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Para economizar anestésicos, covid reduz cirurgias até em clínicas veterinárias

Alguns anestésicos usados em animais são os mesmos contra covid e, por isso, conselho pediu que cirurgias eletivas sejam evitadas

Silvia Frias | 23/07/2020 08:34
Propofol, sedativo usado em clínicas veterinárias começa a ser produto raro para compra (Foto: Marcos Maluf)
Propofol, sedativo usado em clínicas veterinárias começa a ser produto raro para compra (Foto: Marcos Maluf)

O CRMV-MS (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul) recomendou aos profissionais das clínicas de pequenos animais que evitem cirurgias eletivas durante o período da pandemia do novo coronavírus (covid-19), já que muitos anestésicos são os mesmos ministrados no tratamento da doença em humanos.

As clínicas já relatam escassez dos medicamentos, alta nos preços e suspensão das cirurgias em decorrência da pandemia da covid-19.

A reunião virtual foi realizada na semana passada, segundo a conselheira efetiva do CRMV-MS, Gizelly Gonçalves Bandeira Mello. A intenção foi alinhar procedimentos a serem tomados para evitar prejuízo no trabalho veterinário e no atendimento nos hospitais do Estado. Na lista de anestésicos compartilhados nas duas áreas estão propofol, midazolan, fentanil, quetamina, remifentanil, morfina, alfentanil e sulfentanil.

A preocupação é conseqüência do ocorrido em Canoas (RS), onde a secretaria municipal de Saúde recorreu às clínicas e hospitais veterinários em busca dos sedativos necessários para entubação de pacientes com quadro grave de covid-19. “Temos que orientar aos profissionais que essa situação pode acontecer aqui no Estado”.

A recomendação é que os veterinários não façam estoque desses produtos e adotem protocolos alternativos para as cirurgias. “Desde fim de maio, começo de junho já está difícil comprar”, explica a conselheira.

A medida, além de evitar o desabastecimento das clínicas e gastos maiores, já que muitos sedativos tiveram reajuste nos preços. Gizelly cita como exemplo o preço da ampola de Propofol, que oscilava de R$ 7 a R$ 11 e hoje custa R$ 60.

Antes mesmo da reunião, as clínicas veterinárias já começaram a se adaptar à situação. Na Dog Company, o sócio-proprietário Wagner Alfonso disse que não estão marcando cirurgias eletivas justamente para administrar o estoque geral que deve durar até o fim do ano.

A cirurgia de castração, que se enquadra como eletiva, está sendo realizada excepcionalmente, caso o animal já esteja sendo submetido a algum procedimento emergencial.

Como a clínica terceiriza a anestesia, somente a morfina, listada pelo CRMV, está no estoque da empresa, sendo usado para controle da dor pós-cirurgia ou durante atendimento por traumatismo, por exemplo. “Estamos com esse bem no finalzinho”, diz Wagner, explicando que o preço já sofreu reajuste de 200%.

No Pronto Dog & Cat, a veterinária Janecler Oliveira, disse que ainda tem propofol no estoque, mas já recebeu a negativa da distribuidora para entrega de nova remessa, pois a empresa está priorizando a venda para hospitais para tratamento da covid-19.

Para evitar a suspensão das cirurgias eletivas, que estão sendo feitas normalmente, a veterinária diz que passou a usar também outros anestésicos, considerados eficazes, porém, mais caro do que os usados regularmente. Enquanto costumava comprar a ampola do propofol por R$ 20, a de outro anestésico é encontrado a R$ 500.

A oscilação de preços também foi citada por ela como situação ocorrida pós pandemia.

A proprietária de outra clínica de Campo Grande, que não quis ter nome divulgado, também terceiriza anestesia, mas já está com dificuldades em relação a outros gastos. Há casos de medicamentos que tiveram o preço triplicado, além do aumento do custo com máscara e luvas, também precisam ser usados nos procedimentos. “Por enquanto, estamos levando a situação”, disse a empresária, alegando que o valor do serviço pode ser reajustado por conta do aumento de gastos.

Em nota, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) diz que a competência da compra dos medicamentos é dos hospitais, não tendo informação de desabastecimento. Mas, por conta da pandemia, cadastraram intenção de ata de registro de preços no MInistério da Saúde, licitação que ocorrerá esta semana.

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande) diz que são utilizados midazolan, fentanila, cetamina e morfina nas unidades 24 horas e Samu e que os estoques na rede estão normalizados, e ainda sem previsão para a aquisição de novos.

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