Projeto de R$ 500 mil quer substituir furos diários por sensores em diabéticos
Na prática, a cada 15 dias é introduzido um filamento no braço, e o monitoramento é feito pelo aplicativo

A Câmara Municipal de Campo Grande quer implantar na rede pública sensores digitais de glicose para pessoas com diabetes tipo 1. O projeto piloto foi apresentado nesta segunda-feira (10), durante audiência pública proposta pelo vereador Ronilço Guerreiro.
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A Câmara Municipal de Campo Grande planeja implementar sensores digitais de glicose na rede pública para pessoas com diabetes tipo 1. O projeto-piloto, apresentado em audiência pública, conta com R$ 500 mil em emendas impositivas e visa beneficiar inicialmente 50 pacientes de até 18 anos. A tecnologia permite monitoramento contínuo da glicemia através de um filamento inserido no braço a cada 15 dias, substituindo as frequentes perfurações nos dedos. Segundo a Associação DM1, a capital possui 1.925 pessoas com diabetes tipo 1, sendo 385 menores de idade. O uso dos sensores pode reduzir os custos de hospitalização de R$ 80.480 para R$ 38.148 por ano.
Com o uso da tecnologia Libre, o paciente não precisa furar o dedo todos os dias para medir a glicemia. Na prática, a cada 15 dias é introduzido um filamento no braço, e o monitoramento é feito pelo aplicativo durante 24 horas. Ou seja, o furo só ocorre duas vezes por mês.
De acordo com Ronilço, vereadores doaram emendas impositivas que somam quase R$ 500 mil para dar início ao projeto na Capital.
“É muito importante; empatia pura. Imagine quantas pessoas precisam furar o dedo todos os dias para poder ver o nível de glicose; isso machuca. Vejo que precisamos trabalhar juntos para resolver esse problema. Precisamos melhorar a qualidade de vida das pessoas com diabetes”, pontuou.
Os próximos encaminhamentos serão verificar com a Secretaria Municipal de Saúde quais são as políticas públicas voltadas à pessoa com diabetes. Além disso, Ronilço disse que enviou mensagem aos senadores Beto Pereira e Soraya Thronicke para saber como está a discussão em Brasília.
Na ocasião, pessoas que convivem com a doença contaram suas experiências. Camila Moura, de 12 anos, deu uma aula de perseverança. A mãe descobriu a doença quando ela tinha 7 anos.
“Foi muito difícil quando descobri o diabetes, porque foi algo de repente, de uma hora para outra eu tive que aprender a lidar com as picadas. No início, eu tive que usar a ponta do dedo, machuca, cria calo, dói para escrever, dói para fazer tudo. Depois, eu consegui usar o Libre, sem medo, sem dor, sem nada e, por um simples toque, eu não tinha medo de medir, era um simples sorriso e um simples toque”, disse encantando a todos que estavam na audiência.
Ela também falou sobre a luta dos pais para comprar o filamento. “Tem vezes em que meus pais conseguem comprar; tem vezes que não. Ver meus pais saindo de manhã, cansados de trabalhar para conseguir juntar dinheiro para comprar, é de partir o coração”, enfatizou.
Camila fez um apelo aos vereadores. “Eu quero pedir a vocês que olhem com carinho para a gente, porque o sensor não é um comodismo, é uma liberdade, é uma forma de nos sentirmos livres para dormir, para brincar, para comer, para fazer tudo. É uma esperança para quem luta todos os dias furando os dedos”, finalizou.
A endocrinologista Bianca Paranaguassú explicou como funciona, na prática. “O monitor de glicose contínua é uma tecnologia que revolucionou o cuidado e o manejo do diabetes tipo 1. Esse monitor, para uma pessoa que usa insulina, faz toda a diferença; ele é como um velocímetro, ajuda a definir a dose de insulina que será usada e, se a glicose estiver baixa, indica que é preciso ingerir algo. Precisamos oferecer a essas pessoas uma maneira de tomar essas decisões ao longo do dia”, destacou.
Segundo ela, o tipo 1 ocorre em pessoas cujo pâncreas parou de funcionar e de produzir insulina. O tipo 2 está associado a hábitos de vida, em pacientes com sobrepeso, sedentários e pessoas que estão envelhecendo. O terceiro tipo é o diabetes gestacional.
“Se não tratar o diabetes, pode ter doença cardíaca, complicação renal, evoluir para hemodiálise ou desenvolver doença ocular. Existem três formas de medir a glicose: no sangue; na ponta do dedo ou, mais recentemente, com o monitor intersticial contínuo, tecnologia disponível há cerca de 10 anos”, disse.
Gastos — Segundo dados da Associação DM1 de Campo Grande, a Capital tem 1.925 pessoas com diabetes tipo 1, sendo que 385 têm até 18 anos de idade.
Na ocasião, o representante da associação, Lenine Júnior, apresentou a projeção dos custos de hospitalizações por ano, em relação ao diabetes tipo 1, sem o sensor e com o sensor. Utilizando a tecnologia, o custo cai de R$ 80.480 para R$ 38.148 na rede pública.
Levando em consideração que o sensor proposto custa R$ 320,90 a unidade, a projeção é de que 50 pacientes de até 18 anos com diabetes tipo 1, em Campo Grande, gerariam um gasto para a rede pública de R$ 32.090 com 100 sensores e R$ 16.045 para 50 leitores em um mês. Dessa forma, o custo anual seria de R$ 385.080.
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