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Capital

Perícia aguarda dados nacionais para identificar 5 vítimas de serial killer

Cleber de Souza Carvalho é autor do assassinato de sete homens, cinco deles ainda não tiveram a identidade confirmada

Geisy Garnes | 22/06/2020 17:17
Cleber ajudou a polícia a desenterrar os corpos em maio, logo após ser preso (Foto: Henrique Kawaminami)
Cleber ajudou a polícia a desenterrar os corpos em maio, logo após ser preso (Foto: Henrique Kawaminami)

No dia 7 de maio deste ano, Campo Grande conheceu o pedreiro Cleber de Souza Carvalho, de 43 anos, e descobriu o destino de sete homens que estavam desaparecidos na cidade. Oito dias depois, os corpos começaram a ser desenterrados pela polícia. Mais de um mês depois, os trabalhos para confirmar a identidade das vítimas do serial killer continuam e dependem de uma rede nacional de perfis genéticos para serem concluídos.

A série de assassinatos cometidos pelo pedreiro foi relevada durante investigações sobre o desaparecimento do comerciante José Leonel Ferreira dos Santos, de 61 anos.

O primeiro a ser identificado foi o próprio José Leonel. No dia 19 de junho, sexta-feira, a ossada de Claudionor Longo Xavier, de 47 anos, foi entregue a família, dando fim a uma procura que durou mais de 14 meses. Outras cinco vítimas aguardam a finalização dos exames para terem nomes e serem sepultadas.

Para entender como é feito o processo de identificação das ossadas, o Campo Grande News conversou com a perita criminal e diretora do instituto, Josemirtes Socorro Fonseca Prado da Silva. A reportagem ela explicou que o tempo para confirmação da identidade das vítimas do serial killer é prolongado por dois motivos: o tempo que permaneceram enterradas e a ação dos ácidos da terra nos ossos e dentes.

O corpo de Claudionor, que estava desaparecido desde março do ano passado, foi o segundo a ser idenitificado (Foto: Arquivo)
O corpo de Claudionor, que estava desaparecido desde março do ano passado, foi o segundo a ser idenitificado (Foto: Arquivo)

Quanto mais tempo enterrado, maior a deterioração dos ossos e maior a dificuldade na extração do DNA. Nesses casos, são necessários a adoção de procedimentos específicos, conta Josemirtes.

Passo a passo - Primeiro, são separados dois fragmentos de ossos. Um deles é mergulhado em uma substância que vai aumentar a possibilidade de retirada do DNA. Para isso é preciso que fique reservado por 10 dias. Enquanto isso, a segunda amostra é pulverizada, transformada em um pó, para ser submetida a exames.

É esse segundo fragmento que apresenta os primeiros resultados. Se a partir do osso pulverizado for possível identificar amostras de DNA, os peritos a submetem a uma segunda análise, com finalidade de verificar se a quantidade de material é suficiente para identificar a vítima. Se não for, os profissionais precisam recorrer ao fragmento que está no reagente e repetir todo o procedimento.

Assim que conseguem chegar a uma quantidade aceitável, trabalham para aumentar o material. Só então fazem a detecção do DNA e pôr fim a comparação com familiares. É nessa última fase que estão os exames dos cinco homens mortos por Cleber.

Em dois dos casos, explica a perita, as famílias são de Mato Grosso do Sul e por isso parentes próximos já entregaram material genético para comparação. Nos outros três, os familiares que podem contribuir para a identificação moram em São Paulo, na Bahia e em Goiás. Por conta disso a coleta será feita pelos laboratórios de cada estado e inseridos na Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos.

Graças a essa ligação de dados, os profissionais de Mato Grosso do Sul terão acesso ao material genético dos parentes das possíveis vítimas em um prazo de até 15 dias e assim conseguirão efetuar a comparação. Segundo Josemirtes, por todas as ossadas pertencerem a homens, um fator genético facilita a confirmação.

“Todos os homens da mesma família possuem o mesmo cromossomo Y. Por isso pedimos o material genético de um parente masculino do lado paterno. É uma facilitadora”. Mesmo depois de finalizado, todo o procedimento é revisado por um segundo perito e só então liberado.

Ainda conforme a diretora do instituto, outras duas ossadas devem ser liberadas nesta semana e apenas às três que dependem do banco de dados nacional ficarão pendentes. Faltam ser confirmadas as identidades de José Jesus de Souza, de 45 anos, Roberto Geraldo Clariano, 50 anos, Hélio Taíra, 74 anos, Flávio Pereira Cece, 34 anos e do aposentado Timóteo Pontes Romã, de 62 anos.

Encarcerado - Cleber de Souza Carvalho está na cadeia por força de dois mandados de prisão preventiva – um pela morte de José Leonel e outro pela de Timóteo Pontes Romã, assassinado um dia depois do comerciante com pauladas na cabeça.  Os casos tramitam na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.

A denúncia já foi aceita em relação ao primeiro assassinato e já foi apresentada defesa prévia do serial killer.

Ele foi descoberto a partir da prisão da esposa Roselaine Tavares Gonçalves, 40 anos,  e da filha Yasmim Natacha Souza de Carvalho no dia 7 de maio. Segundo as investigações policiais, elas confessaram detalhes de como o dono da casa foi assassinado para que a família morasse no local. Cleber só foi encontrado no dia 15 e além de assumir a morte do comerciante, admitiu outros seis homicídios

Aos policiais, contou os casos com riqueza de detalhes, levou as equipes aos locais onde ocultou todos os corpos e ajudou a escavar para retirada de ossadas. Cleber deu o nome de todas as suas vítimas, mas a maioria delas não tinham condições de reconhecimento. A partir daí, os profissionais do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses de Mato Grosso do Sul foram acionados para confirmar a identidade de cada uma.


O corpo de Timóteo Pontes Romã foi o último a ser encontrado e estava na própria casa (Foto: Kísie Aionã)
O corpo de Timóteo Pontes Romã foi o último a ser encontrado e estava na própria casa (Foto: Kísie Aionã)


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