Reforma agrária para, número de sem-terra triplica e já soma 29 mil famílias
Lista única para reforma agrária, cuja extinção é uma das reivindicações dos movimentos que ocupam o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na Capital, praticamente triplicou o número de interessados a receber um lote. Segundo a assessoria do órgão, o montante saltou de 12 mil pessoas em 2014 para 29.310 até o momento. Há quatro anos, o Governo só fez um assentamento novo no Estado.
Até então, os movimentos acampados nas áreas adquiridas pelo governo escolhiam quais integrantes seriam assentados naqueles locais.
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Hoje, qualquer um pode fazer um cadastro no Incra para entrar na fila da reforma agrária. A distribuição de terras passou a ser feita pela ordem de espera, independentemente da filiação em algum movimento. O órgão checa se o interessado se enquadra no perfil estabelecido por lei para se beneficiar do programa.
Para o líder do MSTB (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra Brasileiros), Vanildo Elias de Oliveira, a medida foi uma tentativa do governo para enfraquecer os grupos. “As pessoas não acreditam nessa lista. Eu quero que alguém mostre um assentamento feito sem bandeira de movimento”, afirma.
O número de pessoas que ocupam a sede do Instituto, no shopping Marrakech, aumentou para 500, segundo o presidente do MAF (Movimento da Agricultura Familiar), Rodinei Merlim Coutinho.
Além do fim da lista única, eles pedem a retomada dos processos de reforma agrária no estado, travados há oito anos, e a indicação de Celso Menezes de Souza para ocupar a superintendência regional, visto que a vaga deixada por Celso Cestari no fim de abril continua em aberto. “Houve a aquisição de oito áreas que estão prontas, mas falta recurso e estruturação por parte do Incra”, afirma.
Sonho – Acampada há quatro anos, Valdirene Vieira da Silva, 45 anos, batalha por um pedaço de terra junto com duas filhas, a mãe, três irmãos e três sobrinhos.
“Eu vim de São Paulo para Campo Grande e era contra os movimentos trabalhadores sem-terra, mas não os conhecia. As pessoas me falaram e eu vi do que se tratava. Entrei para defender o meu lote e agora defendo dois mil [das demais pessoas que integram o MAF]”, diz.
Ela diz que muitas pessoas participam do movimento achando que serão beneficiadas em pouco tempo, não têm ideia da luta que envolve a conquista de um espaço. “Muitos pensam em desistir”, relata. “Nós esperamos que o governo faça valer os direitos das pessoas”, completa.