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Capital

Plano de prevenção a incêndio do Camelódromo está irregular

Documento é emitido após análise de projeto, que até hoje não foi feito apesar de a administração ter solicitado à prefeitura

Carlos Martins | 04/02/2013 14:27
Mais de 3 mil pessoas circulam por dia no Camelódromo (Foto: Rodrigo Pazinato)
Mais de 3 mil pessoas circulam por dia no Camelódromo (Foto: Rodrigo Pazinato)

Embora conte com equipamentos e seguranças que, segundo a administração, estão preparados para combater incêndios, o Camelódromo de Campo Grande não tem o certificado de vistoria emitido pelo Corpo de Bombeiros Militar. O documento é emitido após uma vistoria no local para ver se tudo aquilo que consta no projeto de Combate à Incêndio e Pânico, que até hoje não foi elaborado, foi cumprido.

Por dia, circulam pelos estreitos corredores do local, de 3.500 a 4 mil pessoas. A este número é acrescido em torno de mais 800 funcionários, considerando que em muitos dos 470 boxes instalados trabalham pelo menos duas pessoas.

Na última sexta-feira (01.02) durante audiência pública na Câmara Municipal sobre segurança em bares, boates, casa de shows e lugares com grande concentração de pessoas, o promotor de Justiça Alexandre Rasian citou o camelódromo como um espaço que poderia acarretar riscos para o público e funcionários. “No camelódromo existem muitos aparelhos eletrônicos que entram facilmente em combustão e podem provocar um incêndio. Mas o problema não é somente as chamas, tem a situação de pânico também, será que o local está adequado para uma situação desta?”, questionou o promotor.

Em maio do ano passado, após vistoria no Camelódromo pelo 6º Grupamento, os bombeiros notificaram a administração para uma série de providências que deveriam ser tomadas. Entre as exigências, contidas no ofício 268/SST/6º GB, algumas foram cumpridas, tais como colocar placa de identificação de extintor próximo à Central Elétrica [onde ficam 2 extintores), manutenção nas caixas de hidrantes, apresentação de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) da instalação elétrica. Mas a principal, fazer um projeto de prevenção contra incêndio, até hoje não foi cumprido.

“Enviamos um ofício à prefeitura para que designasse um engenheiro para elaborar o projeto”, disse o vice-presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes de Campo Grande, Francisco José Pereira. Conforme apurou a reportagem, nenhum projeto foi encaminhado ao Corpo de Bombeiros, que somente é aprovado depois que todas as exigências forem cumpridas. Após a aprovação é que os bombeiros fazem a vistoria no local e, estando tudo de acordo, aí é emitido o Certificado de Vistoria, um dos documentos necessários para que a prefeitura libere o Alvará de Funcionamento.

Segundo a administração, nos três pisos estão instalados 46 extintores (Foto: Rodrigo Pazinato)
Segundo a administração, nos três pisos estão instalados 46 extintores (Foto: Rodrigo Pazinato)

Sem resposta - A solicitação requisitando um engenheiro para que fizesse o projeto foi feita por meio do ofício 31/2012 de 22 de maio de 2012, encaminhado ao então secretário Marcos Cristaldo, da Semadur (Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). O ofício foi assinado pela presidente da Associação, Linda Silva Tufaile, que assumiu em novembro de 2011 juntamente com uma diretoria composta por 12 membros para um mandato de dois anos. “Não tivemos resposta até hoje da prefeitura. Uma das preocupações da nova administração que assumiu o Camelódromo, foi em relação à segurança e que incluía medidas de combate a incêndio”, disse o diretor e responsável pela segurança, Amarildo Santos.

Conforme o vice-presidente Francisco José Pereira, trabalham no local 15 seguranças (10 durante o dia e 5 no turno da noite) que além do curso para o desempenho da função também foram habilitados em primeiros socorros e no combate a incêndios pela Escola de Segurança Privada (ESP-MS). Nos três pavimentos do local, estão localizados 46 extintores de incêndio: com pó químico, para debelar fogo em eletroeletrônicos e com água para uso em vestuário. “Uma empresa especializada faz a manutenção periódica dos extintores”, informa o vice-presidente.

Também em cada andar estão instalados hidrantes, que, segundo Amarildo, passam por uma inspeção periódica. “As mangueiras utilizadas nos hidrantes são novas e inspecionadas a cada 15 dias. Fazemos um teste com as mangueiras no calçadão para verificar se tudo está funcionando com as bombas [que puxa a água de um poço]. Após o uso, as mangueiras passam são secadas e recebem um talco especial que ajuda na conservação e evita que estraguem”, explicou Amarildo dos Santos.

Vice-presidente Francisco Pereira (E) e um segurança ao lado de um hidrante (Foto: Rodrigo Pazinato)
Vice-presidente Francisco Pereira (E) e um segurança ao lado de um hidrante (Foto: Rodrigo Pazinato)

Portões - Em relação às saídas, a parte superior, onde funciona a administração e também espaço para a exposição de arte, é acessada por uma rampa e possui ainda uma escada lateral. No andar ao nível da Afonso Pena e da Rua XV de Novembro tem três portões (entrada na Afonso Pena, outro ao lado do calçadão e outro na entrada da XV de Novembro). Na parte de baixo, são quatro portões, incluindo um que fica fechado com uma corrente com cadeado. “É um portão de emergência, o segurança tem a chave para abri-la caso seja necessário”, diz Amarildo.

O Camelódromo, cujo nome oficial é Centro Comercial Popular Marcelo Barbosa da Fonseca, foi inaugurado em 1998 para abrigar em um mesmo espaço os vendedores ambulantes da Capital. Em uma área de 3 mil metros quadrados são vendidos produtos dos mais variados, que vão de eletroeletrônicos importados a roupas e calçados. Para a cliente Eliane Barros, a questão da segurança é primordial, por isso todas as medidas devem ser adotadas para diminuir os riscos no Camelódromo. “A gente não para pra pensar, acha que vai acontecer apenas com os outros”, disse, lembrando a tragédia de Santa Maria na boate Kiss, que resultou na morte de 237 estudantes.

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