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Capital

Padrasto de Sophia se masturbava enquanto crianças dormiam no mesmo cômodo

Análise do Gaeco com base em dados extraídos de celulares dos réus por homicídio foi anexada a processo

Por Anahi Zurutuza | 06/02/2024 14:41
Christian Leitheim chegando para ser interrogado em juízo, no dia 5 de dezembro do ano passado (Foto: Ana Beatriz Rodrigues/Arquivo)
Christian Leitheim chegando para ser interrogado em juízo, no dia 5 de dezembro do ano passado (Foto: Ana Beatriz Rodrigues/Arquivo)

Novo relatório produzido pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) revelou mais um detalhe perturbador da convivência de Christian Campoçano Leitheim, de 26 anos, com a enteada, Sophia Ocampo, que morreu aos 2 anos e 7 meses, e os filhos. Responsável pelos “cuidados” com as crianças, enquanto a mulher trabalhava, ele se masturbava no mesmo ambiente que os pequenos.

A constatação foi feita a partir de fotos e vídeos extraídos do celular de Christian, acusado de espancar Sophia até a morte. Antes de rebater os argumentos das defesas do padrasto e de Stephanie de Jesus da Silva, 25, que apresentaram recursos contra a decisão de levar os clientes a júri popular, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), responsável pela acusação, entendeu necessário anexar ao processo “percepções adicionais” do Gaeco sobre o que foi encontrado no telefone, em outubro do ano passado, “porque durante seu interrogatório, Christian apresentou versões fantasiosas a respeito do ocorrido”.

“Mas não é só”, acrescenta a procuradora Ana Lara Camargo de Castro, coordenadora do Gaeco, após refazer as últimas horas de Sophia em vida. “O repositório do aparelho celular de Christian Campoçano Leitheim também revelou imagens de homem de pênis ereto, masturbando-se, no mesmo ambiente que uma criança, o que teria ocorrido tanto no dia 19 quanto no dia 20 de janeiro de 2023, vale dizer, 7 dias antes do óbito da vítima”, registra a signatária do documento, afirmando ainda que se comparadas as imagens com outras fotos encontradas em laudo pericial que faz parte do processo é possível concluir que “o referido homem é o próprio”.

Crime - O detalhe pinçado pela procuradora em meio ao emaranhado de fotos, vídeos, áudios e mensagens de texto analisadas pelo Gaeco nos celulares do réu e de Stephanie de Jesus da Silva, 25, a mãe da menina, que também responde por homicídio, pode complicar a situação de Christian, já que “a satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente” é crime.

O artigo 218-A do Código Penal prevê pena de reclusão de 2 a 4 anos para quem “praticar, na presença de pessoa menor de 14 anos, ou induzi-la a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem”.

 Sophia Ocampo, morta aos 2 anos e 7 meses (Foto: Arquivo de família) 
 Sophia Ocampo, morta aos 2 anos e 7 meses (Foto: Arquivo de família)

Estupro de vulnerável – O réu por homicídio também é acusado de estuprar Sophia. Exame necroscópico mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo, pois tinha ruptura cicatrizada do hímen.

O padrasto nega a acusação e a defesa ressalta que a perícia encontrou material genético (sêmen) de outro homem na casa onde o cliente vivia com Stephanie, a enteada e os filhos.

Renato Cavalcante Franco, um dos advogados do réu, afirma que as “informações ‘novas’ contidas no intitulado ‘relatório’, realizado pelo Gaeco, com colocação de ordem cronológica dos diálogos a partir do afastamento telemático, não muda a percepção defensiva de que não seria Christian o autor do crime de estupro” e que as imagens trazidas nos autos “não comprovam a prática de crime de estupro”.

A defesa também pediu para a reportagem registrar que o relatório anexado neste momento do processo fere o direito do réu à ampla defesa, principalmente porque o cliente não terá mais oportunidade de se defender em interrogatório. “Hoje, ambos foram pronunciados, decisão contra a qual houve levante defensivo e padece de apreciação do recurso próprio pelo Tribunal de Justiça de MS, porém, com a juntada de documentos de forma extemporânea que fere o direito de Defesa, a autodefesa do acusado de justificar, esclarecer, confessar, negar ou mesmo mentir a respeito do assunto”.

A acusação – No fim da tarde do dia 26 de janeiro de 2023, uma segunda-feira, Sophia deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou sinais de maus-tratos pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

O atestado de óbito apontou que a garotinha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica).

Para a investigação policial e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a criança foi espancada até a morte pelo padrasto, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos. Ele responde por homicídio e estupro. Já a mãe da menina, pelo assassinato, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque, no entendimento do MP, ela se omitiu do dever de cuidar. Ambos também foram denunciados pelo crime de tortura em outro processo.

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