ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEXTA  10    CAMPO GRANDE 27º

Capital

Região do Prosa tem o m² mais caro, mas Rita Vieira é favorito dos investidores

Por lá, asfalto avançou para cobrir 54 ruas e atraiu espiral de novas obras

Aline dos Santos | 05/08/2022 09:19
A chegada do asfalto espalha obras pelo Bairro Rita Vieira. (Foto: Marcos Maluf)
A chegada do asfalto espalha obras pelo Bairro Rita Vieira. (Foto: Marcos Maluf)

Fruto de padronização, o metro quadrado tem sempre a mesma medida, mas há muita diferença no valor a depender da localização. Um breve retrato mostra que a região urbana do Prosa, com bairros como Chácara Cachoeira e Carandá Bosque, é a mais cara para se viver em Campo Grande: o metro quadrado construído vale R$ 6.414.

Porém, o bairro em mais destacado movimento de ascensão fica na região urbana do Bandeira e atende pelo nome Rita Vieira. Com quase 40 anos e 15 mil moradores, o bairro já recebia atenções quando ainda era sem asfalto, com construção de imóveis custeadas por investidores autônomos que aproveitavam os lotes mais baratos. Agora o asfalto avançou para cobrir 54 ruas de terra, num total de 24,7 quilômetros.

A pavimentação segue “puxando” investimento. Aumentou a obra de calçadas e há morador que se anima a gastar R$ 50 mil numa área gourmet, espaço de confraternização com churrasqueira, forno de pizza, fogão.

Na Rua Marcínio Costa, um dos sintomas da franca expansão: de um lado da equina, obra de sobrados; do outro, placas anunciando corretoras de imóveis. Nas palavras do presidente do Sindimóveis (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul), Roberto Borgonha, o Rita Vieira está bombando.

Construtores de casas apostaram no Rita Vieira ainda quando era chão batido. (Foto: Marcos Maluf)
Construtores de casas apostaram no Rita Vieira ainda quando era chão batido. (Foto: Marcos Maluf)

“O Rita Vieira está bombando com a obra do asfalto. Mas ainda é despovoado, tem vários terrenos”, afirma. Um terreno de 12x30 custa R$ 200 mil se for próximo à Avenida Três Barras.

Um dos termômetros de que muitos rumam para o Rita Vieira é a rotatória na confluência da Três Barras com a José Nogueira Vieira e Marquês de Lavradio. Em média, 30 mil veículos passam pelo local, um dos principais acessos aos bairros Tiradentes, Parque Dallas, Rita Vieira e Vilas Boas.

A expansão imobiliária é testemunhada pelo arquiteto José Antônio Nunes Pessoa, 66 anos, que na manhã de quinta-feira vivia mais um dia dos três meses de obra no Rita Vieira.

“Essa região está crescendo assim mais de 100%. Antes, era vista como esquecida, muito longe. Mas toda infraestrutura que o município tem oferecido vai trazendo benfeitoria”, afirma.

Para José, o ponto de partida para a expansão foi a construção de prédios residenciais nas proximidades do Rádio Clube Campo. E de obra, ele entende. Quarto de sete irmãos, obteve o primeiro registro de profissional aos 12 anos, na década de 70.

"Toda infraestrutura que o município tem oferecido vai trazendo benfeitoria”, diz José. (Foto: Marcos Maluf)
"Toda infraestrutura que o município tem oferecido vai trazendo benfeitoria”, diz José. (Foto: Marcos Maluf)

A "dona" do bairro - “Queridinho” para investimentos, o bairro homenageia Rita Vieira, a primeira de uma família de migrantes de Minas Gerais a nascer em território de Mato Grosso do Sul. Os pais Henrique de Menezes e Ana Vieira vieram em busca da conquista de terra nos campos de vacarias, região de Rio Brilhante. A menina Rita nasceu em acampamento nas imediações de Camapuã.

A família se estabeleceu em Anhanduí. Rita Vieira se casou e teve seis filhos. Viúva, seguiu tocando sua fazenda. Ela se casou novamente, desta vez com um mascate, e o casal trocou a fazenda por Campo Grande. Rita teve o sétimo filho, mas o marido foi embora a deixando sem recursos.

“Ela começou a sobreviver de trabalhos domésticos. Mas os filhos foram crescendo e era muito trabalhadores. O Zacarias conseguiu comprar uma terra e formou um sítio. Quando ele faleceu, os filhos fizeram loteamento e deram o nome de Rita Vieira”, afirma a jornalista e cantora Lenilde Ramos, autora de “João da Moto, a Vida não Impõe Limites”, biografia de João Carlos Estevão de Andrade, bisneto de Rita Vieira.

Construção avança no Bairro Rita Vieira, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Construção avança no Bairro Rita Vieira, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

Desacelerando - No diagnóstico do Sindimóveis, o bairro Universitário é um dos que vive situação oposta ao do vizinho Rita Vieira. Lá, o quadro é de desvalorização, com terrenos avaliados entre R$ 120 mil e R$ 150 mil.

 O ritmo lento em comparação com os arredores é constatado pelo comerciante Caetano Thomé. Sentado em frente ao mercado, com uma cadeira à disposição de quem chegar, ele conta que vê um clima de paradeira.

“Está muito parado, parece que estacionou. É um bairro bom, com asfalto, esgoto, iluminação, mas agora é uma obra ou outra”, diz Caetano, que mora no Universitário desde 1992.

Caetano mora no Universitário desde 1992 e vê bairro "estacionado". (Foto: Marcos Maluf)
Caetano mora no Universitário desde 1992 e vê bairro "estacionado". (Foto: Marcos Maluf)

Da erosão a parque - A capacidade de alavancar regiões periféricas, tornando a atrativas para novos investimento foi testemunhada entre o fim da década 90 e começo dos anos 2000 na região do Sóter.

