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Capital

Na rua onde adolescente era mantido em cárcere, silêncio predomina

Adolescente contou à polícia que era obrigado a fazer programas para quitar dívida de moradia; travesti foi presa

Kerolyn Araújo | 03/03/2020 11:01
Na rua onde adolescente era mantido em cárcere, silêncio predomina
Portão todo fechado blinda o interior da casa onde adolescente era mantido em cárcere. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na rua da casa onde um adolescente de 16 anos era mantido em cárcere e obrigado a fazer programas sexuais para quitar dívida de moradia, o que prevalece é a lei do silêncio. Ninguém quer se envolver no que parece ser conhecido por muitos. A vítima foi resgatada pela Polícia Militar e Conselho Tutelar na noite de ontem (2) no bairro Amambaí, em Campo Grande.

A residência na Rua Orpheu Baís, bem próximo ao Horto Florestal tem fachada simples. O interior da casa é blindado por um portão todo fechado. O de entrada e saída e pedestres é monitorado por uma câmera de segurança.

Na região, o que impera é a lei do silêncio por medo de represálias. Uma comerciante, de 30 anos, que não quis se identificar, contou em poucas palavras que a movimentação na casa é intensa durante todo o dia, mas sem aglomeração em frente ao imóvel. ''Os clientes entram e saem rápido. Ninguém fica parado no portão", disse.

Segundo a comerciante, todos na região sabem que o local é ponto de prostituição, porém ela garante que desconhecia a informação de que na casa havia um adolescente. Outras duas tentativas de entrevistas foram sem sucesso e os moradores disseram que nunca viram nada no local, mas que sabiam que o local era habitado por travestis.

O caso - O caso chegou à polícia após o adolescente fazer uma denúncia ao Conselho Tutelar da cidade de origem, em Rondonópolis, no Mato Grosso. Segundo a vítima, ela era mantida em cárcere e obrigada a fazer programas para pagar as diárias na casa. Ela também havia recebido da cafetina um RG falso, com nome de outra pessoa e com idade de 27 anos.

Na noite de ontem (2), uma equipe da Polícia Militar e do Conselho Tutelar foram até o endereço e encontraram Márcio Alves Nunes, 49 anos, conhecido como Karina, dono da casa.

Presa, a travesti contou que é dona do pensionato há oito anos e que os hóspedes mensalistas podem fazer o que quiser dentro dos quartos, inclusive programas, mas negou que fosse cafetina. A suspeita também negou que tivesse fornecido documento falso ao adolescente e disse que ele apresentou o RG no dia que entrou no pensionato.

Karina passou por audiência de custódia nesta terça-feira (3) e foi colocada em liberdade provisória com monitoramento por tornozeleira eletrônica. O adolescente foi encaminhado ao Conselho Tutelar.

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