Réu pede perdão e diz que agiu por "raiva e medo" quando matou comerciante
Maykon Lucas Matias é julgado hoje e diz que agiu após vítima mandar mensagem cantando esposa

Maykon Lucas Matias, de 23 anos, réu pelo assassinato do comerciante Hugo Gonçalves Insabralde, de 29, pediu perdão à família da vítima, enquanto era interrogado nesta sexta-feira (22). "Eu só quero pedir perdão à família do Hugo, eu me arrependo do fundo do coração. Na época eu não raciocinava, não tinha o entendimento que tenho hoje".
Maykon Lucas é julgado por homicídio triplamente qualificado, crime ocorrido em janeiro de 2021, em Campo Grande. Em sua defesa, perante os jurados, afirmou que agiu por "medo e raiva" da vítima, para quem trabalhava há cinco meses. Segundo ele, Hugo havia mandado mensagens à sua esposa pelo Facebook. "Falou que sempre quis ficar com ela, achei sacanagem um cara que se dizia meu amigo", disse.
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As mensagens teriam sido enviadas no mesmo dia do crime, segundo o réu. Naquele dia, afirma que Hugo o chamou para conversar. "Eu só iria me afastar dele, mas veio e perguntou se eu tinha alguma coisa pra resolver com ele, meio que me intimando, eu perdi a cabeça e fui pra cima".
Neste momento, o juiz Aluizio Pereira dos Santos o questionou se a motivação do crime seria a possibilidade da vítima pegar o carro de volta - um VW Gol - que havia emprestado para Maykon. "Você tinha a confiança do patrão, ele deu o veículo?". Maykon negou. "Ele não me deu o carro, vendeu. Não tem como eu matar o cara porque ele me pediu o carro, não tem como isso", respondeu.
Sobre ter quebrado a faca com os golpes na vítima, Maykon respondeu que não se lembrava. "Eu não tenho explicação, só perdi a cabeça mesmo, na hora eu estava com muita raiva e quebrou. Ele veio tirar satisfação comigo e quem tinha que tirar satisfação com ele era eu. Estava correndo perigo na hora que ele foi buscar a pistola no carro, fiquei com medo e também com raiva, que ele tinha mandado mensagem para a minha esposa".
Responsável pela defesa de Maykon, o defensor público Rodrigo Antônio Stochiero Silva, afirmou que a defesa não quer absolvição de Maykon, mas sim, discutir quais as extensões de culpabilidade do acusado e entender quais são as qualificadoras corretas ou não. "No entender da defesa, algumas qualificadores estão exageradas", disse o defensor público.
Maykon é acusado por homicídio triplamente qualificado, sendo as qualificadoras o motivo torpe, já que ele teria matado Hugo para continuar tendo provento do carro que pegava emprestado; recurso que dificultou a defesa da vítima, por ter pego Hugo de surpresa; e meio cruel, já que, mesmo depois dos três tiros, esfaqueou Hugo e o espancou com um taco de sinuca.
O crime - O homicídio aconteceu na noite do dia 4 de janeiro de 2021, na conveniência de Hugo. Maykon disparou três tiros contra a vítima, deu vários golpes de faca e só parou quando o cabo quebrou. Depois, pegou um taco de jogar sinuca e continuou com as agressões.
A ação foi flagrada por câmeras de segurança. Depois do crime, o assassino fugiu com um dos carros da vítima, o VW Gol, encontrado no dia 5, no Bairro Nova Lima. No dia 12 de janeiro, Maykon foi preso escondido no Bairro Caiobá, na Capital.
A vítima havia arrendado a conveniência no Danúbio Azul há dois anos. Segundo a mãe de Hugo, Cecília Gonçalves, o filho abrigou Maykon e deu emprego. Ela disse, na época do crime, que sumiço de dinheiro de caixa motivou a briga que terminou com a morte de Hugo. A denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) aponta também que uma das motivações seria perder o carro que Hugo havia emprestado a ele e vantagens financeiras, adquiridas da relação de confiança que mantinha com a vítima.