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Capital

Policial sustenta que amava colega morta e diz que crime foi “tragédia”

Ângela Kempfer e Aline dos Santos | 05/08/2011 09:53

Cleidival Vasquez enfrenta júri popular hoje por morte de Elaine Yamazaki

Cleidival Vasques, de branco, é julgado hoje em Campo Grande. (Foto: Simão Nogueira)
Cleidival Vasques, de branco, é julgado hoje em Campo Grande. (Foto: Simão Nogueira)

Sempre demonstrando tranquilidade, o policial civil Cleidival Vasquez reforçou hoje em julgamento que não teve intenção de matar a colega de trabalho Elaine Yamazaki, versão que sustenta desde o dia do crime, em março de 2009.

Ao falar sobre o caso no Tribunal do Júri, o policial garantiu que mantinha um “relacionamento amoroso” com Elaine, que era casada.

Ele respondeu questões ao juiz Aloísio dos Santos e ao advogado de defesa Renê Siufi, mas nenhum dos sete jurados ou membros da promotoria fizeram perguntas.

Ao terminar o depoimento, Cleidival tentou mostrar intimidade com Elaine. “A gente se gostava muito. A gente tinha planos, lamento muito a tragédia”.

Antes, durante 20 minutos, ele contou que conhecia a vítima há 3 anos e 11 meses, antes mesmo dela entrar para a Polícia.

Dois anos e meio antes do crime, os dois teriam se envolvido, apesar de Elaine ser casada e ter uma filha, hoje com 12 anos.

A rotina dele, segundo o réu, era buscar Elaine em casa, todos os dias pela manhã e depois levá-la à tarde, após o trabalho na Delegacia da Mulher, onde os dois eram lotados.

Com o tempo, Elaine teria pedido a Cleidival para que não a buscasse mais de manhã, porque “houve alguns problemas” e o marido estava desconfiado.

O juiz Aloísio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Júri, perguntou por 2 vezes como estava o relacionamento na época do crime. “Acho que estava bem”, respondeu o policial, hoje lotado na Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos).

O juiz repetiu a pergunta e então o réu disse que os dois “tinham algumas dúvidas sobre como seria o futuro”, mas sem maiores detalhes.

Família faz protesto em frente ao Fórum.
Família faz protesto em frente ao Fórum.

Assassinato - No dia do crime, Cleidival diz que levou Elaine em casa, usando a viatura policial, porque estava chovendo. Depois, à noite, foi até a universidade Anhanguera, onde Elaine estudava.

Ao encontrar a vítima, ele diz que parou com a moto ao lado do carro dela, que estava estacionado perto do carro do patrão do marido de Elaine, o que teria a deixado preocupada.

Por conta disso, Elaine teria pedido a Cleidival que a acompanhasse até outro local, longe dali. “Só fui atrás dela porque ela pediu”, garante.

Os dois pararam na Vila Carvalho, na rua 1º de Julho, quase esquina com a Salgado Filho, começaram a conversar e Cleidival disse que colocou a arma funcional no painel, em frente ao banco do passageiro, onde sentou.

A pistola teria caído duas vezes e na terceira vez, disparou. Ele garante que o tiro foi acidental, apesar da bala ter atingido a cabeça, entre os dois olhos.

“Ela era bem pequenininha, estava olhando para mim e mexendo no som do carro, procurando uma música no CD que meu filho gravou e eu dei para ela”, justificou.

O juiz perguntou porque a arma não estava travada. “Era para estar, mas não estava”, respondeu, apesar de 22 anos de experiência na Polícia Civil.

Cleidival também foi questionado sobre porque não a socorreu. “Nunca atirei em ninguém, fiquei em uma situação de desespero total. Ela não tinha pulsação e fui embora”, justificou.

Na manhã do dia seguinte, ele se apresentou às 7h30 na delegacia, como autor do crime.O corpo de Elaine havia sido encontrado horas antes, abandonado dentro do carro.

Acusação - O Ministério Público Estadual pede a condenação por homicídio doloso duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Segundo a promotoria, Cleidival matou a vítima por ciúmes e porque ela não queria envolvimento afetivo com o réu.

O Ministério Público afirma que ele foi até Elaine na noite do crime irritado por causa de recado de outro homem deixado no Orkut. Sobre a mensagem, ele disse que “tinha, mas não era motivo para fazer uma coisa desse tipo”.

Eloíde Viana, irmã de Elaine, garante que “ninguém sabia desse relacionamento entre os dois”. Aparentemente indignada, ela conta que o policial era amigo da família, frequentava a casa, por isso considera Cleidival “dissimulado”.

Quieto, apenas trocando algumas informações com o promotor do caso, o marido da Elaine acompanha o julgamento, ao lado da mãe da vítima.

Ainda pela manhã a promotoria deve se manifestar. A sentença está prevista para sair no fim da tarde desta sexta-feira.

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