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Capital

Operação nacional contra PCC ligou preso da Máxima a duas decapitações

Condenado a 21 anos e seis meses de prisão por latrocínio, “Pezão” cumpre pena no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima de Campo Grande

Geisy Garnes | 19/06/2018 08:06
Equipes da Polícia Civil de São Paulo na Máxima (Foto: Saul Schramm)
Equipes da Polícia Civil de São Paulo na Máxima (Foto: Saul Schramm)

Além de cumprir mandados de prisão e busca em Mato Grosso do Sul, a Operação Echelon, realizada pela Polícia Civil em 14 Estados na semana passada, revelou ligação de Nilton Gauta Evangelista, o “Pezão”, a duas decapitações em Campo Grande.

A ação de alcance nacional contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) encontrou provas que ligam o presidiário aos crimes registrados no ano passado. O interno seria o mandante das execuções.

Condenado a 21 anos e seis meses de prisão por latrocínio, “Pezão” é dono de um histórico de progressão de regime e fugas desde 2007 e hoje cumpre pena no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o presídio de segurança máxima de Campo Grande.

Foi de dentro da unidade que ele teria comando dois julgamentos no “Tribunal do Crime” e ordenado às execuções de Rudnei da Silva Rocha, o “Babidi” e José Carlos Figueiredo, o “Coroa”.

Segundo apurado pelo Campo Grande News, durante as investigações da Polícia Civil de São Paulo, que resultaram na operação contra o PCC em 14 Estados, o nome de “Pezão” aparece como mandante de homicídios coordenados de dentro das penitenciárias do Brasil.

Os documentos que ligam o suspeito aos crimes foram enviados a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e fortalecem a linha de investigação da DEH (Delegacia Especializada de Repressão de Crimes de Homicídio), unidade responsável pelas investigações das mortes de “Babidi” e “Coroa”.

Durante a Operação Echelon, equipes policiais de São Paulo cumpriram pelo menos três mandados de prisão preventiva contra internos da Máxima de Campo Grande. Os nomes dos presos não foram divulgados pela polícia.

Corpo de José Carlos foi encontrado no dia 23 de novembro (Foto: Paulo Francis)
Corpo de José Carlos foi encontrado no dia 23 de novembro (Foto: Paulo Francis)
Réus pela morte de Coroa (Foto: Danielle Valetim)
Réus pela morte de Coroa (Foto: Danielle Valetim)

Execuções - O nome de Nilton Gauta apareceu pela primeira vez durante as investigações sobre o sequestro e morte de José Carlos Figueiredo, o “Coroa”, em novembro do ano passado. De acordo com a polícia, foi uma briga entre o filho do preso, de 15 anos, com a vítima motivou o assassinato.

O adolescente, conhecido como Tio Patinhas, teria uma dívida de drogas com José Carlos e para “se livrar de ameaças” pediu ajuda do pai. A mãe do garoto também resolveu interferir na situação e recorreu ao PCC. Foi a partir daí que a facção se envolveu no caso.

No dia do crime, o adolescente ainda foi forçado a decapitar a vítima, tudo para cumprir uma lei da facção: “Vida de paga com vida, sangue se paga com sangue”. Figueiredo foi encontrado decapitado com as mãos e os pés amarrados no dia 28 de novembro, em uma cachoeira na região do Céuzinho.

Em audiência, realizada no mês passado, “Pezão” negou envolvimento com o crime e afirmou que só foi “apontado” como autor da execução por causa do filho. Ele ainda alegou que não conhecia a vítima e que não tinha contato com o filho há quatro anos. “Não sei quem matou a vítima, eu não tenho envolvimento nenhum, meu único envolvimento é ser pai do menor, do tio patinhas”, afirmou em juízo. A versão no entanto é contestada nos depoimentos dos outros envolvidos e também do próprio adolescente.

