Pistoleiro morto em SC recebeu R$ 180 mil de Name 1 mês antes de execuções
Gaeco destaca retirada de R$ 1 milhão quando surgiu suspeita de atentado
Morto na última sexta-feira (dia 9) em confronto com a polícia em Santa Catarina, Thyago Machado Abdul Ahad, apontado como pistoleiro e foragido na Operação Omertá, recebeu R$ 180 mil de Jamil Name em 21 de setembro de 2018, um mês antes de duas execuções em Campo Grande.
A movimentação consta na quebra do sigilo bancário de Name, que foi preso em setembro de 2019 acusado de liderar organização criminosa e faleceu em junho deste ano. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) destacou que há transações bancárias na conta de Jamil Name realizadas em datas próximas de crimes.
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Uma das operações foi em 21 de setembro de 2018, quando foram compensados dez cheques, todos de R$ 90 mil. O ex-foragido foi favorecido com dois: um em nome de pessoa física (Thyago Machado Abdul Ahad) e outro como pessoa jurídica (Thyago Machado Abdul Ahad EPP, um bilhar).
Conforme o relatório, Thyago começou a ser investigado por ser fornecedor de material bélico para policial civil. Depois, foi apontado como “pistoleiro e provável executor de crimes ocorridos neste Estado em prol da aludida organização criminosa Omertà, bem como é ligado diretamente a família de Fahd Jamil”. Mais conhecido como “Rei da Fronteira”, Fahd também foi preso na operação.
Em 21 de setembro de 2018 também foram compensados cheques, todos de R$ 90 mil, na conta de Jamil Name para outros favorecidos: Flávio Correia Jamil Georges (filho de Fahd Jamil e foragido), Marco Aurélio Alvarez Georges (filho de Fahd), Escobar e Lima Advogados (cujo representante se apresentou como familiar do Rei da Fronteira), MA Mendes Couto, Engeaco Construtora Ltda e Engeaco Eirelli EPP.
O documento também destaca retirada de R$ 1 milhão na conta de Name em 2 de março de 2020. Segundo o Gaeco, no mesmo período foi revelado plano de atentado contra autoridades envolvidas na operação Omertà.
O dinheiro foi entregue a Benevides Cândido Pereira, apontado como auxiliar financeiro “office boy” dos Names. Porém, a quantia não entrou na conta dele e nem foi usada para incremento do patrimônio. Antes do débito, a única movimentação bancária na conta de Name naquela data foi o crédito, também no total de R$ 1 milhão, por meio de transferência da empresa Case Eólica Ltda, localizada em Natal (Rio Grande do Norte).
Os relatórios de quebra de sigilo bancário foram anexados na sexta-feira (dia 9) ao processo relativo à terceira fase da Omertà, batizada de Armagedon. A ação tramita na 1ª Vara Criminal.
O advogado Thiago Bunning informa que não haverá manifestação da defesa, posto que os processo será extinto em relação a Jamil Name, que faleceu em 27 de junho. A reportagem não conseguiu contato com os demais citados.