O cenário de erosão, onde crianças se arriscavam a nadar, foi trocado pelo Parque Ecológico do Sóter, área verde de 22 hectares no Bairro Mata do Jacinto. Nesta mesma região, saiu a favela e foram erguidos prédios residenciais.

Inez e a filha Paola são fãs do parque do Sóter. (Foto: Marcos Maluf)
Inez e a filha Paola são fãs do parque do Sóter. (Foto: Marcos Maluf)

“Aqui mudou bastante, principalmente com os prédios. Esse parque é maravilhoso, esse verde todo perto de casa”, afirma a dona de casa Inez Silva Ferreira, 55 anos, que mora em frente ao parque do Sóter.

Há quatro anos, ela se mudou do Monte Castelo para a Mata do Jacinto.

Na manhã de quinta-feira, ela enfrentava os humores típicos de agosto em Campo Grande – vento forte, baixa umidade do ar e tempo esfumaçado – para a rotineira caminhada no espaço de lazer, acessível a poucos passos de casa.

Prédios residenciais em frente ao Parque Ecológico do Sóter, inaugurado em 2004. (Foto: Marcos Maluf)
Prédios residenciais em frente ao Parque Ecológico do Sóter, inaugurado em 2004. (Foto: Marcos Maluf)

Abismo entre vizinhos – Localizados na saída para Três Lagoas, o residencial de luxo Damha e o Bairro Tiradentes são perto geograficamente, mas divididos por um abismo quando se trata de valores do metro quadrado.

Um mundo à parte, que reúne a parcela mais endinheirada dos moradores da cidade e, vira e mexe, visitado em operações da Polícia Federal em ação contra corrupção, o residencial Damha chama atenção até por coisas simples, como a qualidade do ponto de ônibus.

Enquanto boa parte da cidade é servida somente por uma estaca de cor laranja para marcar local do embarque e desembarque de passageiros, a estrutura por lá é coberta, com proteção nas laterais e tem bancos.

No Damha 1, metro quadrado do terreno é avaliado em R$ 2.400, equivalente a m² de imóvel no Imbirussu. (Foto: Marcos Maluf)
No Damha 1, metro quadrado do terreno é avaliado em R$ 2.400, equivalente a m² de imóvel no Imbirussu. (Foto: Marcos Maluf)

Placas informam aos moradores sobre acesso por QR code. No Damha 1, o metro quadrado é cotado a R$ 2.400. Portanto, um terreno de 450 metros exige o desembolso de R$ 1 milhão. Já no Tiradentes, lote com 360 metros (terreno padrão) é avaliado de R$ 140 mil a R$ 160 mil.

“Um é condomínio de alto luxo, fechado e o outro é um bairro que era de renda familiar mais baixa e registrou uma valorização pelo fato de ter boas construções nas redondezas, num raio de um quilômetro”, avalia o corretor João Araújo Filho, CEO (diretor executivo) do Cimi (Clube Internacional do Mercado Imobiliário).

Para ele, a região que deve se destacar no campo imobiliário é o Jardim Veraneio, região da Uniderp Agrárias. “Ali é top e valorizou muito, vai ser o futuro Jardim dos Estados”, diz João.

Bairro Tiradentes se valorizou com a chegada de condomínio de luxo nas redondezas. (Foto: Marcos Maluf)
Bairro Tiradentes se valorizou com a chegada de condomínio de luxo nas redondezas. (Foto: Marcos Maluf)

Área construída - Um breve retrato de Campo Grande mostra que a região urbana do Prosa é a mais cara para se viver: o metro quadrado vale R$ 6.414.

Já o Imbirussu quase fica de fora da foto: R$ 2.639 o metro quadrado.  Os dados são do índice Índice FipeZAP+ de Locação Residencial, que acompanha o comportamento do preço médio do aluguel de imóveis residenciais em 25 cidades brasileiras.

Em Campo Grande, por onde se espalham 314 mil domicílios, o preço médio do metro quadrado é de R$ 4.850.

Conforme o levantamento, o Centro registra alta de 13,9% no acumulado entre março de 2021 e março de 2022. O metro quadrado naquela região custa R$ 4.904, mas ali a destinação é comercial.

Prédios no entorno do Shopping Campo Grande, na área urbana do Prosa. (Foto: Fly Drones)
Prédios no entorno do Shopping Campo Grande, na área urbana do Prosa. (Foto: Fly Drones)

Na região urbana do Prosa, ficam bairros como Chácara Cachoeira, Santa Fé, Jardim Autonomista, Jardim dos Estados, Carandá Bosque, Vila Nascente, Parque dos Poderes, Jardim Noroeste e Mata do Jacinto.

O polígono desenhado entre Avenida Afonso Pena, Rua Ceará, Avenida Mato Grosso e os limites do Córrego Prosa é o que comporta maior número de imóveis verticais: 35 prédios,

Já a região urbana do Imbirussu reúne bairros como Vila Santo Amaro, Jardim Aeroporto, Vila Palmira, Vila Sobrinho, Santo Antônio, Vila Nova Campo Grande e Indubrasil.

A 15 quilômetros do Centro da Capital, mas na divisa com Terenos, o Indubrasil muitas vezes é confundido com distrito de Campo Grande e segue a sina de bairro esquecido.

Média de preços de imóveis residenciais nas sete regiões urbanas de Campo Grande.
Média de preços de imóveis residenciais nas sete regiões urbanas de Campo Grande.


Nos siga no Google Notícias