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Capital

Preso de novo, homem é flagrado em abatedouro clandestino com 90 aves

José Carlos Xavier, 62 anos, foi detido em flagrante na manhã desta sexta-feira

Por Gabriel Neris e Clara Farias | 22/08/2025 11:39
Preso de novo, homem é flagrado em abatedouro clandestino com 90 aves
Espaço onde aves ficavam para serem abatidas (Clara Farias)

A Polícia Civil prendeu nesta sexta-feira (22) José Carlos Xavier, 62 anos, durante ação que desarticulou um abatedouro clandestino de frangos no Bairro Los Angeles, em Campo Grande. O local foi descoberto após investigação da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), que acionou a Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) para realizar o flagrante.

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José Carlos Xavier, 62 anos, foi preso em Campo Grande por manter um abatedouro clandestino de frangos no Bairro Los Angeles. A Polícia Civil, acionada pela Iagro, encontrou cerca de 90 aves em condições precárias, algumas mortas e outras doentes. O local, usado em regime de comodato, apresentava vísceras espalhadas e indícios de que as aves estavam confinadas há dias. Um segundo suspeito, responsável pela precificação e revenda, fugiu. Xavier já havia sido preso em 2021 pelo mesmo crime em outro abatedouro clandestino no Parque Lageado. Na ocasião, confessou abater de 30 a 40 aves por dia sem inspeção. As aves apreendidas serão descartadas por apresentarem sinais de enfermidade. O suspeito foi autuado por manter e vender mercadoria imprópria para consumo, crime com pena de 2 a 5 anos de prisão, sem direito à fiança.

De acordo com a fiscalização, cerca de 90 aves estavam encaixotadas e enclausuradas havia dias, evidenciado pelo crescimento das unhas. O ambiente apresentava condições precárias, com frangos mortos no chão e vísceras espalhadas. Há suspeita de que parte dos animais tenha sido desviada de cargas e levada ao espaço, usado em regime de comodato.

Segundo os fiscais do SIM (Serviço de Inspeção Municipal), o preso era responsável por abater os animais, enquanto outro homem recolhia as aves para precificação e revenda. Esse segundo suspeito conseguiu fugir ao perceber a chegada das equipes, entrando em uma área de mata próxima.

A polícia informou que as aves serão descartadas, já que apresentavam sinais de enfermidade e não poderiam ser destinadas ao consumo.

Preso de novo, homem é flagrado em abatedouro clandestino com 90 aves
José Xavier aguarda sentado e algemado (Foto: Clara Farias)

Segundo a médica veterinária Luana Basaglia, do SIM, as condições encontradas no abatedouro clandestino eram um alerta imediato de risco à saúde. “A gente consegue ver por essa questão de sanidade que falamos. As galinhas estavam com unhas muito grandes, o que mostra que ficaram enclausuradas por bastante tempo. Algumas estavam até queimadas, provavelmente porque ficavam ao lado do fogãozinho usado na depenagem”, relatou. Ela acrescenta que havia animais desnutridos, com penagem falha e cauda desgastada, sinais típicos de má nutrição. Outro problema identificado foi a presença de parasitas: “Algumas aves tinham vermes visíveis. Isso já indica verminose em estágio muito avançado”.

O consumo dessa carne, segundo a veterinária, representa ameaça direta à população. “Aqui o mais importante é a Salmonella, que pode causar intoxicações graves. Mas não é só isso. Encontramos condições que favorecem a presença de bactérias como Clostridium, Staphylococcus e Streptococcus, que já entram até na questão das superbactérias”, explicou. Ela reforça que o perigo vai além do cozimento: “Esse tipo de produção e manipulação é tão precário que nem o aquecimento ou a forma de assar eliminam totalmente os riscos. As aves estavam no meio de fezes, encarceradas em monte, e isso pode até culminar em canibalismo. É uma situação de extremo risco para os animais e, principalmente, para o consumidor final”.

Preso de novo, homem é flagrado em abatedouro clandestino com 90 aves
Frangos dentro de galão em área do Jardim Los Angeles (Foto: Clara Farias)

Reincidência – José Carlos já havia sido preso em 2021 pelo mesmo crime. Na ocasião, fiscalização da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e da Guarda Civil Municipal flagraram outro abatedouro clandestino, no Bairro Parque Lageado, onde cerca de 200 galinhas eram mantidas em más condições e parte delas já havia sido abatida sem qualquer registro sanitário.

O suspeito confessou, naquela época, que abatia, em média, de 30 a 40 aves por dia, recebendo por cada uma em atividade também sem inspeção oficial.

Agora, ele voltou a ser autuado em flagrante por manter em depósito ou vender mercadoria imprópria para o consumo. A pena varia de dois a cinco anos de prisão, sem direito a fiança neste momento.