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Capital

Pais de periferia: da vida difícil à busca de dias melhores para os filhos

Jovem conta esforço para que a caçula não fosse mais uma a morar em barraco

Aline dos Santos | 13/08/2017 07:52
Francisco com o filho de nove meses no colo.  “É difícil, mas tem que lutar para melhorar a situação”  (Foto: Marcos Ermínio)
Francisco com o filho de nove meses no colo. “É difícil, mas tem que lutar para melhorar a situação” (Foto: Marcos Ermínio)

Os pais em bairros periféricos, onde as dificuldades se espalham em barracos e parcos recursos, talvez passem o domingo sem presente. Mas nada desanima quem busca dias melhores para os filhos.

A casa de tijolo, em meio ao esqueleto de construções no Jardim Mário Covas, é o presente de Fábio Feitosa de Jesus, 29 anos, para a filha de um ano. Ele conta o esforço para que a caçula Ana Paula não fosse mais uma a morar em barracos.

“O que pude fazer, eu fiz. Não tinha nem como terminar a casa. Mas a gente se virou esperneou”, diz Fábio. Erguer a casa custou R$ 3 mil e, agora, o plano é tirar do papel o sonho de que o imóvel tenha reboco e piso. Atualmente, a remuneração da família vem do seguro-desemprego.

Pai de dois meninos, que moram com a mãe, ele conta que aprende as brincadeiras que agradam a filha. “Não tem esse negócio de bola”, diz.

Também morador no Jardim Mário Covas, para onde foram transferidas famílias da favela Cidade de Deus, Francisco Rocha, 54 anos, trabalha como serviços gerais. “É difícil, mas tem que lutar para melhorar a situação”, afirma.

Erguer  uma casa é o presente de Fábio para a filha caçula. "“O que pude fazer, eu fiz". (Foto: Marcos Ermínio)
Erguer uma casa é o presente de Fábio para a filha caçula. "“O que pude fazer, eu fiz". (Foto: Marcos Ermínio)

Pai de dois meninos, ele mora com a esposa e o filho mais novo em um barraco. Apesar das adversidades, o casal comemora a boa saúde de Jhonatan, de 9 meses. O menino curioso, que se contorce no andador para acompanhar a reportagem, fica inibido na foto e, longe dos flashes, se despede com um sorriso.

Exposto ao sol abrasador das manhãs de agosto, Gabriel Pereira, 54 anos, preparava cimento para a o cômodo que constrói ao lado do barraco no Jardim Bálsamo. Pela vizinhança da invasão, destino diante da dificuldade se custear o aluguel, moram quatro de seus cinco filhos.

No terreno onde flores são mantidas com zelo e infestado por escorpiões, ele para o trabalho para contar que a prioridade sempre foi a família. A esposa Roseli Gomes, 47 anos, diz que, logo que engravidou pela primeira vez, o marido parou com a bebida e cigarro.

Com os filhos já adultos, Gabriel diz que preferiu “suar a camisa” trabalhando sozinho para que a esposa ficasse em casa de olho nas crianças. Ele temia os perigos da rua.

“Quando é tudo pequeno, dá dor de cabeça. Quando cresce, a dor e cabeça é pior ainda”, brinca, mas logo emenda: “São tudo trabalhador, graças a Deus”, diz. Serviços gerais, ele conta que está à procura de emprego.

Gabriel conta que preferiu "suar a camisa" para que esposa ficasse em casa de olho nos cinco filhos.
(Foto: Marcos Ermínio)
Gabriel conta que preferiu "suar a camisa" para que esposa ficasse em casa de olho nos cinco filhos. (Foto: Marcos Ermínio)
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