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Capital

"Não sei como será o Natal sem ele", diz esposa de garagista sumido há 20 dias

Investigação levou a descoberta de desmanche para onde carros de garagista foram levados depois de sumiço

Dayene Paz | 20/12/2021 15:55
Carlos Reis Medeiros de Jesus não é visto desde o dia 30 de novembro. (Foto: Reprodução/Facebook) 
Carlos Reis Medeiros de Jesus não é visto desde o dia 30 de novembro. (Foto: Reprodução/Facebook)

"Em 23 anos, nunca fiquei um dia sem ele. Não sei como será o Natal, mas ainda tenho esperança dele aparecer vivo". O relato é da empresária Josiane da Silva Medeiros, de 43 anos, esposa do garagista Carlos Reis de Medeiros de Jesus, de 52 anos, desaparecido há exatos 20 dias, em Campo Grande. As investigações sobre o sumiço do empresário são conduzidas pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio).

Josiane conta que os dias têm sido difíceis desde o dia 30 de novembro, quando o homem saiu de casa para trabalhar. "A minha filha de quatro anos chora e pergunta dele, respondo que está em uma viagem. Mas aí ela me fala que ele nunca volta, pergunta se ele não a ama mais", lamenta. "As coisas não estão sendo fáceis", complementa.

Sem respostas, a mulher diz que começou a desencadear problemas de saúde. "Procurei o médico e é tudo emocional. Os finais de semana a gente sempre fazia programas juntos, viajávamos, lembro e começo a chorar, não consigo comer e beber nada", conta.

Josiane ainda revela que mais dois carros de Carlos sumiram, além dos outros 11 apreendidos pela polícia em um desmanche, logo depois do sumiço. Além disso, teve que fechar o restaurante da família, por se sentir ameaçada "Aconteceram tantas coisas, não tenho forças para lutar contra esse povo. Tive que fechar meu restaurante, porque estava indo gente armada lá, tirando foto e querendo entrar, nem pude colocar minha equipe para trabalhar". Também afirma que há desentendimento sobre uma casa no Jardim Noroeste, negociada há anos e pertencente a Carlos, segundo Josiane.

A mulher acredita que o marido está vivo, sendo mantido em cárcere. "Acredito que ele esteja em algum cativeiro, sinto em algum lugar do meu coração e tenho esperança dele aparecer vivo. Peço para que se alguém estiver com ele, liberta ele", pede.

Desaparecimento - Carlos saiu de casa, no Bairro Tiradentes, por volta das 8h do dia 30 de novembro, em uma caminhonete S-10, para resolver "negócios de trabalho". Na sequência, a caminhonete foi encontrada destrancada em um terreno da vítima, próximo de sua casa.

Ainda na noite de terça, Josiane foi até a garagem do empresário e flagrou dois guinchos retirando veículos do local. Questionados sobre quem teria aberto a garagem, os suspeitos informaram que havia sido o empresário. Josiane chegou a segui-los para tentar encontrar o esposo, mas os perdeu de vista.

Na noite do dia seguinte, quarta-feira, 1º de dezembro, 11 veículos guinchados da garagem do empresário foram encontrados pela Polícia Civil em um desmanche clandestino na Travessa Pompéu, no Jardim Centro Oeste. Quatro pessoas foram flagradas retirando as peças dos carros. Elas foram levadas à DEH para esclarecer como os veículos foram parar no local.

Depois, Josiane acabou revelando que o sumiço do empresário poderia ter relação a agiotagem e apontou três suspeitos que deviam alta quantia ao garagista. Os suspeitos foram abordados no Bairro Moreninhas, quando a polícia encontrou um colchão, um ventilador, um travesseiro e duas garrafas pet com gelo. O grupo disse que seguia para uma chácara fora da cidade, mas não souber informar o local, nem quando retornaria.

Um deles, Vitor Hugo de Oliveira Afonso, de 33 anos, apresentou documento falso e foi preso. Todos eles confirmaram ter tido algum tipo de relacionamento com Carlos. Vitor alegou que junto com Thiago Gabriel Martins da Silva, de 32 anos - dono de uma funilaria no Aero Rancho - ajudava Carlos a revender veículos e que recebiam comissão. Dessa forma, disse que com o sumiço do garagista, todos estariam "perdendo dinheiro".

Vitor ainda confessou que deve R$ 3 mil e Gabriel R$ 5 mil, segundo ele, valor irrisório, perto do que Carlos empresta na cidade, o chamando de "agiota forte".

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