a reportagem percebeu é que “covid-19” e “coronavírus” são palavras na ponta da língua, até do menores

Perguntado sobre como faz para não pegar o coronavírus, Yan Thin, de 3 anos, responde: "lavar a mão com sabão e passa álcool".

Para Yan, usar máscara não é problema, ainda mais a da "Patrulha Canina" (Foto: Henrique Kawaminami)
Para Yan, usar máscara não é problema, ainda mais a da "Patrulha Canina" (Foto: Henrique Kawaminami)

Apesar da máscara não ser obrigatória, os temas infantis agradam a criançada. "A minha é da Patrulha Canina", diz Yan.

Diretora pedagógica da Escola Criarte, Flávia Muniz explica que as crianças estão divididas em cinco por sala, no máximo. A adaptação às aulas presenciais tem sido tranquila nas palavras da diretora. "A dificuldade maior é com os bebês para manter o distanciamento e a higienização", comenta. Isso porque como a demanda por colo é maior, a cada bebê que a professora ou auxiliar pega, é preciso higienizar.

A rotina de chegada já é feita quase que no automático, os pezinhos no tapete sanitizante, por exemplo, nem chegam a ser observados como regra pelos pequenos. "A gente fala e ensina tudo de uma forma lúdica, com musiquinhas. Diz que não pode pegar no amiguinho, que o bichinho está no ar e a gente não consegue enxergar. E eles entendem".

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