Pastor da "cura gay" é denunciado e presta depoimento ao MPMS
Sem falar com a imprensa, ele deixou a promotoria na Chácara Cachoeira ao lado do advogado Marcos Jesus

O pastor Denilson Cordeiro da Fonseca, citado em reportagem do Campo Grande News por oferecer curso de “Cura Gay”, prestou depoimento ao promotor Eduardo Franco Cândia na tarde desta terça-feira (26). Na ocasião, ele explicou os procedimentos da Escola de Cura, na chácara da Comunidade Cristã Aliançados.
Um denunciante procurou o Ministério Público para informar sobre a ação do pastor, que estaria "usando de discriminação aos LGBT pregando a "cura gay", mediante pagamento em valores, contrariando o disposto pela OMS que retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças, bem como no Código de Ética da Psicologia que proíbe esses profissionais de induzir convicções de orientação sexual nos pacientes (sic)".
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Com depoimento de cerca de meia hora, Denilson deixou a 67ª Promotoria de Direitos Humanos de Campo Grande, no Bairro Chácara Cachoeira ao lado do advogado Marcos Jesus Assis. Nenhum dos dois quis se posicionar sobre o teor da audiência.
O Campo Grande News procurou a assessoria de imprensa do promotor, que informou que como defesa, Denilson apresentou à promotoria os folders de divulgação do curso negando se tratar de “cura gay” e que dentre os casos atendidos pela Escola de Cura há situações envolvendo vícios em bebidas e drogas, problemas financeiros e de relacionamento.
Ainda na oitiva, o pastor pontuou que a Escola de Cura tem apenas um convênio com a Igreja Comunidade Cristã Aliançados e que na própria Igreja há fiéis homossexuais.
O curso - As informações sobre o retiro que promete cura já foi assunto de matéria do Lado B. Durante a apuração sobre a chamada Escola de Cura, uma funcionária reforçou a promessa de cura dos pecados, dos atrasos na vida e até do que a igreja considera "imoralidade sexual", leia-se "cura gay".
Para atingir os objetivos, a escola promove uma internação de três dias e garante que quem está disposto a "mudar" consegue atingir o objetivo. A secretária confirmou que é possível curar alguém que é gay, desde que a pessoa queira. Segundo ela, a homossexualidade não é normal, mas sim, uma atitude espiritual e uma atitude diabólica.
O curso é divido em três módulos, custa R$ 970, pode ser parcelado e chega a reunir 100 e 110 participantes.
Na Escola de Cura, é tratada, segundo a igreja, “toda maldição”. As maldições, explicou uma das funcinária à reportagem, podem ter vindo da família, adquirido por algum pecado ou por alguma atitude.
O retiro começa na quinta-feira a tarde e há atividades coletivas e também individuais com um pastor em um gabinete. Nesse atendimento individual é feito o tratamento do problema específico da pessoa. A cura é feita com orações de renúncia para que a pessoa mude a situação.