Narcotraficante foragido há 5 anos ordenou sequestro da filha
Gerson Palermo, condenado a 126 anos de prisão, coleciona “façanhas criminais”, como sequestro de um avião
O sequestro de uma jovem de 25 anos, libertada neste sábado (25) no Bairro Moreninha, em Campo Grande, foi orquestrado pelo próprio pai dela, o narcotraficante Gerson Palermo, condenado a 126 anos de prisão e com histórico de “façanhas criminais”. O mais ousado foi em 16 de agosto de 2000, quando sequestrou um Boeing da Vasp. Com o sequestro da filha, Palermo tentava reaver uma alta quantia em dinheiro.
RESUMO
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O narcotraficante Gerson Palermo, condenado a 126 anos de prisão, orquestrou o sequestro da própria filha de 25 anos em Campo Grande. A jovem foi atraída por uma falsa promessa de ajuda financeira para o tratamento de saúde da avó, sendo mantida em cativeiro e torturada no Bairro Moreninha. A vítima foi libertada após intervenção do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros). Um dos sequestradores, Reinaldo Silva de Farias, foi preso. Palermo, conhecido por sequestrar um Boeing da Vasp em 2000, está foragido desde 2020, quando teve sua prisão domiciliar revogada durante a pandemia.
Segundo a investigação, a jovem foi sequestrada na saída do trabalho, na região central da Capital. Para atraí-la, o pai ligou afirmando que mandaria alguém entregar uma quantia em dinheiro, a fim de ajudar nos custos do tratamento de saúde da avó, que está acamada. Quando essa pessoa chegou, ela entrou no veículo e foi sequestrada.
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Dois homens estavam no carro e disseram, segundo boletim de ocorrência, que queriam receber dinheiro do "velho", apelido dado a Gerson Palermo. Na sequência, a vítima foi levada ao cativeiro, um imóvel abandonado no Bairro Moreninha. Lá, foi torturada com agressões físicas e psicológicas.
Em fotos que os sequestradores chegaram a mandar ao marido da vítima, ela aparecia amarrada. Eles exigiam dinheiro em troca da libertação e faziam ameaças de morte. "Esse é o último áudio que você vai ouvir dela", e, na sequência, enviavam mensagens da vítima em tom de desespero: "Eu amo vocês".
O marido avisou o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), que passou a investigar o caso. Neste ínterim, Palermo chegou a falar com o avô materno da vítima em ligação que o genro, marido da vítima, também estava presente. Gerson afirmava que não iria acontecer nada com a filha caso "devolvessem o dinheiro". Também afirmou que estava sendo ameaçado e que todos iriam "morrer por causa desse dinheiro".
Durante as diligências da polícia, a jovem foi libertada no Bairro Moreninha. Ela ligou de uma loja de conveniência para o marido, em resgate acompanhado pelo Garras. Aos policiais confirmou que o pai orquestrou o sequestro e que ele está escondido com a mãe dela na Bolívia.
A mãe, então, intermediou a devolução dos aparelhos em um açougue no Jardim Leblon. Os policiais também acompanharam esse momento e chegaram a um dos sequestradores, Reinaldo Silva de Farias, de 34 anos. A vítima o reconheceu, assim como mensagens encontradas no celular do suspeito demonstraram que era ele quem pedia o resgate ao marido da vítima.
Reinaldo foi preso em flagrante pelos crimes de extorsão mediante sequestro, posse de arma de fogo de uso restrito e ameaça, permanecendo à disposição da Justiça. A residência do cativeiro foi periciada, e as investigações continuam para identificar e prender os demais envolvidos, entre eles um possível integrante de facção criminosa foragido da Justiça.
Chefão do tráfico - Gerson Palermo, condenado a 126 anos de prisão, está foragido desde 22 de abril de 2020, quando teve a prisão domiciliar revogada no mesmo dia em que retirou a tornozeleira eletrônica. Conhecido nacionalmente pelo histórico de crimes ligados ao tráfico de drogas e ao assalto a bancos, ele ganhou notoriedade ao sequestrar um avião da Vasp em 2000, desviando a rota da aeronave para Porecatu (PR), onde pretendia roubar R$ 5,5 milhões em malotes bancários.
A liberação de Gerson Palermo em 2020 resultou em uma crise jurídica e administrativa dentro dos sistemas de Justiça Federal e Estadual. O detento recebeu o benefício da prisão domiciliar durante a pandemia da covid-19, decisão autorizada pela Justiça Federal em Campo Grande, sob a justificativa de evitar risco de contaminação em presídios.
No entanto, no mesmo dia da concessão, a Justiça revogou a medida e determinou o retorno imediato de Palermo à prisão. Ele já havia deixado a unidade penal e retirado a tornozeleira eletrônica, desaparecendo desde então. O caso expôs falhas na comunicação entre o sistema penitenciário e o Judiciário, já que o mandado de recolhimento não foi cumprido a tempo.
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