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Capital

Preso por matar amigo de infância diz que tiro foi "brincadeira idiota"

Familiares de Lucas Dias diz que os dois já tinham brincado de roleta-russa com revólver calibre 38 da vítima

Silvia Frias | 12/11/2021 09:53
Leonardo Exeverria foi sepultado esta manhã, no Cemitério Jardim das Palmeiras. (Foto: Paulo Francis)
Leonardo Exeverria foi sepultado esta manhã, no Cemitério Jardim das Palmeiras. (Foto: Paulo Francis)

O servente de pedreiro Lucas Leandro da Silva Dantas, 19 anos, conhecia o comerciante Leonardo José Exeverria da Silva, 26 anos, desde a infância. O mais velho frequentava a casa da família do outro desde os 10 anos e, ontem, morreu ao ser atingido com tiro na cabeça, disparado por Lucas. Preso, se diz arrependido pela “brincadeira idiota”, que tirou a vida do amigo.

A morte aconteceu ontem, por volta das 11h, na casa de Lucas Dantas, no Jardim Tijuca. O rapaz foi preso pela PM (Polícia Militar). Preliminarmente, foi  indiciado por homicídio culposo (sem intenção) e porte ilegal de arma. Hoje, na audiência de custódia, teve a prisão preventiva convertida em domiciliar, sob o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e aviso prévio à Justiça em caso de viagem.

Polícia na casa onde Leonardo morreu ontem. (Foto: Paulo Francis)
Polícia na casa onde Leonardo morreu ontem. (Foto: Paulo Francis)

No depoimento prestado à Polícia Civil, os pais de Lucas disseram que conheciam Leonardo desde que ele tinha 10 anos e o consideravam como sobrinho. O rapaz frequentava a casa deles semanalmente e tornou-se amigo de Lucas, sete anos mais novo.

Ontem, Lucas dormia no quarto, quando foi acordado por Leonardo, que chegou para uma das visitas corriqueiras. À polícia, disse que se levantou, foi ao banheiro, lavou o rosto e, ao voltar para o quarto, enquanto se secava, se deparou com o amigo com o revólver calibre 38, em punho, em sua direção.

Segundo ele, teria dito: “Ô, mané, para com essas brincadeiras”. Leonardo segurava o “cão” da arma (peça que aciona o disparo do projétil) com a curvatura das mãos, que separa o indicador do polegar, de modo a evitar o disparo. Lucas diz que, dessa forma, Leonardo apertou o gatilho, fazendo o tambor girar, e chegou a ouvir estalido. Depois, a arma foi jogada em cima da cama.

Neste momento, Leonardo começou a mexer no celular com uma mão e, na outra,

Leonardo morreu com tiro que o atingiu na cabeça. (Foto: Reprodução)
Leonardo morreu com tiro que o atingiu na cabeça. (Foto: Reprodução)

segurava o cigarro aceso, desatento à movimentação do amigo. Lucas resolveu fazer a mesma brincadeira, mas acredita que a arma tenha sido acionada, pois não conseguiu segurar o “cão” e acionou o gatilho, fazendo o tambor girar e liberando o “cão”.

O comerciante foi atingido na cabeça e caiu entre o quarto e a passagem para sala.

Lucas diz que não sabia que a arma estava carregada e não teve a intenção de matar o rapaz. Contou à polícia que já guardou o revólver para Leonardo em outras duas ocasiões na semana passada, depois que a casa do comerciante foi arrombada. Finalizou o depoimento dizendo-se “arrependido por ter tirado a vida do amigo por brincadeira idiota”.

Amizade – Além de Lucas, prestaram depoimentos os pais e o primo dele.

Os pais disseram que conheciam Leonardo desde criança e, atualmente, ele era dono de loja de carros. Naquele momento, estavam olhando para veículo que o rapaz estava vendendo.

O comerciante Jurandir Dias, 45 anos, disse que o comerciante comprou a arma há dois meses. A mãe, Roseli da Silva, 38 anos, acrescentou que o motivo seria por segurança, depois que Leonardo foi ameaçado por cliente, insatisfeito com a negociação.

No relato dos dois, consta que a “roleta-russa” já tinha sido praticada entre os amigos, motivo de advertência do pai de Lucas. O primo Jessé Dias, 26 anos, contou à polícia que presenciou o momento em que o comerciante apontou a arma para o outro, mas não tem certeza se o gatilho foi apertado, apenas ouviu estalo.

Lucas Leandro Dias foi preso logo depois do crime. (Foto: Paulo Francis)
Lucas Leandro Dias foi preso logo depois do crime. (Foto: Paulo Francis)

Diz que os dois amigos ficaram rindo e fazendo gozação um com o outro. Nesse momento, se virou e não viu quando o primo pegou a arma, apenas ouviu o barulho e logo o comerciante no chão. Lucas começou a chorar e dizia que “estavam brincando”.

Sobre o disparo, Jurandir Dias diz que ouviu o estrondo e foi para dentro da casa, acreditando que o aparelho de TV tinha caído. Viu Leonardo no chão, notou que ainda respirava e acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas ele morreu antes da chegada do socorro. Nos três depoimentos, disseram acreditar que o disparou foi acidental, já que não havia desavença entre os dois, que eram amigos de longa data.

Hoje, Leonardo Exeverria foi sepultado no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Campo Grande.

#matéria alterada às 11h52 para atualização sobre audiência de custódia.

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