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Capital

Organizador de trilhas é suspeito de invadir barraca e assediar clientes

Três mulheres já fizeram boletins de ocorrência contra o guia, que é proprietário da empresa e guia dos grupos

Geisy Garnes | 09/11/2017 16:50
Assédio teria acontecido no fim de semana, na Serra do Bodoquena (Foto: André Bittar)
Assédio teria acontecido no fim de semana, na Serra do Bodoquena (Foto: André Bittar)

O que era para ser um fim de semana de contato com a natureza, aventura e bons momentos, se transformou em caso de polícia e denúncia de assédio sexual por três clientes de uma empresa de turismo de Campo Grande, que são amigas. O destino era a Serra da Bodoquena e lá, durante um acampamento com uma agência de turismo de aventura, as três afirmam que foram vítimas de assédio por parte do guia e proprietário da empresa, de 42 anos.

Dois boletins de ocorrência já foram feitos, um envolvendo uma das vítimas e o outro as outras duas. Um caso está registrado na Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) e o outro na 2º Delegacia de Polícia Civil, no bairro Monte Castelo. Os dois devem ser investigados em Bodoquena, segundo confirmou a delegada-titular, Ariene Murad. Como os casos correm em segredo de justiça, os nomes serão preservados.

Os episódios, segundo as clientes, aconteceram no último fim de semana. O grupo de aproximadamente 15 pessoas saiu de Campo Grande na sexta-feira (3). Chegou a Bodoquena - a 266 quilômetros da Capital - no mesmo dia. O dia seguinte foi marcado por uma trilha pela serra. No fim da tarde, segundo o registro policial, aconteceu o primeiro assédio.

Após mais de um ano fazendo trilhas com a empresa disse ter sido "encurralada" pelo então amigo e guia. “Fui tomar banho em um banheiro mais afastado e quando sai encontrei ele. Ele me pediu um abraço. Quero deixar claro que ele sempre tratou todo mundo com carinho, com abraços e beijos no rosto, eu não achei maldade”.

Mas o abraço, segundo a jovem, deixou de ser um simples gesto de carinho quando ela sentiu que o suspeito começou a passar a mão por suas costas, por debaixo da blusa. “Congelei. Fiquei sem reação”. O abuso no entanto não parou por aí, afirma. Ela diz que o guia a agarrou à força, tentou beijá-la e passou a mão por seu corpo. Afirma que teve o pescoço beijado por ele, antes que conseguisse se desvencilhar.

A segunda situação relatada à polícia aconteceu, conforme a vítima, durante a madrugada de sábado (4), quando, diz, o guia invadiu a barraca em que uma outra campista dormia e, sussurrando no ouvido dela, se ofereceu para fazer sexo oral . “Falei que não, pedi para ele sair, falei que ia gritar. Fiquei com bastante medo”, diz ela, que também terá o nome preservado.

Ela diz ter procurado a amiga e que as duas estavam surpresas e angustiadas. “Falei para ela que tinha acontecido algo chato. Eu nem precisei falar mais nada, ela virou para mim e falou: com você também?”. Com o apoio uma da outra das vítimas decidiram criar um grupo no WhatsApp, com todas as mulheres que foram na trilha, para fazer um alerta.

Foi quanto surgiu mais uma denunciante. “Nas conversas uma outra menina contou que ele também ofereceu sexo oral para ela, assim como aconteceu comigo, mas na noite de sexta-feira (3) para sábado”, disse uma das mulheres.

A denúncia - Diante do novo relato, e do apoio das outras mulheres, elas resolveram procurar a polícia. “Como mulher, quis alertar outras mulheres. Isso é a cultura do estupro”.

Nos três casos, o suspeito procurou as vítimas para pedir desculpa no dia seguinte.“Na hora de ir embora ele foi me entregar o botom do evento e eu não queria.  Ele percebeu que evitei o abraço dele e aí me falou: desculpa se fiz alguma coisa. Ele pediu desculpa para primeira vítima, falou que isso não ia se repetir, mas se repetiu. Se aconteceu, quem garante que não aconteceu antes, depois, que vai continuar acontecendo”, afirmou um das jovens.

O caso chegou ao conhecimento à esposa do suspeito, também guia e sócia na empresa, que chegou a procurar uma das vítimas e pedir para que a denúncia fosse retirada. Ela também enviou áudios para as clientes afirmando que soube dos assédios, que estava revoltada e pedindo ajuda para resolver o assunto sem “tornar ela pior”. No áudio, a que o Campo Grande News teve acesso, a guia pede desculpas e tenta convencer a interlocutora a não expor a empresa.

Os boletins de ocorrência foram registrados por importunação ofensiva ao pudor e são investigadores em segredo de justiça.

A reportagem entrou em contato com o guia. Ele qe afirmou ter sido orientado a não se manifestar sobre o assunto com a reportagem, em razão do segredo de justiça. O Campo Grande News também tentou conversar com a defesa do guia, mas não houve retorno das ligações.

A esposa dele informou que não vai mais se pronunciar.

 

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