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Capital

Omertá descobriu ao menos 19 que trocaram forças de segurança pelo crime

Nesta terça, foram mais três presos, entre eles um delegado e o primeiro PM envolvido no esquema criminoso

Marta Ferreira | 18/06/2020 18:06
Movimentação no Garras de policiais, que foram às ruas para prender inclusive colegas das forças de segurança. (Foto: Henrique Kawaminami)
Movimentação no Garras de policiais, que foram às ruas para prender inclusive colegas das forças de segurança. (Foto: Henrique Kawaminami)

Em pouco mais de um ano de investigação, a operação Omertà implicou oficialmente, com o nome em peças levadas à Justiça, 19 pessoas oriundas de cinco forças de segurança em grupo de extermínio suspeito de atuar em Campo Grande por pelo menos uma década. A soma considera as três fases da ação, liderada pelo (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) e pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco Assaltos e Sequestros), unidade onde o trabalho investigatório começou, em abril do ano passado, depois do assassinato por engano do filho de um oficial da Polícia Militar.

Até esta manhã, quando foi deflagrada a terceira fase da operação, eram 16 agentes e ex-agentes de segurança pública envolvidos. Hoje foram mais três, com elementos novos acrescentados: foi preso um delegado de Polícia Civil, atingindo assim a classe mais alta da Corporação, e também o primeiro policial militar apontado como envolvido no esquema. A outra prisão foi a quinta de policial civil desde o início da investida contra a organização criminosa.

O delegado da Polícia Civil preso é Márcio Shiro Obara, que atuou até a primeira fase da Omertà na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios). Ele é citado nas intercepções nas quais a operação se baseou como a autoridade policial à qual a milícia armada pagaria R$ 100 mil por proteção na investigação de execução de vítima.

Quando a prima fase da Omertá ocorreu, em setembro do ano passado, primeiro ele foi deslocado a Ponta Porã. Depois, foi para a 2ª Delegacia de Polícia Civil, no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande. Obara, segundo o Portal da Transparência, teve vencimentos brutos em maio de R$ 29 mil.

O policial civil Célio Rodrigues Monteiro, também preso nesta quinta-feira, estava atuando na DEH até a ordem judicial ser cumprida. A participação dele na milícia não foi esclarecida. Célio, levantou a reportagem, teve salário de R$ 7,5 mil sem descontos referente ao mês passado.

Conforme a investigação jornalística feita, o terceiro preso hoje, o sargento Rogério Luis Phelippe, estava atuando como "segurança externo" na Assembleia Legislativa. Trabalhava como motorista do deputado estadual Jamilson Name (sem partido). A remuneração dele foi de R$ 6,2 mil em maio.

O PM, conforme informações obtidas, era considerado espécie de substituto no grupo criminoso do ex-guarda civil Marcelo Rios, o primeiro a ser preso, no dia 19 de maio do ano passado, com arsenal atribuído à organização.

O organograma divulgado no ano passado mostrava a estrutura com uma chefia, compartilhada Jamil Name, 81 anos, e o filho, Jamilzinho, um nível de gerência e um outro operaciocional, além do último degrau, o dos executores das mortes.

Na primeira fase - Além de Marcelo Rios,  foram presos na época três guardas municipais. Em setembro, quando a operação ganhou as ruas, outros quatro integrantes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) foram encarcerados por envolvimento no escritório de pistolagem descrito.

A Guarda também é a origem de José Moreira Freires e Juanil Miranda Lima, considerados os pistoleiros da milícia armada, responsáveis pela execução que acabou em erro. Zezinho é condenado a 18 anos pela morte do delegado aposentado Paulo Magalhães, em 2012. Elas já não trabalhavam na corporação havia mais tempo. Os outros estão sendo excluídos em razão das acusações.

Em abril do ano passado,  a vítima deveria ser o capitão reformado da PM Paulo Roberto Teixeira Xavier, inimigo da família Name, para quem já havia trabalhado.  Mas quem foi fuzilado, ao sair de casa com o veículo do pai, foi o estudante Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos.

A partir dessa morte, os laços entre os integrantes da organização criminosa foram sendo resgatados pela investigação, primeiro do Garras e depois do Gaeco, acionado pela delegacia.

Além dos guardas já citados, foram enquadrados em organograma do escritório do crime, quatro policiais civis, dois deles de Ponta Porã e um policial federal, Everaldo Monteiro de Assis, que usava os conhecimentos e recursos da corporação federal para fazer dossiês sobre desafetos da milícia. O militar da reserva do Exército, Andrisson Correia, foi outro preso.

Com as três prisões de hoje, chega-se às 19 pessoas citadas no início do texto.

Em nota, a Polícia Civil informou que a Corregedoria Geral acompanhou os trabalhos. Além da prisão, houve busca e apreensão, tanto na residência, quanto nas estações de trabalho dos policiais investigados.,

"A Corregedoria-Geral da Polícia Civil informa que adotará as medidas necessárias para o afastamento compulsório dos servidores presos", diz o texto. É informado, ainda, que será encaminhado à Justiça pedido de compartilhamento de provas e informações colhidas contra os policiais civis, para subsidiar a instauração dos procedimentos administrativos disciplinares cabíveis. A punição máxima é a exclusão da Corporação.

Procedimento parecido também deve ser adotado pela PM (Polícia Militar) em relação ao sargento preso.

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