Respondem pelo crime: Kaio Batista de Oliveira, de 25 anos, Davyd Samuel Boaventura Salvador, de 19 anos, Nicolas Kelvin Soares Montalvão, o Gordão de 19 anos, Luan Loubet Barros, de 20 anos, Nilton Gauta Evangelista, o Pezão de 38 anos, Carolina Gonçalves de Matos, a Carol, de 37 anos, Cleia Ricarda Aveiro, a Paraguaia de 40 anos, Henrique Leandro da Silva Pelegrino, o Gordinho, de 25 anos, Denilson Bernardo de Arruda, vulgo Denis, de 24 anos, Thiago Pereira Peres, conhecido como “Sem Vulgo”, de 29 anos e Pamella Almeida Ribeiro, a Emonoma, de 29 anos.

Rudnei da Silva Rocha, o “Babidi” (Foto: Reprodução Facebook)
Rudnei da Silva Rocha, o “Babidi” (Foto: Reprodução Facebook)
Audiência sobre a morte de Babidi (Foto: Fernando Antunes)
Audiência sobre a morte de Babidi (Foto: Fernando Antunes)

Babidi - Foram através de depoimentos, que a polícia chegou ao nome de “Pezão” como mandante da execução de Rudnei da Silva Rocha, o “Babidi”, encontrado decapitado em outubro de 2017.

Para a polícia, “Pezão” passou as coordenadas do “julgamento” de “Babidi” para os outros envolvidos no crime. Por telefone, o interno da Máxima teria auxiliado Cristina Gomes Nogueira Rodrigues, a “Polêmica”, a conduzir o interrogatório feito com a vítima e também dado a ordem de execução a Rodrigo Roberto Rodrigues, o “Magrão” e Roberto Railson Maia da Silva, identiifcado como os autores do crime.

O rapaz de 22 anos foi assassinado por supostamente estar negociando drogas com integrantes do Comando Vermelho, facção rival do PCC. O mesmo motivo também foi apontado com um dos motivos para a morte de “Coroa”.

Sete suspeitos respondem pela morte de “Babidi”: Lucas Carmona de Souza, 20 anos, Valdeir Lourenço, 44 anos, Rodrigo Roberto Rodrigues, 18 anos, Roberto Railson Maia da Silva, 21 anos, Cristina Gomes Nogueira Rodrigues, 31 anos, Mike Davison Medeiros da Silva Lima, 19 anos e Ayumi Chaves da Silva, 21 anos.

Equipes da Polícia Civil de São Paulo no Garras (Foto: Geisy Garnes)
Equipes da Polícia Civil de São Paulo no Garras (Foto: Geisy Garnes)

Operação Echelon – Após 12 meses de investigação, foi descoberto como a cúpula do grupo mantinha contato com bandidos em outros Estados, atuando nos tráficos de armas e drogas.

A polícia foi acionada quando pedaços de manuscritos foram encontrados nos esgotos do Presídio de Segurança Máxima de Presidente Venceslau (SP) por agentes penitenciários. Após a identificação de sete líderes da organização, a equipe policial descobriu a existência da célula “Sintonia de Outros Estados e Países”.

O grupo investigado, ainda segundo a Polícia Civil de São Paulo, é responsável por acirrar a disputa de facções no Brasil, além de envolvimento em homicídios e desaparecimentos de pessoas.

Em Mato Grosso do Sul, a operação também “prendeu” José Cláudio Arantes, o Tio Arantes, um dos líderes do PCC no Estado. Com 63 anos, ele cumpre pena na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), por envolvimento em assalto a bancos em Campo Grande no ano passado.

Além das investigações de São Paulo, Tio Arantes também foi alvo da Operação Paiol, comandada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), na terça-feira passada, dia 12 de junho.

Somente no ano passado, a guerra entre Comando Vermelho e PCC resultou em seis mortos em Campo Grande. Neste ano, a Polícia Civil do Estado já investiga outros seis homicídios de integrantes da facção.

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